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Missão brasileira de visita à Líbia continua retida na Tunísia

Uma delegação de deputados federais e de ativistas sociais brasileiros, que deixou o país no último domingo (14) para testemunhar a agressão a civis realizada pelo Pacto Militar do Atlântico Norte (Otan) na Líbia, Norte da África, continua retida na Tunísia, informou nesta quarta-feira (17) o escritor Mário Augusto Jakobskind, que faz parte da missão brasileira.

Bombardeio da Otan corta ligação rodoviária entre Líbia e Tunísia

Com ele, estão os deputados Brizola Neto (PDT-RJ) e Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), além do advogado Felipe Boni de Castro e a militante feminista Alzimara Bacellar. Eles viajaram a convite do governo líbio, que pretende envolver o Brasil na pressão sobre o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) para pôr fim aos ataques da Otan ao país presidido por Muamar Kadafi.

A programação de uma semana, que inclui visitas da delegação brasileira a hospitais de Trípoli, capital líbia, e encontros com autoridades e a população civil, corre o risco de não se efetivar, uma vez que os ataques aéreos das tropas da Otan interromperam a ligação rodoviária entre Líbia e Tunísia. Enquanto não chega ao destino, a delegação brasileira emitiu uma nota de repúdio aos bombardeios da Otan.

Segundo a nota, transmitida por Jakobskind, a ação da Otan impede a entrada de ajuda humanitária na Líbia, além do direito de ir e vir dos cidadãos. Mesmo retidos em Túnis, capital da Tunísia, à espera de condições de segurança para entrar no país vizinho, eles mencionam que “a ação da Otan extrapola os princípios que afirmavam contextualizar sua atuação em território líbio”.

Isso porque, de acordo com a delegação brasileira, a Otan tem realizado ataques mesmo em regiões ocupadas por populações civis, sem forças militares governamentais. Por isso, entendem que “a única forma de acabar com a crise enfrentada pela Líbia é a realização de um plebiscito”, sob supervisão da ONU, para que os próprios líbios decidam que regime preferem.

Leia abaixo a íntegra da nota distribuída pela delegação brasileira:

Nós , integrantes da delegação brasileira que tem como missão ir à Líbia conhecer de perto a situação no país do Norte da África, que está sendo vítima de bombardeios diários, queremos manifestar nosso repúdio às recentes ações aéreas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) a vilarejos da cidade de Zhaltan. A ação está interrompendo a estrada que liga a Tunísia à Líbia e impedindo a entrada de ajuda humanitária àquele país, assim como o simples direito de ir e vir dos cidadãos.

Na noite de segunda-feira (16), tivemos a informação de que o médico líbio Heghan Abudeihna, ao atravessar a fronteira, foi atingido pelos bombardeios e integrantes da sua família foram vitimados.

Esses bombardeios estão impedindo, por hora, o ingresso da nossa delegação, que aguarda em Túnis a informação de que a região mencionada esteja sob controle das autoridades líbias. Somente com essas condições de segurança seremos autorizados a ingressar no país para realizarmos o nosso trabalho.

De antemão, fica possível atestar que a Otan está extrapolando os princípios e objetivos da sua atuação em território líbio, posto que na região atingida não se encontravam, até o início dos ataques da Otan na segunda-feira, forças militares governamentais ou quaisquer milícias que pudessem representar perigo às forças rebeldes.

Entendemos que a única forma de acabar com a crise enfrentada pela Líbia é a realização de um plebiscito, sob a supervisão da Organização das Nações Unidas (ONU), para que o povo decida o regime de sua preferência.

Delegação Brasileira na Tunísia

Com informações da Agência Brasil