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Chávez pode permanecer em Cuba por até seis meses, diz vice

O vice-presidente da Venezuela, Elías Jaua, estimou que, por até seis meses, o presidente Hugo Chávez pode seguir governando o país a partir de Havana (Cuba), onde recebe tratamento médico. A notícia da doença de Chávez — que revelou nesta semana, em uma mensagem na TV, que sofre de câncer — coincidiu com o bicentenário da independência, e os atos oficiais acabaram dominados por mensagens de alento ao presidente.

Jaua, em entrevista à Rádio W, da Colômbia, descartou a possibilidade de assumir temporariamente o poder, como tem cobrado a oposição — que, de forma golpista, insinua que o país corre risco de instabilidade política e ingovernabilidade. "Estamos absolutamente seguros, para desagrado da oposição, que o presidente estará aqui antes de 180 dias", disse o vice.

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Na sexta-feira (1), Chávez, de 56 anos, participou por telefone de programa na TV cubana, com transmissão simultânea pelas emissoras estatais venezuelanas, e afirmou que a superação da doença o fortalecerá. "Estamos muito otimistas", disse o presidente, com voz firme, na primeira declaração desde que revelou ter câncer. Chávez agradeceu pelas mensagens de apoio e contou que havia conversado com os presidentes Rafael Correa (Equador), Evo Morales (Bolívia) e Cristina Kirchner (Argentina).

Ele também narrou os exames e cirurgias a que se submeteu. "Se não é por Fidel, sabe Deus em que labirinto eu estaria", afirmou, referindo-se ao líder da Revolução Cubana e ex-presidente Fidel Castro, a quem chamou de "médico superior". Chávez disse que, enquanto lê Assim Falou Zaratustra, do filósofo alemão Friedrich Nietzsche, está "assimilando" o "erro fundamental" de ter negligenciado sua saúde.

De acordo com a base aliada ao regime bolivariano, Chávez pode legalmente governar em Cuba. Ele tem uma autorização da Assembleia para estar no exterior por mais de cinco dias — a autorização correspondia à turnê que começou em 5 de junho no Brasil e acabaria em Cuba.

Já os opositores sustentam que, dada a saúde de Chávez, deveria ser declarada sua "ausência temporária", que pode durar 90 dias, prorrogáveis por mais 90. Daí a referência de Jaua aos seis meses. Nesse caso, assume vice, de livre nomeação pelo presidente.

Ainda segundo a Carta, a declaração de "ausência absoluta" pode ocorrer após seis meses, com base num laudo de uma junta médica chancelada pelo Supremo Tribunal de Justiça e pela Assembleia Nacional. Na sexta, o chefe das Forças Armadas, general Henry Rangel Silva, afirmou que os militares garantirão a continuidade do governo de Chávez.