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Articulações fisiológicas intensificam-se para eleição de 2012

A 15 meses das eleições municipais intensificam-se as articulações para a definição das candidaturas nos principais centros urbanos. Os grandes partidos põem na mesa ofertas de trocas de apoios nos municípios mais cobiçados. Até certo ponto, nada mais natural. Uma disputa eleitoral da envergadura do pleito municipal de 2012, que assume a feição de uma eleição intermediária, preparatória da correlação de forças que condicionará a corrida presidencial em 2014 sempre exigirá alianças.

No caso do Brasil, onde há diversidade de cenários, pode ser natural também que as alianças não sejam uniformes. Mas o espantoso é quando se perde toda a coerência e os parâmetros programáticos. Até mesmo a condição de ser governo e oposição no plano nacional é inteiramente posta à margem e o que passa a presidir as composições é o mais grosseiro e aberrante fisiologismo.

É o que se pode depreender das informações do jornal Valor desta quarta-feira (20), dando conta de que o DEM e o PMDB estão com conversas adiantadas para marcharem unidos nas eleições municipais em São Paulo e Salvador, em 2012. Segundo a estratégia que está a ser traçada nas conversações entre as cúpulas das duas formações, Gabriel Chalita (PMDB) seria o candidato à Prefeitura de São Paulo com apoio do DEM, que indicaria seu vice. Em troca, o PMDB apoiaria a candidatura de Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM) na capital baiana, também podendo indicar o vice.

Como se sabe, o DEM é um partido da direita neoliberal e conservadora e faz uma oposição estridente ao governo da presidente Dilma, como fez ao ex-presidente Lula. O PMDB, que com muito favor poderia ser classificado como de centro, está bem instalado no governo e o seu dirigente é ninguém menos que Michel Temer, vice-presidente da República. Vale lembrar que Gabriel Chalita foi uma destacada liderança do PSDB e do governo também conservador e neoliberal de Geraldo Alckmin (PSDB). Teve uma efêmera passagem pelas fileiras do PSB, não por razões ideológicas, e recentemente se filiou ao PMDB, partido que considera mais adequado às suas ambições de conquistar a Prefeitura de São Paulo.

O jornal Valor reproduz declaração de um dirigente do DEM reveladoras de pensamento nada edificante para a grande política: "O PSDB está nessa zona de conforto, de achar que o DEM sempre irá com eles. Mas, até pela sobrevivência do partido, nosso jogo é nacional, precisa casar vários apoios pelo país".

Em Salvador o DEM tem se articulado pela candidatura de ACM Neto, enquanto no PMDB a hipótese de lançar o radialista Mário Kertész, ex-prefeito da cidade por duas vezes, ganhou corpo nos últimos meses. Surge agora a hipótese de as duas siglas juntarem forças.

Enquanto isso, em São Paulo, os tucanos se engalfinham. O secretário estadual de Cultura, Andrea Matarazzo, reuniu-se na segunda-feira (18) com o governador Geraldo Alckmin para apresentar seu nome como candidato do PSDB à Prefeitura da capital paulista em 2012, acirrando a disputa interna pelo poder no partido. A decisão conta com apoio de parte da cúpula do PSDB paulista e altera a correlação de forças no partido na corrida municipal do ano que vem.

Apesar de deixar ainda mais distante a possibilidade de Serra disputar a Prefeitura, a indicação conta com o apoio do ex-governador e candidato derrotado na eleição presidencial. O nome de Matarazzo surge como uma alternativa da ala próxima a Serra em contraponto ao grupo do governador Alckmin, que flerta com alguns possíveis candidatos, mas sem ainda nenhuma definição oficial.

Os tucanos que defendem o nome do secretário o apontam como "novidade" na corrida eleitoral. Após revezamento entre Serra e Alckmin na disputa municipal pelo PSDB desde 1996, seria o momento de lançar um nome novo na eleição. "Acho que seria bom adiantar o relógio", defende um dos caciques do partido, informa o jornal O Estado de S.Paulo.

Da Redação com informações do Valor e de O Estado de S.Paulo