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 PCdoB: “ganhar eleição, planejar cidades e melhorar vida do povo”

 O senador Inácio Arruda (CE) arrancou risos do público do seminário nacional “Governar para um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento” quando declarou que está “doido para governar”. Ele participou, junto com o prefeito de Olinda (PE), Renildo Calheiros, na mesa que discutiu, na tarde de sábado (19), Um projeto para as cidades: experiências e perspectivas.

PCdoB: “ganhar eleição, planejar cidades e melhorar vida do povo” - Leonardo Brito

Para Inácio Arruda, “devemos ganhar as eleições, planejar as cidades e perseguir o nosso planejamento em busca da melhoria de vida do povo”. Ele quer “transformar as cidades em lugar digno de ver, a maioria ainda é indigna, isso serve para a minha cidade (Fortaleza) e serve para a maior cidade brasileira”.

Já Renildo Calheiros, que já vive a experiência, falou sobre os êxitos alcançados pelas administrações do PCdoB, que governa a cidade há 10 anos, mas destacou também as dificuldades, citando a necessidade de execução de obras, manutenção dos equipamentos públicos e crescimento nos investimentos nos serviços para atender o aumento da demanda.

Inácio admite que governar cidades é muito importante, mas dá muito trabalho. “Não é fácil governar, o único que disse que ia governar rindo foi o Fernando Henrique Cardoso e foi uma tragédia terrível”.

Espaço de desenvolvimento

Como autor da lei conhecida como Estatuto da Cidade, o senador destacou os instrumentos que a legislação oferece para garantir o desenvolvimento das cidades. Ele lembrou que no fim da vida, Celso Furtado escreveu um livro – Longo Amanhecer – em que mostrava que as cidades são uma questão chave do desenvolvimento.

“Para desenvolver o país devemos cuidar das cidades”, destacou Inácio, citando Furtado, lembrando que essa situação está demonstrada no PAC da Mobilidade Urbana e nas obras de infraestrutura da Copa e Olimpíadas. “O espaço urbano se transforma em grande espaço de desenvolvimento”, disse. Ele acredita que essas obras são capazes de diminuir o grande abismo social entre os dois lados da cidade – a parte rica e a o lado mais deprimido.

Ele disse que o Estatuto das Cidades, considerado avançado, criou instrumentos importantes para os gestores, como o do planejamento, que é o Plano Diretor. Mas, segundo ele, ter o Plano Diretor não é suficiente para garantir o desenvolvimento da cidade com a construção de equipamentos públicos mínimos necessários para melhorar a qualidade de vida de toda a população.

Disposição política

“É preciso ter disposição política para fazer isso”, diz, justificando a sua fala inicial de estar louco para governar: “É para fazer isso, que é a marca da nossa administração, lutar para melhorar a qualidade de vida do conjunto das pessoas nas cidades brasileiras”.

E insistiu em dizer que a maioria das cidades brasileiras é dividida entre o lado rico e outro pobre, que não tem equipamentos públicos. Por isso, cabe ao poder público definir, por meio do diálogo com a população e a elaboração do planejamento urbano, distribuir os equipamentos públicos em toda a cidade, porque valoriza as áreas onde estão instalados.

E citou o exemplo de Fortaleza, que é quase o mesmo de todas as demais cidades, que não tinha planejamento para receber recursos no primeiro Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), que exigia o Plano Diretor. “Primeiro problema é a falta de planejamento”, disse, acrescentando que hoje mais da metade tem Plano Diretor e o número é ainda maior entre as cidades com mais de 90 mil habitantes

Inácio Arruda disse ainda, novamente usando como referência a cidade de Fortaleza, que no debate sobre os investimentos nos equipamentos públicos para a Copa, ele lutou para que os recursos – cerca de R$ 2,4 bilhões ao todo –, fossem divididos nas duas áreas. Não conseguiu, mas comemora assim mesmo o fato dos recursos serem aplicados na cidade.

Acertos importantes

Sob olhar da ex-prefeita de Olinda e deputada Luciana Santos (PE), que coordenou o debate, Renildo Calheiros disse que foi tirado dele o direito que têm todos os governantes de responsabilizar as administrações anteriores dos problemas na cidade. E lembrou que fez parte da administração de Luciana Santos e que sofreram com os problemas da cidade e com a inexperiência em administrar.

Ele destacou, em sua fala sobre a experiência de administrar Olinda, as obras que vêm sendo executadas pela Prefeitura. E acrescentou que após a execução das obras, aumentam as demandas – legítimas – da população, portanto a administração está permanentemente sendo cobrada pelo povo.

“Quando ela (Luciana) assumiu, a situação era caótica, a cidade estava totalmente endividada, a folha de pagamento de servidores estava três meses atrasada. Não tinha dinheiro para se governar”, afirmou, dizendo que “avaliando hoje, cometemos acertos muitos importantes, organizamos as finanças do município e elaboramos um planejamento para a cidade”.

Disse ainda que “com o município organizado e politicamente arrumado, conseguimos entrar em todos os projetos e programas importantes que o governo federal abriu. Porque tínhamos essa capacidade de montar projetos, e enfrentar as contrapartidas que são sempre necessárias nos convênios com os governos federal ou estadual”.

Com todas as forças

E reforçou a fala dos oradores anteriores dizendo que “entendemos que o PCdoB não conseguiria governar sozinho, que seríamos facilmente combatidos e derrotados. Então nos articulamos com todas as forças”, o que justifica o apoio de todos os 17 vereadores do município.

Ele disse ainda que, além das obras de melhoria na cidade, a prefeitura precisa ficar atenta para a manutenção dos equipamentos públicos. Ele disse que a população avalia uma administração não apenas pelo volume de obras e melhorias, mas também na manutenção. “Você faz quase R$ 500 milhões em investimentos, mas quando cai uma chuva e a cidade fica cheia de buracos, a avaliação vai lá embaixo”, destacou.

E citou as áreas de saúde e educação como dois exemplos que exigem esforço redobrado para garantia de ampliação e manutenção. Ele diz que o crescimento enorme da estrutura e dos recursos, muitas vezes, não acompanha a demanda cada vez maior procurando por esses serviços.

De Brasília
Márcia Xavier