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Ban Ki-moon consegue segundo mandato à frente da ONU

A Assembleia Geral das Nações Unidas nomeou nesta terça-feira (21) o atual secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, para um segundo mandato à frente da organização mundial.

A decisão foi adotada por recomendação do Conselho de Segurança e outorga ao ex-chanceler sul-coreano, de 67 anos, um novo período, que abrange o período de 1º de janeiro de 2012 a 31 e dezembro de 2016.

Na resolução aprovada com a medida, a Assembleia Geral, integrada pelos 192 Estados membros da ONU, qualifica como "eficazes e abnegados" os serviços prestados por Ban durante seu primeiro mandato.

O atual chefe da ONU não teve nenhum adversário que postulasse o cargo e se converte no sétimo secretário-geral que cumpre dois períodos consecutivos de mandato na história da organização.

O único secretário-geral que exerceu o mandato por apenas um período foi o egípcio Boutros Ghali (de 1992 a 1996), vetado pelos Estados Unidos para um segundo exercício.

A Carta das Nações Unidas não fixa o limite de mandatos que podem ser alcançados por um secretário-geral, embora até hoje ninguém tenha ultrapassado os dois períodos.

Ponto crítico

Ban Ki-moon, considerado uma figura "pacata" e "contida" pela mídia hegemônica, veio ao Brasil na semana passada para angariar o apoio do país ao seu pleito por um segundo mandato.

Ban tem presenciado a ação cada vez mais sustentada do Grupo Brics, que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, favoráveis a uma possível candidatura do Brasil a uma vaga permanente no Conselho de Segurança. Durante sua permanência no país, o secretário-geral não demonstrou apoio à intenção brasileira.

Para que qualquer mudança no Conselho de Segurança aconteça é preciso que a própria ONU se submeta a uma reforma ampla, o que tem sido evitado por Ban desde que assumiu o cargo, em 2007.

Conflitos

Sob sua administração, a ONU viu eclodir conflitos militares em vários continentes. Na Europa, em agosto de 2008, a Geórgia investiu contra os militares que participavam de uma missão de paz no território georgiano da Ossétia do Sul, o que provocou uma resposta militar imediata da Rússia.

Na época, o secretário-geral expressou "preocupação" em relação à violência no território. Não houve condenação por parte dele das ações levadas a cabo pelos georgianos ou pelos russos.

As maiores acusações contra a administração Ban Ki-moon partem da Rússia, cujo embaixador do país na ONU, Vitaly Churkin, fez recentemente graves acusações contra o secretário-geral, denunciando Ban por "interferência" na política interna de países como a Líbia.

Leniente

Em relação à ocupação israelense dos territórios palestinos ou às repetidas agressões do exército sionista contra os palestinos moradores da Faixa de Gaza, Ban Ki-moon não fez nenhum esforço no sentido de encontrar uma solução pacífica ou até mesmo de condenar as agressões israelenses.

Segundo a Anistia Internacional, Ban Ki-moon fracassou em fazer uma avaliação das investigações conduzidas por Israel e Palestina quanto a violações do direito internacional ocorridas durante a agressão militar israelense desferida contra Gaza entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009.

Ban chegou a descaracterizar o "Relatório Goldstone", investigação patrocinada pela ONU e conduzida pelo jurista sul-africano Richard Goldstone, que apontou evidências de crimes de guerra cometidos pelos dois lados.

O relatório foi fortemente combatido pelos Estados Unidos e por Israel, além de ter sido praticamente engavetado por Ban, que o encaminhou ao Conselho de Segurança mas tem adiado sua apreciação pelo órgão, dando sucessivos adiamentos da discussão ao conceder mais prazo de "investigação" às partes envolvidas.

Um peso, duas medidas

Outra questão importante é a pressão internacional contra o programa de energia nuclear do Irã. Sob pressão dos Estados Unidos e de seus aliados, a ONU tem editado sucessivas sanções ao Estado islâmico, mesmo com relatos de agentes da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) de que não há evidências que o país conduza seu projeto para finalidades militares.

Em relação ao suposto programa nuclear militar conduzido por Israel, evidenciado pelos serviços secretos de países que são aliados dos israelenses, como França e Reino Unido, o secretário-geral poupa palavras.

Além de apoiar a pressão internacional contra o Irã, a ONU deu total apoio à agressão militar levada a cabo contra a Líbia, aceitando sem pestanejar as alegações das potências imperialistas de que o povo líbio rebelado contra Kadafi estava "sob ataque" das tropas de seu próprio exército.

Com agências