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Denúncia: agressão a mulheres jornalistas são ignoradas

Intimidação, assédio e ameaças contra profissionais mulheres de comunicação são comuns em todo o México. Contudo, ao ser denunciadas são consideradas "menos importantes” pelas instâncias de governo ao ponto de nem sequer apareceram nos informes oficiais, acusam comunicadoras.

De acordo com defensoras da liberdade de expressão, a violência contra as jornalistas tem um matiz distinto da que se exerce sobre os repórteres: a elas se intimida sexualmente, se difama e inclusive se questiona sua qualidade moral como pessoas.

A isso se soma a discriminação e impunidade que enfrentam ao recorrer às Procuradorias de Justiça ou às Comissões de Direitos Humanos.

Distinto Modus Operandi

"Não precisa ser um carro bomba, uma bala, uma prisão irregular ou uma agressão física direta para afetar as periodistas; as maneiras de operar dos agressores mudam”, explica Jade Ramírez Cuevas, apresentadora e repórter de Rádio Universidade de Guadalajara.

Ramírez Cuevas, que ganhou em 2009 o Prêmio Rei da Espanha por uma reportagem sobre a discriminação, desde o ano passado é assediada por cobrir as mobilizações contra a barragem El Zapotillo, em Jalisco.

Em abril de 2010, homens que se identificaram como empregados federais começaram a ameaçá-la. Intrometeram-se em sua vida pessoal, ao relacioná-la sentimentalmente com um defensor de Direitos Humanos, depois a assediaram sexualmente e a ameaçaram de morte por suas investigações.

Falsa alegação: violência por motivos pessoais

Jade Ramírez adverte que seus agressores "cuidaram das formas de violentar para que o fato se relacionasse com questões pessoais e não profissionais”. Depois, relata, o assédio foi por meio de correios eletrônicos e chamadas intimidatórias contra ela e sua família.

A jornalista denunciou à Procuradoria Geral da Justiça de Jalisco, mas as ameaças prosseguiram. No ápice, quando em abril de 2010 apresentou uma queixa à Comissão Estatal de Direitos Humanos de Jalisco (CEDHJ) ao terceiro visitador Alfonso Barrón, ele disse: "acostuma-te”.

Jade só teve apoio do Alto Comissionado de Direitos Humanos da ONU e da Anistia Internacional, instâncias que acompanham seu caso.

Em seu relatório "A violência no México e o direito à informação 2010”, as organizações Cenco e Artículo 19 assinalam que "as agressões a mulheres jornalistas ou comunicadoras têm como elemento característico que as ameaças vão dirigidas contra suas famílias e existe uma clara intenção de desacreditar o caráter moral das jornalistas”.

Repórter assassinada

A Relatoria Especial para a Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) informa que em 2010 foi assassinada no México a repórter Elvira Hernández Galeana, editora do semanário Nueva Línea, de Guerrero. Além disso, outras 18 jornalistas foram agredidas ou ameaçadas.

Junto com Hernández Galeana foi assassinado seu esposo – também repórter – Juan Francisco Rodríguez Ríos. Ambos haviam participado de encontros de jornalistas para exigir um fim à onda de violência contra jornalistas no estado. O crime segue impune.

Um caso recente de intimidação é o de Blanca Esther Buenfil Vanegas, diretora editorial do portal Elcuartopoder.com.mx. Desde o passado 8 de junho, ela denunciou que na internet difundiram correios que questionam sua qualidade moral e sua vida pessoal, o que – acusou – ocorre devido à sua postura crítica ao governo de Quintana Roo.

Em ocasiões anteriores, Buenfil recebeu ameaças telefônicas contra a vida de seus filhos e em 2002 já havia sofrido uma agressão física por parte de um sujeito desconhecido, fato que denunciou ante a Procuradoria de Justiça estatal, sem ter resposta.

Fonte: Adital