Sudão do Sul, Cuba e os milagres possíveis
Em janeiro passado, o diário espanhol El País publicava um surpreendente artigo do seu enviado especial à capital do país nascente Sudão do Sul, com o título "Cuba es Juba".
Publicado 22/07/2011 21:09
No texto, sem abandonar a posição ideológica do jornal, era reconhecido a contribuição da ilha caribenha à educação de milhares de crianças e jovens desse jovem país africano – Juba é o nome da capital – que receberam formação profissional em Cuba, enquanto a guerra assolava sua terra.
O reconhecimento do governo da recém formada república se percebe na recepção em seus atos oficiais do vice-presidente cubano, Esteban Lazo.
Um despacho da agencia Prensa Latina informava, em 9 de julho, que Lazo se reuniu com o presidente Salva Kiir Mayardit, seu vice, Riek Machar Teny, e outros ministros.
A Prensa Latina também relata seu encontro “com mais de meia centena de professores sudaneses, graduados em Cuba nos anos 80 e 90”.
A agência acrescenta que “emocionados, os graduados sudaneses cantaram o hino nacional de Cuba e muitos deles falaram, em perfeito espanhol, seu agradecimento à Revolução cubana e, em especial, a Fidel Castro, pela oportunidade de se formarem.”
Neste 11 de julho, pouco depois da proclamação do novo Estado, acolhido com esperanças por grande parte da comunidade internacional, El País dedica-lhe um ácido editorial questionando o recente governo ao qualificá-lo de “tão dogmático quanto fraco e com todas as carências imagináveis”.
O jornal do grupo Prisa – tão entusiasta das fanfarronices das cabeças coroadas da Europa, em particular da Espanha – desqualifica o que chama “fanfarronada multinacional organizada em Juba” e prevê que somente um milagre poderá edificar ali um “Estado viável”.
Nem uma vírgula, desta vez, para o “milagre” da solidariedade cubana com os povos africanos. Cuba, longe de pensar – como os interesses por detrás de El País – em lucrar com os recursos naturais, tem compartilhado seus modestos recursos com as primeiras nações a serem exploradas pelo colonialismo europeu e que, hoje, a injusta ordem mundial vigente continua saqueando.
Quem sabe se essa ordem mudasse, fosse muito mais fácil para os sudaneses do sul edificarem um Estado viável? El País poderia dizer?
Fonte: Blog Solidárias, a partir do CubAhora