Abaixo-assinado defende universidade democrática

Um abaixo-assinado encaminhado e apoiado por docentes de várias instituições, públicas e privadas, denuncia práticas arbitrárias nas universidades brasileiras. O lançamento ocorreu após a demissão do professor Lincoln de Abreu Penna. Veja a carta.

Carta de apoio e solidariedade a Lincoln de Abreu Penna

O prof. Dr. Lincoln de Abreu Penna conhecido na comunidade acadêmica por suas práticas democráticas e sua competência consolidada vem trazendo suas contribuições à Universidade, à Docência e à Pesquisa, passando sua trajetória por experiências administrativas, há longo tempo. Sempre agiu com lisura e dignidade nas várias instituições em que trabalhou.

Na mesma tônica diz o prof. Dr. Aluízio Alves (UFRJ/PUC) “(…) o professor Lincoln é altamente estimado por colegas e alunos, sendo mesmo uma referência universitária quer seja pela competência ou pela educação. Participei e continuo participando de vários projetos políticos e acadêmicos com o professor Lincoln, podendo afirmar que ele sempre prima pela lisura, capacidade de liderança, seriedade com que assume o que faz e coerência de propósitos. Por fim, Lincoln produz muito. Seus trabalhos são originais, bem pesquisados, redigidos com esmero, politicamente corajosos e sem dúvida desfrutam de grande prestígio na comunidade acadêmica”

Lincoln Penna, companheiro de muitas jornadas, sempre em prol da democracia e da transparência foi, recentemente, alvo de práticas arbitrárias e discutíveis, ao ser demitido do Programa de Pós Graduação em História da Universidade Salgado de Oliveira, cujo Coordenador, prof. Dr. Jorge Prata, sem convocar o Colegiado do Programa, assinou sua demissão, argumentando dificuldade de relacionamento com colegas e avaliação insuficiente da CAPES em seus trabalhos.

Não podemos aceitar, em silêncio, este comportamento por parte de setores da comunidade acadêmica. Por omissão ou conivência deliberadas, gestamos o melhor ambiente para o apadrinhamento e o autoritarismo.

No espaço do livre pensamento, do debate intelectual, da autonomia universitária não se pode silenciar diante de desmandos que florescem em várias Universidades, em nome da produtividade, de avaliações externas, de concessão de Bolsas de Pesquisa.

Compactuar com determinadas práticas implica em aceitar a subserviência política e intelectual no espaço da produção do conhecimento e da autonomia universitária.

Portanto, docentes de várias Universidades e Instituições de Pesquisa e Ensino levantam suas vozes para repudiar esta prática nefasta às instâncias democráticas e à desestabilização das relações de trabalho. Que estejamos atentos à ampliação de injustiças que ocorrem, seguindo a mesma argumentação, em outros espaços acadêmicos.

O silêncio interessa aos que vivem na sombra.

Veja abaixo a resposta do professor Lincoln de Abreu Penna

O direito de ter ideias se fortalece com a defesa do direito de contestá-las
(Barbosa Lima Sobrinho)

Fui demitido do Programa de Pós-graduação em História da Universidade Salgado de Oliveira – UNIVERSO. Fato que seria corriqueiro, ou pelo menos nada excepcional, não fosse a quebra das normas caras aos programas credenciados pela CAPES, que recomenda a observância de ritos acadêmicos, independentemente de tratar-se de Instituições de Ensino Superior (IES) públicas ou privadas.

O coordenador do referido Programa, professor Jorge Luís Prata de Souza, sem reunir os docentes que integram o colegiado exonerou-me baseado, entre outras justificativas, as de não ter um bom relacionamento com os colegas e possuir uma produção na área de História mal avaliada pela comunidade científica, conforme divulguei para alguns colegas. A indignação destes foi imediata, quando surgiu um documento / manifesto em meu apoio, que avalio ter sido motivado não apenas pela amizade, mas pelo absurdo processo sumário, aliado ao desrespeito por alguém merecedor do reconhecimento pelo trabalho realizado ao longo de quase 50 anos de magistério.

Oportuno que se diga o seguinte. Este ato não foi – e se não houver pronta condenação da comunidade acadêmica – nem será isolado. Têm-se notícias a todo instante de desrespeito das normas aludidas acima. O silêncio involuntariamente acaba por tornar esses atos covardes, quase sempre adotados nas férias ou nos intervalos entre um semestre e outro, mais do que usuais. Diria que tendem a se tornarem rotineiros.

O propósito dessa manifestação é, assim, o de impedir que essas práticas intoleráveis se reproduzam. Sobretudo, num momento em que se busca aperfeiçoar e aprofundar a democracia duramente conquistada. E as IES são e devem ser cada vez mais, espaços de fortalecimento da democracia orgânica na direção do cumprimento de ritos institucionais, sem o que a ampliação de direitos, dentre eles o de divergir e contestar atitudes com vistas ao bem comum, não prosperará.

Lincoln de Abreu Penna

Clique aqui para assinar o abaixo-assinado: http://www.peticaopublica.com.br/?pi=P2011N13095