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Portorriquenhos podem decidir o destino de Obama em 2012

Nas eleições presidenciais de 2000, George W. Bush ganhou o voto hispano na Flórida e ganhou as eleições (apesar de que, de maneira questionável). Bush de novo obteve a vitória entre os eleitores hispanos em 2004; dessa vez não necessitou da ajuda de seu irmão, o governador, para ganhar o Estado e a presidência. A revanche chegou para os democratas em 2008, quando Obama ganhou a Flórida.

Alguns consideram que sua vitória aqui se deveu a seus resultados entre os hispanos no Estado –primeira vez que um democrata ganhou a maioria de eleitores hispanos na Flórida, com 57% dos latinos a favor de Obama. Em menos de um ano e meio, o presidente Obama deverá enfrentar novamente os eleitores da Flórida.

Há especialistas cuja tarefa é idealizar situações em todo o país que levariam o presidente à reeleição, em novembro de 2012. E mais de um dessas projeções de triunfo se baseiam em outra vitória na Flórida, o maior dos Estados chaves. E para que Obama ganhe na Flórida, deve ganhar novamente o inconstante voto hispano. Os latinos constituem quase 15% dos eleitores da Flórida –ao redor de 1.5 milhão de eleitores de um total de mais de 11 milhões.

A manchete da primeira página do The Miami Herald, do dia 4 de julho dizia: "Obama visita Porto Rico: Realmente se trata da Flórida”. A manchete é correta. E Obama prometeu aos portorriquenhos que regressaria à ilha se fosse eleito em 2008. E está cumprindo sua promessa. Porém, essa viagem a Porto Rico é muito mais do que isso.

Agora, na Flórida há quase tantos portorriquenhos quanto cubanos. Nas últimas eleições, o número de portorriquenhos era de uns 725.000 (*). Enquanto que os cubanos eram 840.000. Em um futuro próximo, os portorriquenhos devem ultrapassar aos cubanos como maior bloco hispano na Flórida. Em outras palavras, os portorriquenhos podem converter-se para Obama o que os cubanos, historicamente, têm ido pra os candidatos presidenciais republicanos – sua carta de triunfo.

Assim são as coisas! Há um número de pessoas a considerar. A gente de Obama sabe que são maiores as possibilidade de que os portorriquenhos, entre os grupos latinos no país, se inscrevam para votar: a cidadania não é um obstáculo. Além de inscrever novos eleitores, os seguidores do presidente reconhecem que durante a última década os centenas, milhares de portorriquenhos se inscreveram –especialmente no centro da Flórida, no que se conhece como o corredor I-4: uma franja de terreno que cruza a I-4, a estrada que une a Tampa com a área de Orlando.

Qualquer um que tenha trabalhado a política desse Estado sabe também que não se pode ganhar a Flórida sem ganhar o centro da Flórida. E para ganhar o centro da Flórida tem que conquistar a comunidade portorriquenha – o grupo hispano dominante na área.

Finalmente, Obama espera obter bons resultados com os eleitores cubanos –porém, isso somente significa ganhar aproximadamente 35% desse grupo.

Os outros grupos hispanos, dos quais há muitos, não consideram que o Partido Republicano atual os favoreça. Especialmente se considerarmos as tentativas do governador e da legislatura, ambos republicanos, para estabelecer uma lei de imigração na Flórida no estilo da do Arizona.

Porém, esses outros grupos latinos, que votaram maciçamente com Obama em 2008 –nessa oportunidade têm uma visão um tanto mais cínica do presidente. A esperança de muitos grupos de imigrantes aumentou com a vitória de Obama; os resultados desses últimos três anos não têm sido nada animadores. A política imigratória de Obama tem provocado a deportação de mais de 800.000 indocumentados, separando milhares de famílias no processo.

Não há um só eleitor latino no país –com exceção dos portorriquenhos e dos cubanos-, cuja família não tenha sido afetada pelas deportações. Pessoas que trabalham a favor dos indocumentados me disseram que essa administração tem sido a mais dura e mais violenta com os imigrantes do que a de W. Bush.

A maioria dos especialistas duvida de que os grupos latinos votem por qualquer candidato republicano; porém, o temor é que se abstenham. Eles creem que Obama os traiu.

Ainda faltam meses. E quem sabe o que acontecerá antes de novembro do próximo ano. Porém, como disse anteriormente, Obama tem que ganhar a Flórida se quiser ser reeleito. E como nos diz o The Miami Herald, parece que o caminho de Obama para a vitória na Flórida não começa aqui no Estado, mas um pouco mais ao sul, em Porto Rico.

[(*) Novas estimativas baseadas no mais recente censo calculam que o número de portorriquenhos na Flórida é de quase 1 milhão. Isso representa quase 5% dos eleitores do Estado. A cifra deve continuar aumentando].

Fonte: Adital