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Festival discute cinema latino-americano em São Paulo

A padronização estética e o pragmatismo do cinema brasileiro, a contribuição da programação televisiva na produção audiovisual do país e a distribuição e a exibição de filmes na América Latina serão discutidas durante a 6ª edição do Festlatino (Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo), que acontece entre os dias 11 e 17 de julho, em São Paulo.

Com debates e conversas entre diretores após a exibição de filmes, o festival pretende promover a troca de experiências entre os países e possibilitar uma discussão em torno da identidade cinematpgráfica do continente a partir da exibição.

Nesta quinta-feira (14/), as 19h, o Cinusp exibirá o filme brasileiro Os Residentes, um dos destaques no Festival de Cinema de Berlim, que será seguido por um debate com o diretor, Tiago Mata Machado.

Por meio de uma narrativa desconstruída — sem princípio, meio e fim –, o filme conta a história de um grupo de personagens que vive em uma casa abandonada e que logo recebe novos hóspedes: um velho militante neoísta, um autoexilado e uma famosa artista plástica, aparentemente sequestrada. Durante a trama, a vida dos personagens se entrelaçam e assim surges os conflitos e impasses.

No Memorial da América Latina, representantes das emissoras SescTV, Tv Cultura, Tv Brasil, Canal Futura e da TAL (Televisión América Latina) discutirão, as 19h30, os atuais desafios criativos da televisão brasileira.

O debate será ampliado para o âmbito latino-americano na sexta-feira (15/07), quando, também no Memorial, as cineastas Laís Bodanzky, Viviana García e Griselda Moreno apresentarão as vantagens e problemáticas dos cinemas itinerantes, que surgem na região como alternativa à questão da distribuição, exibição e altos custos na produção de filmes.

No mesmo dia, uma conversa entre os cineastas Alejandro Pereyra, da Bolívia; Iria Gómez Concheiro, do México e Iria Gómez Concheiro e Jeferson De, do Brasil, acontecerá as 16h com mediação do crítico de cinema José Carlos Avellar. O objetivo é o intercâmbio de vivências em relação a produção dos filmes Ver-se, Assalto ao Cinema e Bróder, dos quais são diretores respectivamente.

Littín

Após a exibição de A Viúva de Montiel, uma co-produção de México, Colômbia, Venezuela e Cuba, acontecerá um debate com o diretor do filme Miguel Littín sobre a violência na Colômbia. Littín, que é chileno, ficou mundialmente conhecido por filmar clandestinamente o documentário Ata Geral do Chile, durante a ditadura de Pinochet, com denúncias contra o regime militar.

O filme virou um livro-reportagem de Gabriel García Márquez, A aventura de Miguel Littin, clandestino no Chile, construído a partir de um depoimento do cineasta ao escritor, reunido em dezoito horas de gravação.

Homenageado nesta edição do festival, García Márquez será tema de um debate no sábado com o próprio Littín, que ao lado do jornalista Eric Nepomuceno e do cineasta Ruy Guerra discutirão as contribuições do colombiano para o cinema.

García Márquez, que atualmente tem 84 anos, sempre manteve intensa ligação com o cinema e chegou até mesmo a frequentar o Centro experimental de cinema em Roma, na Itália. Em 1986, fundou a Escola Internacional de Cinema e Televisão em Los Baños, em Cuba, que tinha como objetivo de estimular jovens realizadores da América Latina, Caribe, Ásia e África.

A contribuição de García Márquez ao cinema, porém, não ficou apenas na teoria. Em 1954 dirigiu o filme A Lagosta Azul, que narra a investigação desencadeado por um agente secreto em busca de radioatividade em lagostas capturadas em uma vila de pescadores. O filme será exibido no sábado, às 15h, no Memorial da América Latina.

Fonte: Opera Mundi