Contrarrevolucionários alegam controlar 95% de Trípoli
Dois dias depois da entrada em Trípoli dos contrarrevolucionários apoiados pelo imperialismo, o exército líbio detém o controle de "pequenas" áreas da cidade, de acordo com informações divulgadas pelos representantes das forças amotinadas. Já os rebeldes estariam presentes em 95% de toda a cidade.
Publicado 22/08/2011 19:18
Ao mesmo tempo em que se discute o que fazer com o presidente Muamar Kadafi no momento em que ele for encontrado pelas forças leais ao Ocidente, os líderes das nações que insuflaram o conflito reconhecem seus fantoches como os novos governantes do Estado norte-africano rico em petróleo.
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Em uma coletiva concedida nesta segunda-feira em Benghazi, epicentro dos protestos e reduto opositor localizado no leste do país, o chefe do Conselho Nacional de Transição (CNT), Mustafa Abdul Jalil, confirmou que a região de Bab al-Aziziya – área onde Kadafi estaria resistindo – e as áreas ao redor do complexo ainda não estão sob controle da oposição em Trípoli.
"Não podemos dizer que os rebeldes detêm o controle completo (da capital)", disse, acrescentando que "o real momento da vitória será quando Kadafi for capturado". De acordo com o representante do CNT no Reino Unido, Mahmoud Nacua, a oposição controlaria "95% da capital", sem oferecer no entanto qualquer evidência para isso, já que as forças amotinadas não superariam em número as tropas regulares do exército líbio.
Guerra de mentiras
O chefe do CNT confirmou a prisão no domingo de dois filhos de Kadafi: Saif al-Islam e Mohammed. Só que a TV Al-Arabiya anunciou que o terceiro filho de Kadafi, Saadi, cuja prisão havia sido anunciada no domingo, foi preso na verdade nesta segunda-feira. Mais tarde, a Al-Jazira informou que o exército ajudou Mohammed, o filho mais velho, a escapar da prisão domiciliar em que era mantido.
Os soldados do exército invadiram o lugar em que ele era mantido prisioneiro e o libertaram após confrontos com os amotinados, disse a emissora catariana.
Potências do Ocidente pressionam o líder líbio para que aceite sua derrubada depois de seis meses de guerra civil. "Muamar Kadafi e seu regime precisam reconhecer que seu governo chegou ao fim", trombeteou o presidente Barack Obama na noite de domingo.
Abdul Jalil, um dos chefes do CNT, disse que a "era Kadafi acabou", afirmando esperar que ele seja capturado "vivo". "A era Kadafi acabou", declarou, acrescentando que ele terá um julgamento justo. "Mas não tenho ideia de como se defenderá dos crimes que cometeu contra a população líbia e o mundo."
Ex-ministro da Justiça do regime Kadafi, Abdul Jalil desertou para o lado dos rebeldes em fevereiro, se tornando num piscar de olhos em um líder do conselho de transição. Hoje, está "cotado" pelo Ocidente como um dos homens-chave em um "futuro governo" do país.
Venezuela pede solução pacífica
Ao mesmo tempo em que as bombas da Otan assassinavam pessoas na Líbia, a Venezuela renovava sua convocação pela paz. "Peçamos a deus pelo povo líbio e povos do mundo: paz para o mundo!", conclamou neste domingo (22) o presidente Hugo Chávez, que propõe à comunidade internacional uma saída pacífica ao conflito.
Chávez qualificou de massacre a intervenção dos Estados Unidos e alguns países europeus, que apoiam política e militarmente as forças rebeldes.
"Falsos democratas estão demolindo Trípoli com bombas que caem de maneira descarada e aberta em escolas, hospitais, casas, centros de trabalho, fábricas e campos agrícolas", advertiu ontem no Palácio de Miraflores, onde foi realizada uma oração ecumênica em prol da saúde do dirigente.
De acordo com Chávez, os Estados Unidos e seus aliados criam um perigoso precedente para agredir países soberanos com o fim de apoderar-se de seus recursos.
"Temos que continuar neutralizando os planos que vêm do império ianque para desestabilizar o país e depois intervir nele, como na Líbia e na Síria", disse Chávez, lembrando aos venezuelanos o modus operandi do imperialismo no planeta.
"Eles semeiam violência, geram morte e destruição, para em nome da paz invadir e conquistar", sentenciou.
Chávez recordou que a Venezuela tem as maiores reservas de petróleo do planeta (296,5 bilhões de barris), que estão na mira de Washington ante a previsível escassez de hidrocarbonetos em um futuro não muito longínquo.
Com agências