Argentinos elegem neste domingo prefeito de Buenos Aires
Cerca de 2,5 milhões de argentinos devem comparecer às urnas, neste domingo (10), para eleger o próximo prefeito de Buenos Aires, segundo o Tribunal Superior de Justiça da Argentina. Segundo todas as pesquisas, este pleito deve reeditar o duelo registrado há quatro, anos entre o atual prefeito, Mauricio Macri, e o peronista Daniel Filmus.
Publicado 10/07/2011 12:37
Buenos Aires sedia os Poderes da República e é o coração econômico do país. Por isso, a eleição de hoje é acompanhada atentamente pela classe política. Em outubro, os argentinos voltarão às urnas para eleger o presidente da República, metade da Câmara dos Deputados, um terço do Senado e a maioria dos governadores das 23 províncias (estados).
Dos 15 candidatos que participam da disputa, o atual prefeito da cidade, Mauricio Macri, da PRO (Proposta Republicana, de centro-direita) é o favorito nas intenções de voto, mas não deverá encerrar a disputa ainda no primeiro turno, segundo pesquisas de opinião divulgadas nas últimas semanas.
Seu adversário no segundo turno deverá ser Daniel Filmus, designado pela presidente Cristina Kirchner como candidato da Frente para a Vitória (FPV), pertencente ao Partido Justicialista. Macri e Filmus já se enfrentaram pela chefia da Prefeitura de Buenos Aires em 2007, quando o líder da Proposta Republicana (Pró, centro-direita) se impôs no segundo turno, com 60,7% dos votos.
O mais recente estudo da consultora Ibarómetro mostra um cenário polarizado entre Macri, com 41,4% das intenções de voto, e Daniel Filmus, com 34,3%. O cineasta Pino Solanas, deputado nacional pelo Projeto Sul, aparece em um distante terceiro lugar, com 9,6%, seguido pela candidata da aliança Coalizão Cívica, Maria Eugenia Estenssoro, com 4,5% das intenções.
Para que algum dos candidatos vença no segundo turno, é necessário obter a maioria simples do eleitorado, com pelo menos 50% mais um dos votos.
Outros estudos atribuem diferença similar entre os favoritos pelos portenhos. O instituto Aresco indica menos eleitores indecisos, garantindo a Macri 41,5% das intenções, contra 35,2% de Filmus e 7,5% de Solanas. Já a consultora Ricardo Rouvier & Associados aponta 42,6% para o atual prefeito e 35,2% para o candidato kirchnerista, a 25 pontos percentuais do cineasta.
A maior parte dos analistas acreditava que a tradição oposicionista dos portenhos continuaria prevalecendo e Filmus sairia derrotado. Buenos Aires costuma votar contra o governo federal. Mas a candidatura de Filmus obteve crescimento acima do esperado nas últimas semanas, detectado pelas pesquisas de opinião, reforçando a possibilidade de a disputa ir para o segundo turno.
“A capital sempre foi oposição”, disse o analista político Hector Stupenengo. Mas, se o candidato de Kirchner tiver uma boa votação, a presidenta Cristina Kirchner sairá fortalecida. “Cristina Kirchner tem peso próprio e lidera todas as pesquisas de opinião [para as eleições presidenciais de outubro]. Ela tem 36% dos votos da capital e 46% dos votos nacionais”.
Superficial
Para o diretor do Cipol (Centro de Investigações Políticas), Marcos Novaro, a alta possibilidade de que Macri se reeleja deve-se à "falta de discussão intensa de políticas públicas na Argentina". Segundo ele, existe um clima de opinião que favorece tanto à presidente Cristina Kirchner quanto o prefeito de Buenos Aires.
"Vitórias de governadores sem muitos méritos em outras províncias refletem a sensação de que as coisas não estão tão ruins. Estes políticos acabaram favorecidos por um clima de opinião de que não há necessidade de mudanças", afirmou ao Opera Mundi.
Macri, que já foi presidente do Clube Atlético Boca Juniors, priorizou em sua gestão construções de impacto visivelmente físicos, segundo Gabriel Puricelli, coordenador do Laboratório de Políticas Públicas de Buenos Aires. Entre os exemplos mencionados pelo pesquisador estão o embelezamento do espaço público, com reforma de parques e praças, e investimentos em meios de transporte não-poluentes, como diversas ciclovias.
Segundo ele, no entanto, Macri mostrou "desinteresse ideológico e falta de capacidade gerencial" para investir em obras significativas em áreas como moradia e infra-estrutura escolar. "A prefeitura tem um histórico de desatenção aos setores mais vulneráveis da população, promovendo uma grave deterioração dos sistemas públicos de saúde e educação em seu mandato. Mas ele não teve que prestar contas de nada nesta campanha, porque os temas potencialmente críticos de sua gestão não foram discutidos", explica.
Macri chegou a lançar a candidatura às eleições presidenciais de outubro, mas desistiu. Preferiu esperar quatro anos para tentar chegar à Casa Rosada e assegurar, agora, a reeleição à prefeitura de Buenos Aires.
Com agências