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Sudão do Sul, Cuba e os milagres possíveis

Em janeiro passado, o diário espanhol El País publicava um surpreendente artigo do seu enviado especial à capital do país nascente Sudão do Sul, com o título "Cuba es Juba".

No texto, sem abandonar a posição ideológica do jornal, era reconhecido a contribuição da ilha caribenha à educação de milhares de crianças e jovens desse jovem país africano – Juba é o nome da capital – que receberam formação profissional em Cuba, enquanto a guerra assolava sua terra.

O reconhecimento do governo da recém formada república se percebe na recepção em seus atos oficiais do vice-presidente cubano, Esteban Lazo.

Um despacho da agencia Prensa Latina informava, em 9 de julho, que Lazo se reuniu com o presidente Salva Kiir Mayardit, seu vice, Riek Machar Teny, e outros ministros.

A Prensa Latina também relata seu encontro “com mais de meia centena de professores sudaneses, graduados em Cuba nos anos 80 e 90”.

A agência acrescenta que “emocionados, os graduados sudaneses cantaram o hino nacional de Cuba e muitos deles falaram, em perfeito espanhol, seu agradecimento à Revolução cubana e, em especial, a Fidel Castro, pela oportunidade de se formarem.”

Neste 11 de julho, pouco depois da proclamação do novo Estado, acolhido com esperanças por grande parte da comunidade internacional, El País dedica-lhe um ácido editorial questionando o recente governo ao qualificá-lo de “tão dogmático quanto fraco e com todas as carências imagináveis”.

O jornal do grupo Prisa – tão entusiasta das fanfarronices das cabeças coroadas da Europa, em particular da Espanha – desqualifica o que chama “fanfarronada multinacional organizada em Juba” e prevê que somente um milagre poderá edificar ali um “Estado viável”.

Nem uma vírgula, desta vez, para o “milagre” da solidariedade cubana com os povos africanos. Cuba, longe de pensar – como os interesses por detrás de El País – em lucrar com os recursos naturais, tem compartilhado seus modestos recursos com as primeiras nações a serem exploradas pelo colonialismo europeu e que, hoje, a injusta ordem mundial vigente continua saqueando.

Quem sabe se essa ordem mudasse, fosse muito mais fácil para os sudaneses do sul edificarem um Estado viável? El País poderia dizer?

Fonte: Blog Solidárias, a partir do CubAhora