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Filme do furto ao Banco Central mescla ficção e realidade

A vida imita a arte muito mais do que a arte imita a vida, afirma Vivian, personagem de Oscar Wilde na obra "A Decadência da Mentira". Em "Assalto ao Banco Central", a vida é uma inspiração remota. O filme, já visto por mais de 1,1 milhão de pessoas desde sua estreia, no dia 22 de julho, utiliza-se de muita ficção e pouca realidade. É o que dizem investigadores do maior furto já registrado no país, que na sexta passada completou seis anos.

"Pelo que sei, esse filme tem cinco verdades: foi um furto, foi ao Banco Central, foi na cidade de Fortaleza e foi via um túnel do qual levaram R$ 164,8 milhões", afirma Antônio Celso dos Santos, delegado da Polícia Federal que comandou o caso. "Cinema é fazer a leitura da realidade e contá-la da sua maneira. Se não fosse assim, teríamos feito um documentário", pondera Walkiria Barbosa, produtora do filme.

A redução de personagens para 11, se deve à dificuldade em "contar 36 histórias em uma hora e meia", diz ela. O filme ainda cria um triângulo amoroso vivido por Carla (Hermila Guedes), Barão (Milhem Cortaz) e Mineiro (Eriberto Leão). Na vida real, a única mulher do grupo é Genicleia Alves, irmã de Antonio Jussivan Alves, o Alemão, um dos líderes do bando. Secretária da empresa de fachada criada pelo grupo, ela não se relacionou com nenhum dos ladrões.

Autor do livro "Toupeira -A história do assalto ao Banco Central", o advogado Roger Franchini, 32, concorda que o relato do crime só poderia ser descrito mesclando ficção e realidade porque "há lacunas entre as versões dos acusados e dos acusadores que nunca serão definitivamente esclarecidas".

A Polícia Federal e o Banco Central recuperaram quase R$ 40 milhões -em dinheiro e bens- do que foi furtado. Cerca de 130 suspeitos de participação foram denunciados pelo Ministério Público. Desses, 50 foram condenados, 11 foram absolvidos e 65 esperam julgamento.
Das 36 pessoas que tiveram envolvimento direto com o furto, 28 foram presas, seis morreram e duas ainda estão foragidas. São elas Antônio Artenho da Cruz, o Bode, e Juvenal Laurindo.

Para o delegado Antônio Celso dos Santos, tudo foi esclarecido. Tese contestada pela produtora Walkiria. "A maior parte do dinheiro do furto não foi recuperada e quem financiou esse crime não foi preso. No fim do filme, deixamos brecha para uma continuação", adianta.
A continuação do filme deve ser lançada em 2013.

Fonte: Folha de S.Paulo