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Honduras é novamente palco de revoltas contra a direita

Ao menos 11 pessoas morreram em Honduras em um enfrentamento armado entre lavradores e agentes de segurança de fazendeiros no setor do Bajo Aguán, na região norte do país. De acordo com o ministro da Segurança, Óscar Álvarez – um dos articuladores do golpe de Estado contra o governo democrático, há dois anos –, o confronto teria se originado em decorrência de disputas de terras


 
Seis pessoas morreram no domingo (14) e os corpos de outras cinco, três homens e duas mulheres, foram encontrados na segunda-feira (15) perto do crematório municipal de Tocoa, no Estado de Cólon.
 
 

As terras do Bajo Aguán, uma região fértil com cultivo de palmeiras africanas, bananeiras e frutas cítricas, estão nas mãos de alguns poucos fazendeiros que as adquiriram ou grilaram dos camponeses beneficiados pela reforma agrária e que, agora, lutam para recuperá-las.

Nas disputas de terra já morreram cerca de 50 trabalhadores, segundo dirigentes do Movimento Unificado Campesino del Águan (Muca). Para evitar novos enfrentamentos violentos, Álvarez anunciou o envio de 600 militares e policiais, que formaram uma força-tarefa conjunta para organizar a segurança na região, em uma operação que foi chamada de Xatruch II.

O ministro informou que a ordem é para que armas de guerra sejam apreendidas e que as pessoas encontradas com elas sejam acusadas pelos tribunais por porte ilegal de armas, que dá até nove anos de prisão sem direito ao pagamento de fiança. O vice-ministro da Segurança, Armando Calidonio, alega que, no confronto de domingo, cerca de 300 campesinos teriam atacaram a tiros os agentes de segurança da propriedade. Segundo ele, quatro dos mortos eram guardas.

Estudantes em marcha

O governo estabelecido pela direita agora enfrenta também uma revolta nas escolas do país. Nesta capital, os estudantes hondurenhos prosseguem com os protestos contra a privatização da educação, processo em vigor há duas semanas.

Nas ações desta segunda-feira (15), os alunos do secundário ocuparam vários estabelecimentos de ensino e reiteraram que não aceitam a política do executivo para o setor. As autoridades suspenderam, entretanto, a aplicação do decreto que prevê a entrega do ensino público à lógica do lucro, mas os estudantes acusam o governo e a maioria que o apóia de manter a discussão da norma no parlamento com o objetivo de voltar ao tema dentro de mais algum tempo.

"Se pretendem calar-nos com pressões estão enganados. Vamos manter a nossa posição até que anulem a lei", afirmou a estudante Sara Ávila à rede sul-americana de TV Telesur, referindo-se à declaração do presidente, Porfirio Lobo, que, semana passada, ordenou à polícia o fechamento das escolas onde “os alunos não queiram ter aulas”.

Além de rejeitar a privatização, os discentes exigem ainda aumentos nos subsídios de transporte e garantias de segurança nos centros educativos. Contra a impunidade A luta dos estudantes do ensino secundário se amplia quando, entre o povo hondurenho, se consolidam as reivindicações do fim da impunidade, da defesa da reparação das vítimas do golpe de Estado de 28 de junho de 2009, e da libertação dos presos políticos.

No último dia 28, cerca de 10 mil pessoas marcharam em Tegucicalpa pela concretização desses objetivos, iniciativa de massas que ocorreu no dia em que se cumpriram dois anos e um mês sobre a intentona que derrubou o então presidente do país, Manuel Zelaya.
 
Junto à sede local da ONU, onde terminou o protesto, Zelaya, acompanhado por dirigentes da Frente Nacional de Resistência Popular, entregou uma carta aos representantes das Nações Unidas exigindo o envio de uma equipe que investigue as violações dos direitos humanos e a repressão que se tem abatido sobre a população nos últimos dois anos.

Fonte: Correio do Brasil