Comerciários gaúchos reunidos em Ijuí por campanha salarial

O Sindicato dos Empregados no Comércio de Ijuí programou para a manhã desta quinta-feira (18), uma manifestação dos trabalhadores pela campanha salarial da categoria. A chuva atrapalhou a programação e uma caminhada pelas ruas da cidade acabou não acontecendo.

Sindicato dos Empregados no Comércio de Ijuí/RS - Divulgação/Sindicato dos Empregados no Comércio de Ijuí/RS

Os trabalhadores pretendiam deslocar-se até a sede do SINDILOJAS e simbolicamente soltar balões em frente ao sindicato patronal. O ato refere-se ao tema da campanha salarial 2011 “Chega de levar balão. 14% de aumento já!”

Nem por isso a categoria deixou de mobilizar-se e o ato aconteceu no auditório do Sindicato com a presença de trabalhadores do comércio, de sindicalistas representando 14 entidades de várias regiões do estado e de representantes do CONLUTAS, CTB e da Federação dos Empregados no Comércio de Bens e Serviços do RS (FECOSUL).

“Estamos mobilizados porque precisamos comunicar para categoria e para sociedade as nossas revindicações e as dificuldades nas negociações com os patrões, que muitas vezes não são compreendidas por todos”, disse a presidenta do Sindicato de Ijuí, Rosane Simon, após saudar os presentes. “Quando a sociedade percebe que a proposta de aumento do nosso piso salarial é de irrisórios R$ 0,21 centavos na hora, para trabalhar nos sábados e também nos domingos, os consumidores começam a perceber a nossa postura e nos ajudam a defender a nossa causa”, explicou.

Rogério Gomes dos Reis, Vice-presidente da FECOSUL saudou a todos pelo empenho. “Saímos de nossas cidades com chuva para mais este ato importante na nossa estratégia de mobilização contra uma estrutura organizada e planejada pela FECOMÉRCIO de arrocho nos salários por todo o estado”. Rogério lembra que a dificuldade das negociações em todas a regiões do estado é imposta por uma cartilha distribuída pela federação patronal que estabelece o limite máximo de reajuste, com a orientação de que “quanto mais baixo o reajuste, melhor”.

Defesa da contribuição assistencial

Outro assunto debatido foi o ataque do Ministério Público do Trabalho sobre a contribuição assistencial. No entendimento dos presentes, o MPT tem atuado de maneira impositiva interferindo e intrometendo-se na questão na “base da caneta, sem saírem dos seus gabinetes para conversarem com os trabalhadores”, como alertou Paulo Pacheco, do Sindicomerciarios de Caxias do Sul.

“Não vivemos mais em uma ditadura. O trabalhador tem meios de resguardar os seus direitos contra ações ditatoriais como as que o MPT tem tomado em todo o país. Precisamos lutar para que a lei que regulamenta a contribuição assistencial seja votada no Congresso Nacional e precisamos de organização para impedir esta intervenção que enfraquece os sindicatos e atenta contra a liberdade sindical”, defendeu Rogério Gomes dos Reis. Os trabalhadores estudam denunciar esta situação a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Reajuste pode ir a justiça

Diante do cenário que as recentes negociações tem estabelecido, onde as contrapropostas apresentadas para a categoria estão muito distantes dos 14% que os trabalhadores revindicam, os sindicatos cogitam retirarem-se das negociações, deixando a definição para a Justiça do Trabalho. As negociações também não avançam com relação as cláusulas propostas pelos trabalhadores como licença-maternidade de 180 dias, plano de saúde e auxílios creche e escolar. “Não podemos abrir mão de nossas revindicações. Temos que continuar firmes nas negociações por um reajuste melhor e acabando também com distorções como o banco de horas, que foi criado em um momento de muita recessão mas que não se justifica quando temos uma situação de pleno emprego e de desenvolvimento no país”, disse Paulo Pacheco. Ele defende a questão exemplificando que em apenas uma empresa supermercadista de Caxias o fim do banco de horas representaria 50 postos de trabalho a mais.

Uma nova manifestação dos comerciários está marcada para o dia 31 deste mês em Santa Cruz do Sul. Dependendo das negociações, Ijuí também poderá realizar um novo ato. “Alertamos os trabalhadores do comércio para que continuem mobilizados. No momento em que há um crescimento econômico exponencial no setor, as propostas de reajuste são muito baixas e isto dá um tom muito ruim na relação entre empregadores e trabalhadores. Temos que estar unidos e firmes para garantir uma reposição salarial justa e digna para a nossa categoria”, defendeu Rosane Simon.

Fonte: Sindicato dos Empregados no Comércio de Ijuí/RS