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Seminário: governos progressistas e os caminhos para o socialismo

O seminário "Governos de esquerda e progressistas na América Latina e no Caribe: balanço e perspectivas", que ocorre na UFRJ, teve início na noite desta quinta-feira (30), reunindo centenas de pessoas no ato de abertura. Diversas delegações estrangeiras da região estiveram presentes, além de Itália e China.

A mesa de abertura recebeu o secretário executivo do Foro de São Paulo, Valter Pomar, o presidente da Fundação Perseu Abramo, Nilmário Miranda, o presidente da Fundação Maurício Grabois, Adalberto Monteiro, e o reitor da UFRJ, Aloísio Teixeira, que fez sua última solenidade pública antes de deixar o cargo.

Em sua exposição, Adalberto Monteiro falou sobre as lutas dos povos da América Latina, “que passam por um grande aprendizado político”, principalmente por conta dos anos de neoliberalismo na região. Segundo ele, somente a partir da década de 1990 surgem as primeiras vitórias, com uma conjuntura pelo desenvolvimento soberano. Por fim, Adalberto saudou os presentes, destacando que não havia estrangeiros presentes no seminário “pois nós, povos latino-americanos, somos irmãos”.

O presidente da Fundação Perseu Abramo, Nilmário Miranda, falou sobre a importância das políticas sociais dos governos progressistas e de esquerda, que procuram rapidamente retirar a população da pobreza e como esses países também enfrentaram a crise econômica de forma distinta.

Nilmário leu ainda uma mensagem do ex-presidente Lula, que parabenizou a realização do seminário para debater os avanços das forças progressistas, liderados pela esquerda. “A recente eleição de Humala [presidente eleito do Peru] fortalece esse processo. A América Latina é hoje cada vez mais democrática e popular”, diz um trecho da mensagem.

Governos de esquerda

Após a abertura, foi formada a primeira mesa do seminário, com o tema “A esquerda nos governos: projetos nacionais e estratégias socialistas na América Latina e Caribe”.

A secretária de Relações Internacionais do PT, Iole Ilíada, falou sobre os atuais governos na América Latina e Caribe e a possibilidade de construção do socialismo a partir destas experiências. Iole destacou que todos esses governos chegaram ao poder em seus países pela via eleitoral e não por revoluções, “com partidos políticos e personalidades que encarnaram a luta contra o neoliberalismo”. Para Iole, a pergunta que precisa ser respondida é como estes governos podem contribuir para o socialismo? E em que medida estes governos atuam na correlação de forças entre o capital e o trabalho? Para a dirigente do PT, o acúmulo de forças desses governos permite que em um dado momento a ruptura com o capitalismo e a construção da via socialista.

Uruguai

O primeiro representante internacional a falar foi o presidente da Frente Ampla do Uruguai, Jorge Brovetto, que historiou resumidamente a construção dessa frente e a atuação dela no governo uruguaio.

Segundo Brovetto, a Frente Ampla, fundada em 5 de fevereiro de 1971, deixou de ser uma força política de confronto com a ditadura militar uruguaia e, com a volta da democracia, virou uma força de oposição construtiva. “Durante todos esses anos deixamos de ter o apoio de 10% da população e passamos para mais de 50%”, declarou o presidente da Frente Ampla.

O representante do Uruguai informou que a Frente é uma coalizão de partidos, mais de 20 ao todo, sendo sete com maior importância, “cada um mantendo sua identidade e sua estrutura”. Segundo Brovetto, a Frente Ampla, que está no governo desde 2005, promoveu a redução do desemprego, o aumento salarial e a melhoria do rendimento dos aposentados, entre outras políticas públicas que, para ele, tem contribuído para transformar a realidade social do país.

Renato Rabelo

Sobre o atual momento da América Latina e Caribe, o presidente Nacional do PCdoB, Renato Rabelo, disse que “esse é um momento histórico e inédito para a luta dos povos, pela soberania e o progresso social. Esse continente viveu o período da Ditadura Militar e depois o neoliberalismo, que levou ao agravamento maior de todos os impasses desta região”.

“Porém, se abre um ciclo progressista, antiimperialista e democrático, que passa a ser exemplo para outros povos do mundo. Esse processo compreende diversas experiências políticas, existindo distintos níveis de acumulação de força”, abordou Renato, completando que por outro lado há alguns pontos convergentes: “a soberania nacional, uma maior participação popular, mais direitos para as massas trabalhadoras e a integração continental das américas”.

PSUV

O último orador do primeiro dia do seminário foi Wuillian G. Mundarain, do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), que falou sobre os governos neoliberais de seu país e o descontentamento da população e de grupos militares.

Mundarain falou sobre o período da luta armada e a rebelião cívico-militar, que mais tarde resultou na fundação do Movimento V República, tendo à frente Hugo Chávez, para organizar a campanha eleitoral, e a chegada ao poder em 1998. O dirigente do PSUV falou ainda sobre as transformações sociais na Venezuela e a participação cada vez maior da população neste processo. Para ele, o povo venezuelano não voltará atrás. “A nossa meta é o socialismo”, finalizou Mundarain.

Do Rio de Janeiro
Marcos Pereira