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13ª Reunião da Comissão Política: PCdoB em fase muito especial

A 13ª. Reunião da Comissão Política Nacional, no último dia 8 de julho, teve um debate inusual. Foi examinado o desempenho partidário deste semestre com base num mapeamento e conclusão apresentados pela Secretaria Nacional de Organização para concluir a realidade de uma nova escala de exigências de trabalho nacional de direção.

Por Walter Sorrentino*

O mapeamento cruzou, para todos os estados, a construção do projeto eleitoral 2012, como ponta de lança da intervenção política e social do partido; com o monitoramento das conferências de 2011 para descortinar as perspectivas da trajetória partidária nos estados; e, em particular, a constituição de novos núcleos de direção e o ingresso de lideranças nacionais expressivas em todo o país.

O sentido inusual não se refere aos avanços, felizmente progressivos no PCdoB das últimas décadas. Apenas que não se pode esperar o próximo Congresso em 2013 para avaliar desempenho e fazer ajustes necessários. De fato, o nível alcançado pelo partido em todo o país, particularmente a interiorização intensa que vem ocorrendo, vêm criando para a CPN grandes empenhos.

A essência das soluções foram assentadas na preparação dos quadros, a partir de apontamentos ao debate feitos por Renato Rabelo. Foi esse o enfoque apresentado pelo relator, Walter Sorrentino. Pode-se dizer, em última e sintética instância, que as questões nevrálgicas são seguir com uma política justa e ampla no posto de comando, e insistir na Política de Quadros aprovada no 12º Congresso. A completude da instituição do Departamento Nacional de Quadros (vide matéria Direção do PCdoB vai dinamizar política de quadros) e a próxima instituição do “Estudos Estratégicos”, voltado para a formação dos quadros nacionais, dão indicação da seriedade com que se vem tratando o tema.

Os vetores apontados para os desafios de direção foram quatro.

Uma primeira questão é quanto ao papel do CC, intensificar a participação de todos seus membros e dinamizar seu método de reuniões. Ele é o centro do sistema nacional de direção. Constitui, ao lado das novas direções a ser eleitas nas Conferências Estaduais (e com o fortalecimento proposto dos maiores comitês municipais que vêm sendo mobilizados nacionalmente em maior escala que nunca), o eixo verticalizado da estrutura de direções eletivas. No interior delas, as secretarias e coordenações nacionais-estaduais, que estão dotadas de linhas claras e bem definidas e devem seguir sendo fortalecidas, reforçam essa verticalidade que garante a unidade partidária na ação, em bases institucionalizadas e democráticas.

A segunda questão é elevar as exigências da direção nacional, geral e concreta, política e político-organizativa. Novo passo precisa ser dado quanto ao papel da CPN, conforme já proposto desde o 12º Congresso. São dois movimentos compostos: 1) unir indissoluvelmente o seu papel enquanto direção política mas também enquanto líderes do discurso sobre a construção e estruturação partidária; 2) intensificar o papel dos membros da CPN como dirigentes nacionais em todo o país, do ponto de vista concreto e não apenas geral. Ou seja, para além de suas frentes de atuação ou das funções em seus Estados, tanto quanto possível e crescentemente eles precisam se dirigir a todo o país.

Isso, para além dos membros titulares das secretarias, deverá envolver os demais membros da CPN. Liderar o partido em todo o país a partir da condição de membro da CPN. Nossa presença ajuda muito nos Estados, não se sobrepondo aos membros do CC que lá atuam. Cria um movimento, dá uma sinalização, mostra uma disposição, ilustra por ângulos variados a orientação política, ideológica e de estruturação do partido. Hoje essa presença é reclamada também nos comitês municipais: é um movimento que precisamos aprofundar, dar exemplo que repercute mais amplamente em todo o partido…

Isso não pode ser semiespontâneo. Carece-se de ter informação e prestar, depois, a informação correspondente à intervenção feita. Essas informações convergem para o Sistema de Gestão Integrada, para garantir um fluxo de informação dinâmico. Concretamente, formulamos seguinte plano de envolvimento crescente da CPN nessa esfera.

