Indústria paulista corta 55 mil vagas em junho, segundo Dieese
O Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgou nesta quarta-feira, 27, sua Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) nas regiões metropolitanas, que revela um ligeiro aumento da taxa de desemprego entre maio e junho, de 10,9% para 11%. O destaque negativo fica com a indústria paulista, que cortou 55 mil postos de trabalho no mês, desempenho influenciado pela valorização do real.
Publicado 27/07/2011 15:51
O comportamento do mercado de trabalho foi desigual nos estados e também nos diferentes setores e ramos da economia. O Dieese estimou em 2,427 milhões o número de desempregados nas regiões abrangidas pela pesquisa (DF, BH, Fortaleza, Recife, PA, Salvador e SP), 17 mil a mais que no mês anterior. A ideia de que a economia opera com pleno emprego, alardeada por forças conservadoras interessadas na estagnação, é falsa.
Desempenho desigual
A taxa de desemprego subiu em São Paulo, Porto Alegre e Recife, mas caiu nas outras metrópoles. A indústria paulista foi o único setor com saldo negativo no número de pessoas empregadas, fato que influenciou o resultado geral.
O desemprego subiu também na comparação com o ano passado. Em junho o nível de emprego industrial recuou 3,1%, em relação ao mesmo mês de 2010, e houve fechamento de 53 mil vagas. Na média das sete regiões metropolitanas analisadas (Distrito Federal, Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo) a queda é de 0,9%, com saldo negativo de 28 mil postos de trabalho.
Na região metropolitana de São Paulo o nível de emprego cresceu 2,5% (em relação a 2010), com avanço de 5,1% no comércio, 3,9% nos serviços e 1,9% no agregado outros setores, que inclui construção civil e serviços domésticos. Na média das sete regiões metropolitanas, o nível de ocupação subiu 2,6% entre junho de 2010 e mesmo mês de 2011.
Forte desaceleração
Em relação a maio, o emprego na indústria paulistana recuou 3,2% em junho, maior queda da série histórica da pesquisa, iniciada em 1989. O setor fechou 55 mil vagas no mês. Já na média das sete capitais, o recuo mensal no setor é de 1,9%, o que representa a demissão de 58 mil profissionais. Na média de todos os setores, no entanto, o nível de ocupação ficou em estabilidade entre maio e junho.
“A forte desaceleração da indústria é preocupante”, afirma Sérgio Mendonça, técnico do Dieese, para quem o emprego industrial deveria ficar estável em 2011, mantendo a recuperação de 2010 após a crise, e não em queda. Ele acredita, no entanto, que ainda é cedo para concluir quais os motivos do recuo. “Não sei se isso tem a ver com estoque, com câmbio, com expectativas futuras. Não dá para responder claramente o que vai acontecer daqui para frente”. Segundo Mendonça, a indústria reage mais rápido à conjuntura econômica e é um importante antecedente para outros setores, daí a preocupação com a queda forte do nível de emprego industrial.
Ritmo lento
No conjunto, conforme a pesquisa, o aumento no número de desempregados foi resultado da entrada de 26 mil pessoas no mercado de trabalho, ao mesmo tempo em que foram criados somente 8 mil novos postos. O total de ocupados, nas sete regiões investigadas, foi estimado em 19,732 milhões de pessoas e a população economicamente ativa (ocupados mais desocupados), em 22,159 milhões.
A discrepância entre o comportamento da indústria e do comércio sugere que as importações continuam ganhando espaço no mercado interno, em função da queda do dólar. Os dados também parecem sinalizar a desaceleração da economia (abatida pelos cortes nos gastos públicos e alta dos juros). A produção segue em ritmo de tartaruga e o problema deve se acentuar ao longo dos próximos meses.
Evolução do nível de desemprego nas regiões metropolitans (2011, em%)
Região Maio Junho
Distrito Federal 13 12,7
Belo Horizonte 8,2 7,7
Porto Alegre 7,7 7,8
Recife 13.7 13,9
Salvador 15,6 15,5
São Paulo 10,7 11
Total 10,9 11
Fonte: Dieese
Da Redação, Umberto Martins, com agências