Minas: Encontro discute desafios para o PCdoB crescer

“O PCdoB se posicionou ao lado de Lula desde sua primeira candidatura à Presidência. A população enxerga o PCdoB como um partido fiel, que participa e integra a luta do povo em suas mais legítimas bandeiras”. A declaração é da deputada federal Jô Moraes, presidente do PCdoB MG,  e deu a tônica das discussões que durante todo o sábado (6) marcaram os pronunciamentos e debates do 1º Encontro Mineiro sobre Questões de Partido. 

Encontro Minas 2 - Sheila Moreno

O evento aconteceu no auditório da Faculdade Dom Hélder Câmara, reunindo mais de 300 dirigentes, parlamentares e militantes da legenda no Estado. O propósito é o de preparar o PCdoB para as novas diretivas relacionadas à sua construção e estruturação. Para isso, da direção nacional participaram o membro do Secretariado Nacional do partido e presidente da Fundação Maurício Grabois, Adalberto Monteiro, e a diretora do Departamento de Quadros da legenda, Fabiana Costa.

Desafios

Jô Moraes também falou dos desafios a serem enfrentados para se ampliar o contingente de filiados e eleger o maior número de representantes nas esferas de poder. Em especial, garantir a representatividade da legenda nos parlamentos, já que o fim das coligações nas eleições proporcionais deverá ser realidade após 2012, de acordo com as configurações da reforma que se processa no Congresso Nacional. Desafios que não só os dirigentes, mas a militância se mostra disposta a enfrentar para que o partido continue na meta de viabilizar o socialismo, de acordo com o compromisso reafirmado pelos participantes do evento através de palavras de ordem.

“Somos o partido que está junto com os operários nas portas das fábricas. Somos o partido da resistência”, afirmou a parlamentar sob aplausos, ao anunciar o nome do deputado estadual, Carlin Moura (PCdoB), pré-candidato à Prefeitura de Contagem cidade operária de mais de 600 mil habitantes na região metropolitana de Belo Horizonte.

A eleição de Carlin Moura é considerada fundamental para o partido, assim como a reeleição dos prefeitos Ivo Mendes, de Ibiá, e Zezé Mansur, de Urucânia, na Zona da Mata, entre outras cidades onde o partido tem representatividade e reais condições de eleger prefeitos e bancada de vereadores. Foi citado também as grandes chances de vitória na cidade de Coronel Fabriciano, onde o outro deputado estadual do PCdoB, Celinho do Sinttrocel, é pré-candidato a prefeito.

Em seu pronunciamento, Carlin destacou o protagonismo de Contagem, a segunda cidade após o ABC paulista, a se insurgir contra o regime militar, via movimentos grevistas. A despeito dos avanços e da mobilização política, até pouco tempo o município era governado pelo campo da direita, ponderou. “Com a luta, a esquerda retomou seu espaço e hoje a eleição está polarizada entre o PCdoB e o PT. E isto é bom para Contagem, pois representa a justeza do comportamento dos partidos de esquerda. Aponta que não haverá retrocesso”.

Crise capitalista

O Brasil na conjuntura de crise econômico-financeira mundial ganhou preleção de Adalberto Monteiro para proveito da assistência diversificada que se inteirou da terceira grande crise capitalista – um tsunami –, segundo o palestrante, que requer uma posição mais firme e determinada da presidente Dilma Rousseff. “Vivenciamos uma desordem econômico-financeira que tem conseqüências diretas em nossas vidas, pois os países hegemônicos transferem para os ombros dos trabalhadores dos demais países do mundo o ônus da farra que praticaram. É um período de desestabilidade e ameaças. E citou Lênin: “Em crises, o imperialismo responde com guerras, com medidas antidemocráticas”. Uma conjuntura que também “abre espaço para a vitória dos reacionários nas eleições nos Estados Unidos”.

Monteiro, assim como o PCdoB, defendem que os governos precisam adotar uma atitude mais altiva. “É neste contexto que a presidente Dilma é chamada a agir”, alertou. Embora considere positivo o Programa Brasil Maior de incentivo à indústria local, o dirigente considera que o governo não entende a crise em sua real dimensão: de um tsunami. “Não bastam remédios corriqueiros. Dilma está sendo chamada a tomar medidas de estadista!”, disse.

A redução dos juros da economia; a mudança da política macroeconômica e do câmbio são os três eixos prioritários a serem assumidos, receitou. Ele destacou que hoje se privilegia o superávit primário ao invés dos investimentos sociais em saúde e infraestrutura, o que pode ser bastante perigoso para a economia brasileira.

Pauta

Na pauta de metas partidárias, Monteiro apontou a construção de um partido forte em consonância com o principal desafio do presente, que é o êxito do governo Dilma. Para isso, ela tem de honrar os compromissos de campanha. Ou sejam de não apenas ser continuidade do governo Lula mas de avançar. “Nós, do PCdoB, fazemos parte deste governo, temos de construir um partido à altura do desafio futuro de um País soberano, democrático e socialista. O caminho é a luta por um novo projeto nacional de desenvolvimento, que insira mais brasileiros na economia, na produção”.

Com cerca de 300 mil filiados, a legenda pretende chegar a 2012 com 500 mil partidários em todo o Brasil, o que considera uma meta alcançável, em razão da grande aceitação da legenda e de seus representantes.

Em sua palestra, a dirigente de Quadros, Fabiana Costa falou de questões mais específicas no âmbito não só da filiação quanto da manutenção desses nas fileiras da legenda, a preparação de cada um; o acesso às informações e sua disseminação intraquadros. A importância de se estabelecer debates políticos com as bases de forma permanente para que os filiados se incorporem às tarefas e frentes da legenda, permitindo até mesmo uma oxigenação permanente nas esferas de direção, são outros desafios a serem superados.

No âmbito local, o Secretário Estadual de Organização, Richard Romano, fez um levantamento da situação estrutural da legenda, seus quadros e a necessidade de se promover uma filiação em massa dentro do propósito de consolidar o PCdoB nas principais regiões de Minas. “Temos de ampliar o número de representações onde ela ainda é pequena e levá-la a espaços onde inexiste”.

Para Romano, é fundamental colocar em prática as estratégias de crescimento e expansão em curtíssimo prazo, pois as demandas se configuram já para as eleições municipais. Até março de 2012, anunciou, a meta é instituir em Belo Horizonte, Contagem e Betim quadros intermediários de filiados para a militância política voltada às eleições. Desafios para os quais conclamou os integrantes da legenda a se transformarem em militantes de uma causa maior: viabilizar o socialismo, viabilizar uma nova Minas Gerais, um novo Brasil.

De Belo Horizonte,
Graça Borges