Terceira questão, correlata, é fortalecer o trabalho de direção nacional da organização, fazendo-o presente de fato no controle e mobilização partidários em todo o país, em apoio à direção política dos membros da CPN. A questão de MAIS VIDA MILITANTE, retomada em novas condições no 7o Encontro Nacional, será uma grande e prolongada batalha, com a qual a direção nacional se comprometeu. Não queremos nem podemos perdê-la. Lembram-nos que o novo modo de direção organizativa proposto no 7o Encontro Nacional sobre Questões de Partido implica a constituição de fóruns de quadros de base e fóruns de quadros intermediários, nas grandes cidades, que se ocuparão da estruturação orgânica da vida partidária desde a base.

Por isso o fortalecimento da CNO. Ela precisa chegar a todo o país, regularmente. Para isso, os Estados são instados a liberar maior energia em apoio ao trabalho de direção nacional, particularmente nos casos de BA, CE, PE, AM, RS, RJ e MG. Não é mais tempo de apoiar o grosso do esforço de trabalho de apoio à direção nacional com quadros auxiliares provindos do estado de SP.

A quarta questão, nova em dimensão, é manter e aprofundar o importante movimento que é a criação, fortalecimento ou diversificação de Fóruns partidários que integram centenas e milhares de quadros dos mais variados níveis à elaboração e ação. Além dos tradicionais fóruns de macrorregião nos Estados, que vão se consolidando como indispensáveis, foram constituídos o Fórum das Mulheres, o Fórum dos Movimentos Sociais, o Fórum Nacional de parlamentares, de democratização da mídia, etc., além do coletivo nacional da cultura. Esse movimento de horizontalização democratiza a elaboração, compromete mais extensa estrutura de quadros e tem dado dinamismo sem par ao trabalho de direção.

Em suma, a proposta apresentada foi de uma nova modalidade de descentralização/centralização política do trabalho nacional de direção concreta, tendo por vértice a CPN; o fortalecimento da institucionalidade vertical, direções com mais autoridade política nos Estados e municípios; ampliação da horizontalidade de fóruns partidários.

Com base nisso foi formulada uma proposta que está em construção. Quanto ao Comitê Central, o de dinamizar métodos, com base numa enquete realizada entre seus membros na última reunião. Para a direção nacional concreta, propôs-se uma articulação com atribuição de responsabilidades entre o Grupo Permanente de Trabalho Eleitoral, os membros da CPN e o fortalecimento da Comissão Nacional de Organização.

O esforço será o de intensificar a presença de líderes da CPN em todos os Estados do país, chegar mais próximo aos comitês municipais e fazer acompanhar o trabalho de direção política com o trabalho de direção organizativa, como proposto no 7º Encontro Nacional sobre Questões de Partido. Quanto à CNO a ideia é chegar de fato a todo o país, acelerando a assimilação e aplicação da linha traçada.

A hora é boa para plantar; é preciso semear. Quer dizer, secundar a autoridade e o esforço da CPN com um trabalho especificamente de controle organizativo sobre a mobilização partidária e os quadros, em especial quanto aos quadros intermediários e de base. Assumimos o compromisso com essa batalha da qual depende a vida militante de base; precisamos vencê-la.

As Conferências já serão palco desse método. Proximamente será instituído o Sistema de Gestão Integrada, cujo papel será o de assegurar informação em tempo real sobre a situação do país nos 27 estados, permitindo aos membros da CPN um trabalho efetivo de direção a cada momento.

São boas alvíssaras da direção nacional, que refletem o avanço do trabalho do PCdoB. Em fases assim, nos obrigamos a redobrar os investimentos na construção partidária.

* Walter Sorrentino é secretário Nacional de Organização do PCdoB