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Otan acusada de matar 85 civis em bombardeio na Líbia

O regime líbio acusou nesta terça-feira (9) a Otan de ter matado 85 civis 85 civis – 33 crianças, 32 mulheres e 20 homens pertencentes a 12 famílias. Os civis morreram na segunda-feira (8) em Majer.,em ataques aéreos contra um povoado próximo à cidade de Zliten (este).

"O povoado foi atacado para que os rebeldes pudessem entrar em Zliten pelo sul", declarou o porta-voz Mussa Ibrahim a um grupo de jornalistas levados ao lugar.

"Às 23H00 (18H00 de Brasília) caíram três bombas. Os habitantes correram para as casas bombardeadas para salvar seus parentes e foram atingidos por outras três bombas", completou Ibrahim nesta localidade situada a 10 km de Zliten, 150 km a leste de Trípoli.

Em uma primeira reação, a Otan indicou nesta terça que não há provas sobre a suposta morte de 85 civis durante um de seus bombardeios realizado na segunda-feira em Majer, povoado ao sul de Zliten (oeste de Líbia), apesar do denunciado anteriormente pelo governo líbio.

"Neste momento, não temos provas de vítimas civis", afirmou o porta-voz da operação "Protetor Unificado" da Otan na Líbia, coronel canadense Roland Lavoie, durante uma entrevista coletiva à imprensa transmitida para Bruxelas do quartel-general de Nápoles, no sul da Itália.

O alvo do ataque em Majer foi "legítimo" porque era de natureza "militar", por tratar-se de duas antigas instalações agrícolas utilizadas com fins bélicos pelas tropas leais ao regime de Muamar Kadhafi, explicou o porta-voz.

"A Otan toma precauções extremas para não atingir civis inocentes que vivem ou trabalham próximo" dos alvos atacados, ressaltou.

No domingo passado, os rebeldes anunciaram que tinham adotado uma "posição defensiva" na linha de frente de Zliten para resistir a um contra-ataque das forças de Kadhafi.

Os rebeldes, provenientes de Misrata, cerca de 50 km a leste, tentam há uma semana tomar essa cidade de 200.000 habitantes.

Os jornalistas viram quatro casas destruídas ou quase totalmente destruídas. Elas tinham sido atingidas por bombardeios, indicaram autoridades locais, afirmando que havia corpos sob os escombros. Mas era possível ver uma escavadora e estava parada.

No necrotério do hospital central da cidade, havia cerca de trinta corpos, entre eles duas crianças e uma mulher que foram exibidos aos jornalistas, assim como outros corpos destroçados.

Em Benghazi, bastião dos rebeldes no leste, o presidente do Conselho Nacional de Transição (CNT), órgão político dos rebeldes, Mustafá Abdelkhalil, destituiu na segunda-feira todo o "gabinete executivo".

Apenas Mahmud Jibril, equivalente a um primeiro-ministro que dirige o Executivo, foi mantido em suas funções e ficará encarregado de criar uma nova equipe.

"Erros administrativos ocorreram recentemente" no Executivo, disse Abdelkhalil, quem pediu que o futuro governo esclareça a "conspiração" do assassinato em 28 de julho do chefe militar da rebelião, general Abdel Fatah Yunés.

Sua morte provocou especulações sobre divisões da rebelião ou a existência de uma possível "quinta coluna" atrás das linhas rebeldes. Uma investigação do CNT está em curso.

Na frente diplomática, o CNT abriu oficialmente a sua embaixada em Londres nesta terça-feira.

O ministro de Relações Exteriores britânico, William Haghe, saudou a instalação oficial do novo representante líbio, nomeado pelo CNT no fim de julho, considerando que "isto ilustra claramente a mudança fundamental que está ocorrendo na Líbia".

O encarregado de negócios Mahmud Nakuh, representante máximo da Líbia em Londres, abriu oficialmente a embaixada com o hasteamento da bandeira tricolor (preta, vermelha e verde), com uma meia lua, proibida pelo regime de Muamar Kadhafi há mais de quarenta anos.

Nakuh qualificou o momento de "muito importante", prometeu que a missão diplomática "servirá a toda a comunidade líbia, sem distinção de orientação política" e agradeceu o apoio do governo britânico à rebelião líbia.

Ainda nesta terça, o Canadá ordenou aos representantes diplomáticos da Líbia que deixem o país nos próximos cinco dias e bloqueou seu acesso às contas bancárias da embaixada, disse o ministro das Relações Exteriores, John Baird.

Fonte: Terra e Agências