Impasse sobre dívida continua derrubando bolsas nos EUA e Brasil

A falta de avanços na discussão sobre a elevação do teto da dívida americana, o Livro Bege pouco auspicioso e o risco de as agências de rating rebaixarem a classificação dos Estados Unidos levou as bolsas a fecharem em queda em Nova York.

A data-limite (2 de agosto) para se chegar a um acordo se aproxima e as negociações entre republicanos e democratas patinam. Hoje, a S&P afirmou que espera definições para decidir se rebaixa, ou não, a nota máxima dos EUA. O Livro Bege mostrou que oito das 12 regiões pesquisadas pelo Federal Reserve registraram desaceleração da atividade econômica em junho e na primeira quinzena de julho.

Por essa conjunção de fatores, o índice Dow Jones perdeu 1,59%, aos 12.303 pontos, enquanto o S&P 500 recuou 2,03%, para 1.304,91 pontos. O Nasdaq cedeu 2,65%, para 2.764,79 pontos.

Ibovespa em baixa

A bolsa brasileira não consegue espaço para se recuperar. A economia americana continua em estado de alerta e o risco de default não será deixado de lado enquanto republicanos e democratas não entrarem em um acordo. A “âncora” do mercado continua a ser a indefinição política para poder elevar o teto do endividamento dos Estados Unidos e a aproximação de seu prazo final, em 2 de agosto.

O investidor não parece disposto a voltar a assumir uma posição compradora enquanto este impasse não for solucionado. Naturalmente, sua disposição em assumir riscos em mercados emergentes é menor.

Nesta jornada, o Ibovespa teve desvalorização de 1,77%, aos 58.288 pontos. O giro financeiro atingiu R$ 6,501 bilhões. Desta forma, o índice retomou o patamar do dia 20 de maio de 2010 (58.192).

A desaceleração da economia americana também deixa os investidores apreensivos. O Livro Bege do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) mostrou que os Estados Unidos cresceram a um ritmo mais vagaroso na maioria das regiões do país desde o início de junho, uma vez que os consumidores reduziram as compras e a produção industrial foi mais débil.

Logo cedo, apareceu mais um sinal deste arrefecimento. As encomendas de bens duráveis no país recuaram 2,1% em junho na comparação com maio, contrariando a expectativa de analistas, que era de leve aumento.

Quando o cenário americano já era negativo o suficiente para pesar sobre os mercados, as notícias do Brasil endossaram a percepção nesta jornada.

O governo anunciou logo cedo medidas para tentar frear a queda do dólar. Entre as decisões, está a taxação de aquisição, venda ou vencimento de derivativos cambiais que resultem no aumento da exposição vendida das instituições financeiras em relação ao dia anterior.

Decreto publicado no Diário Oficial da União estabelece em 1% a alíquota de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) que será cobrada sobre o valor nocional dos contratos derivativos que acarretarem esse aumento de exposição líquida vendida.
O Conselho Monetário Nacional (CMN) também poderá definir regras específicas para as negociações no mercado de derivativos e tributar as operações com IOF de até 25%.

Embora as medidas não afetem o mercado à vista da Bovespa, um analista conta que no início dos negócios o mercado ficou preocupado que a atuação no Ibovespa futuro também fosse compreendida.

“Hoje tivemos muito 'stop' de posição de gente que comprou de olho no curto prazo”, explica.

Empresas

Dentre os principais giros da Bovespa, Vale PNA (-0,67%, a R$ 45,85) movimentou R$ 578 milhões e Petrobras PN (-0,29%, a R$ 23,59) teve volume de R$ 524 milhões.

As principais baixas do Ibovespa partiram das ações ON da BM&FBovespa (-5,44%, a R$ 9,03), Hypermarcas (-5,99%, a R$ 11,30), Souza Cruz (-6,01%, a R$ 18,75) e das units do Santander Brasil (-6,38%, a R$ 14,8), com o mercado reagindo ao seu balanço.

O Bradesco também publicou seu resultado trimestral e suas ações PN caíram 1,23%, a R$ 28,83, enquanto os papéis PN da Telesp lideraram os ganhos do Ibovespa, com alta de 1,81%, a R$ 47,7, após o balanço.

Destaque positivo ainda para Braskem PNA (1,04%, a R$ 19,4), Cteep PN (0,64%, a R$ 46,6) e Gerdau PN (0,64%, a R$ 14,09).

Fora do Ibovespa, as ações ON da Drogasil e da Droga Raia subiram 3,37% e 3,21% respectivamente, a R$ 12,25 e a R$ 28,6, com o mercado atento às negociações de fusão entre as empresas.

Fonte: Valor