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Sem alternativas a Blairo Maggi, PR admite perder Transportes

O PR está prestes a perder o Ministério dos Transportes. Depois de concluir que a legenda não tem nomes alternativos ao do senador Blairo Maggi (MT), a cúpula partidária dirá oficialmente à presidente Dilma Rousseff, nesta segunda-feira (11), que não aceita a vaga por impedimentos éticos e legais. Dois dos sete senadores e 14 dos 40 deputados do PR têm problemas com a Justiça.

O líder do PR na Câmara, Lincoln Portela (MG), já admitia no domingo (10) a perda dos Transportes. "Se a presidente entregar o ministério para outro partido, é ela quem decide. O PR vai respeitar." O partido diz que desiste da vaga, mas não aceita a efetivação do ministro interino, Paulo Sérgio Passos — que era o número dois do ex-ministro Alfredo Nascimento.

Blairo nega que seu afilhado Luiz Antônio Pagot, afastado da chefia do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) por suspeita de irregularidades, vá atacar o governo ao depor nesta terça-feira no Congresso. Empresas de navegação do senador, um dos maiores produtores de soja do país, têm contratos com o FMM (Fundo da Marinha Mercante) e dependem de normas da Antac (Agência Nacional de Transportes Aquaviários).

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Blairo declarou que não vai sugerir nomes para Dilma, alegando que indicou Pagot e não deu certo. O afilhado do senador caiu por suspeitas de superfaturamento das obras, assim como todo o comando do PR na pasta. "Se você indica um nome e dá problema, o problema é seu. Não quero mais saber dessa história", disse.

Blairo foi convidado por Dilma na semana passada e disse que não aceitaria. Como o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) insistiu, ele se reuniu com sócios na sexta-feira e concluiu: "Tivemos certeza de que há impedimento, se não legal, ao menos ético".

Blindagem?

Já o ministro das Cidades, Mário Negromonte (PP), deu sinais públicos da insatisfação que toma conta da base aliada com a queda do PR do Ministério dos Transportes. Segundo Negromonte, é “curioso” que não haja acusações contra ministros comandados pelo PT. "Só observo que não existe insatisfação contra o PT", afirmou ele, negando que haja desgaste do seu partido, o PP, na gestão das Cidades.

Há insatisfações latentes em PP, PSB, PTB e setores do PMDB, além de no próprio PR. Um dos fatores que assusta a base é a rapidez do caso de Nascimento. Ele caiu cinco dias após a primeira reportagem que apontou suspeitas nos negócios de membros do seu PR na cúpula e em órgãos vitais do ministério, como o Dnit e a Valec (que faz obras ferroviárias).

Cidades é um dos ministérios citados por membros do governo como eventual alvo de intervenção pelo Planalto — especulação chamada de "factoide" por Negromonte. Ele diz que viajou com Dilma, com quem teve um "bate-papo muito agradável" na quinta-feira. "Se tivesse alguma sinalização de insatisfação, eu já teria notado."

Seja como for, ele planeja fazer visitas às 12 cidades-sede da Copa de 2014 para ver eventuais problemas em obras de mobilidade urbana. O governo já se prepara, inclusive, para uma onda de denúncias contra o Executivo — essa é a expectativa na Polícia Federal e na Controladoria-Geral da União.

O Ministério do Turismo também entrou no radar, embora esteja na cota do PMDB, sócio majoritário da coalizão governista com o PT. Um dos responsáveis pela indicação de Pedro Novais para a pasta, Henrique Eduardo Alves (RN), líder do partido na Câmara, admite que "ouviu boato" de que o ministro poderia ser retirado do Comitê Gestor da Copa. "Mas vi que isso não procedia", disse.

Segundo ele, o PMDB não recebeu reclamações formais e não acredita que o atual ministério tenha prazo de validade. "Esse som não chegou ao PMDB, e esse não parece o perfil da presidente", agrega ele.

Da Redação, com informações da Folha de S. Paulo