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Câmara rejeita autorização a Obama para guerra contra Líbia 

Em uma decisão considerada simbólica, a Câmara dos Representantes (deputados federais) dos Estados Unidos rejeitou sexta-feira (24) uma resolução que dava autorização formal ao presidente Barack Obama para manter as ações militares americanas na Líbia.

A proposta, que permitia aos Estados Unidos conduzir operações limitadas sem o envio de tropas em solo pelo período de um ano, recebeu 123 votos a favor e 295 contra, não apenas de congressistas da oposição republicana – que está no comando da Câmara –, mas também de 70 aliados democratas.

No entanto, logo depois, a mesma Câmara concedeu uma vitória a Obama, ao rejeitar, por 180 votos a favor e 238 contra, uma resolução apresentada por parlamentares republicanos que limitava o financiamento das operações militares americanas na Líbia.

As duas propostas foram votadas em meio a questionamentos recentes de congressistas sobre a legalidade do envolvimento americano na Líbia – onde os Estados Unidos integram a coalizão internacional liderada pela Otan. Os ataques no país norte-africano foram autorizados por uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, com a justificativa de proteger civis contra ataques das forças leais ao líder líbio, Muamar Khadafi.

Na semana passada, o republicano John Boehner, líder da Câmara, enviou à Casa Branca uma carta na qual afirmava que a operação americana na Líbia, iniciada em 19 de março, é ilegal, já que não foi autorizada pelo Congresso e se estende por mais de 90 dias.

Em meio a críticas de parlamentares, a Casa Branca foi obrigada a divulgar um relatório no qual rejeitava as alegações de ilegalidade e afirmava que o presidente tem a autoridade legal para manter a operação na Líbia sem autorização formal do Congresso, já que esta envolve apenas ações de apoio à missão da Otan.

Irritação

Apesar de não ter efeito prático, a decisão desta sexta-feira de rejeitar a autorização formal à ação na Líbia demonstra a crescente irritação no Congresso com o envolvimento militar americano naquele país, que já dura mais de três meses e deverá custar US$ 1,1 bilhão (cerca de R$ 1,75 bilhão).

Depois de quase dez anos de envolvimento militar no Afeganistão, da guerra no Iraque e em meio a dificuldades econômicas – incluindo um deficit recorde de US$ 1,4 trilhão (cerca de R$ 2,2 trilhões) no orçamento -, a participação americana nas ações na Líbia vem provocando críticas do Congresso e também da opinião pública.

Em conversa com repórteres logo após a votação da primeira proposta, o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, disse estar decepcionado com o resultado.

“Nós achamos que este não é o momento para o tipo de mensagem confusa que (a votação) envia, em um momento em que estamos trabalhando com nossos aliados para atingir objetivos que acredito serem amplamente compartilhados pelo Congresso”, disse Carney.

Ele reiterou o argumento cínico e mentiroso de que os objetivos das potências imperialistas são “proteger os civis na Líbia, manter uma zona de exclusão aérea e um embargo de armas e colocar mais pressão sobre Khadafi”. A Líbia registra confrontos entre rebeldes e forças leais a Khadafi desde fevereiro. A intervenção da Otan a favor da oposição radicalizou o confronto.

Com agências