Vamos colocar a UEP na boca do povo, diz Thauan

De personalidade simples, o mais jovem presidente da história da União dos Estudantes de Pernambuco (UEP), Thauan Fernandes, considera-se calado, porém muito alegre e otimista, não gosta de guardar rancores e sonha com um país mais justo e includente, que inspire de verdade o orgulho de sua população. Thauan Fernandes Moraes cursa biomedicina na Universidade Federal de Pernambuco e foi eleito presidente durante o 38° Congresso da entidade que aconteceu no mês de junho em Caruaru.
 

O novo presidente da UEP conheceu o movimento estudantil pelo Diretório Acadêmico do Curso de Biomedicina (DABIOM). Pouco tempo depois passou a querer mais pelo movimento estudantil, foi quando participou do 13° Conselho Nacional de Entidades de Base (CONEB) da UNE, passando a lutar pela reabertura do DCE – UFPE e participando de passeatas organizadas pela UEP. Todos seus passos foram incentivados, primeiramente, pelo amigo e vice-presidente do DABIOM, Jean Falcão, e, posteriormente, pelo contato com a ex-presidente da UEP, Virginia Barros.

Caderno Pernambucano: Conte-nos um pouco sobre você:

Vida pessoal:

Meu nome é Thauan Fernandes Moraes, tenho 19 anos e sempre morei no Recife, no bairro da Estância. Estudei da 5ª série ao 3º ano do ensino médio no Colégio de Aplicação da UFPE e agora, estou cursando Biomedicina, na UFPE. Sempre gostei muito de praticar esportes, mas a militância e a faculdade não estão deixando tanto. Atualmente, uso a maioria do tempo livre para internet, e nos finais de semana, uma boa balada, com um bom cinema de vez em quando. Meu sonho é poder ver que ajudei um pouco pra melhorar a sociedade que vivo. Além de alguns objetivos pessoais, como conhecer o Brasil inteiro e me aposentar. Meu estilo musical é majoritariamente nacional, dividido entre Los Hermanos, Legião Urbana, Paralamas do Sucesso e vários outros. Minha banda favorita, sem sombra de dúvidas, é Nação Zumbi, com meu ídolo musical Chico Science. Internacionalmente, gosto bastante de Sistem of a Down, Dire Straits, Artic Monkeys”.

Política:

Faz pouquíssimo tempo que estou engajado na política. Filiei-me à UJS em janeiro de 2011, desde lá que venho formulando e participando de debates políticos. Filiei-me ao PCdoB assim que terminou a plenária final que me elegeu presidente da UEP, em 19 de junho. Escolhi o PCdoB pelo mesmo motivo que há algum tempo atrás escolhi a UJS. Terminou sendo uma coisa natural, que quando eu vi já estava militando sem ser filiado. O plano do partido para o Brasil se encaixou como uma luva no que eu já pensava. E com o passar do tempo, através de debates até com pessoas de outros partidos, vi que o melhor caminho para o país, tanto teórico quanto prático, é o trilhado pelo PCdoB.

CP: Como conheceu a UJS?

Thauan: Meu primeiro contato com o Movimento Estudantil foi entrando na diretoria do DABIOM – UFPE (Diretório Acadêmico de Biomedicina). Lá, eu trilhava caminhos mais internos ao curso e tinha ações mais acadêmicas. Conheci o movimento estudantil nacional através do vice-presidente do DABIOM, Jean, que virou um grande amigo e depois um camarada de partido. Sem esquecer o contato que eu tive com Vic, a ex-presidente da UEP, que me influenciou muito a entrar na UJS em janeiro, e assinou minha ficha de filiação ao PCdoB. Agora, além de grande amiga é minha camarada e minha antecessora.

CP: O que você está achando de assumir a maior entidade de representação estudantil de Pernambuco?

Thauan: Pra mim, é um orgulho muito grande, carregado de uma responsabilidade maior ainda. É uma entidade cheia de história, e que merece que cada presidente se esforce ao máximo pra fazer a melhor gestão dessa história. Conheço as duas últimas, que inclusive foram as primeiras mulheres, e que eu acho muito competentes, com gestões históricas. Pra se ter uma idéia, a UEP foi reconstruída há 6 anos atrás, e no seu 3º congresso pós-reconstrução já atinge 100% das faculdades e universidades de Pernambuco, e pela segunda vez consecutiva! Sinceramente, a exigência que vou ter comigo mesmo vai ser uma coisa: a ter cuidado nesses dois anos.

CP: O que a UEP representa para você?

Thauan: Representa o grande porta-voz do movimento estudantil pernambucano, e não é de graça. Todas as movimentações do estado giram em torno da UEP, e isso dá ritmo e espírito ao movimento estudantil. Mais do que a representatividade externa, o papel que joga sua opinião aos estudantes, é um instrumento poderoso, que está sendo usado otimamente esses anos. E daqui pra frente, é evoluir mais ainda nisso.

CP: Em sua opinião, qual será o maior desafio que você enfrentará nesta gestão?

Thauan: Em termos simples, colocar a UEP "na boca do povo". A UEP já foi reconstruída, consolidada, e tomou rumos ousados no último período. Dessa vez, vamos continuar ousando ainda mais nas propostas, vamos nos somar as reivindicações da UNE por uma educação melhor no país inteiro, e fazer todas as nossas exigências serem conhecidas não só pelos estudantes, mas pela sociedade inteira. Vamos muito às ruas, apresentar nossas propostas e ganhar cada vez mais opiniões, mais força por uma educação muito melhor.

CP: Qual será o segredo da sua gestão, o que você já tem definido?

Thauan: Sim, alguma coisa sim. Apesar de não definida, já temos uma expectativa muito positiva quanto à nossa diretoria, em todos os aspectos. É uma diretoria quase que completamente renovada, com muita gente nova, com propostas ousadas e tão novas quanto. O segredo com certeza vai ser jogar como um time com ela inteira. Já temos algumas metas definidas, como a soma à luta nacional pelas emendas da UNE no PNE, lutas pela estadualização das autarquias, por assistência estudantil na UPE, e muito mais.

CP: Terá alguma novidade, algo que você deseja mudar?

Thauan: Garantido mesmo é que vamos mudar de sede, mas não que eu quisesse.

CP: Sabemos que você é muito novo, tem 19 anos. Você acredita que esta nova geração que está presidindo a maioria das entidades estudantis irá marcar a história das lutas da juventude pernambucana?

Thauan: Sim, no país inteiro estão se elegendo presidentes e diretores de entidades jovens. Acho isso muito positivo no sentido de perder aquele mito de que lideranças estudantis são aqueles que passam anos e anos na universidade. Acredito que líder estudantil é estudante como qualquer outro. Tem uma agenda apertada, com muitas provas e trabalhos, estagia, monitora, e guarda tempo (às vezes tanto que chega a preocupar as famílias) pra tentar melhorar sua universidade, com a certeza de que isso vai contribuir pra quem tá chegando depois. E esse estudante é veterano e calouro também, por que não? Vantagens, em sentido de gestão, existem também. São dirigentes com novas perspectivas e idéias, sem os velhos vícios naturais em quem é mais antigo.

CP: Na UEP, o que está errado e o que está indo certo?

Thauan: Acho que pouca coisa está errada. Um erro aqui e acolá, mas em coisas práticas, que se resolvem no dia-dia. O mais importante, que são as perspectivas políticas, estamos no caminho certo.

CP: A UNE desde o início do ano vem apontando as intensas lutas dos estudantes brasileiros em relação às emendas apresentadas ao PNE (Plano Nacional de Educação), como será o posicionamento dos estudantes pernambucanos em relação a essas lutas nacionais?

Thauan: Como eu já falei, vamos nos somar à luta da UNE. E mais, esperamos com isso que a juventude pernambucana, como historicamente sempre foi, seja vanguarda nas lutas progressistas brasileiras. Vamos fazer mobilizações que merecerão destaque diante de todos os estados.

CP:Este ano acontece a 2ª Conferência Nacional de Juventude, bem como a suas etapas estaduais e municipais. Conte-nos como será o processo de mobilização?

Thauan: Com certeza, é um espaço importantíssimo de debates. Por ser a entidade que representa os estudantes, acaba naturalmente refletindo as idéias da juventude quanto às questões mais variadas, e não só sobre educação. No último congresso, que aconteceu em Caruaru, tivemos umas conferências livres de juventude na programação. De lá, saíram resoluções interessantes, de maneira transversal, quer dizer, desde trabalho na juventude até redução de danos à saúde da juventude. Vamos publicar nas universidades, chamando todos que possam participar. E claro, a diretoria tem presença confirmada.

Do Recife,
Elaine de Paula, com informações da UNE.