Comunicação e ação partidária são temas de debate em PE

“A comunicação tem uma participação destacada na ação do PCdoB no sentido de dar conta das tarefas partidárias”, afirmou o presidente estadual do partido, Alanir Cardoso, ao abrir o Encontro de Comunicação realizado durante todo o sábado (20) na sede da legenda em Santo Amaro, no Recife. O evento contou com a participação de dirigentes e cerca de 30 filiados e militantes comunistas que atuam na área.

A direção nacional do PCdoB esteve representada pelo jornalista e editor do jornal Classe Operária, José Carlos Ruy, que compôs a mesa de trabalho com Inamara Mélo, secretária de Comunicação do Comitê Municipal do Recife, e Zélito Passavante, da Comissão de Comunicação do Comitê estadual.

Em seu pronunciamento, Alanir destacou ainda os “enormes” desafios do partido na atual conjuntura política e econômica mundial. Ele comentou a crise econômica por que passam os Estados Unidos e a Europa, bem como as mudanças políticas e sociais que acontecem em países do Norte da África e da Ásia, a partir de mobilizações populares, bem como o fato de que países emergentes como a China e o Brasil estão conseguindo crescer apesar da crise geral do capitalismo no mundo.

Alanir Cardoso avaliou ainda os oito meses do governo da presidenta Dilma Rousseff, com destaque para a queda de quatro ministros e a pressão política que o governo vem sofrendo, que “pode levar a graves dificuldades políticas”. Ele também destacou o crescimento econômico de Pernambuco, com a instalação de empreendimentos como a Refinaria Abreu e Lima, o Estaleiro Atlântico Sul, Transnordestina, a transposição do Rio São Francisco e a fábrica da Fiat.

O dirigente comunista ressaltou também o quadro eleitoral de 2012 e os desafios que estão postos para o partido, que, segundo ele, precisa ampliar a filiação de pessoas em condições de concorrer ao pleito do ano que vem. “Precisamos construir um partido mais amplo, mais complexo, mais diversificado”, afirmou. Ele destacou também a realização das conferências municipais e estadual, o processo de expansão da legenda e a necessidade de o PCdoB “se aproximar ainda mais dos trabalhadores”.

Dilma e a oposição



O editor da Classe Operária, José Carlos Ruy, iniciou sua palestra destacando que o que está por trás das dificuldades do governo Dilma “é a luta de classe”. “Não basta só querer as mudanças, pois a influência dos partidos e a força dos adversários são grandes”, disse ele, citando a atuação da imprensa como um dos obstáculos.

“A batalha exige um programa de governo avançado, que não se restrinja à luta contra a corrupção, que é uma obrigação e não programa de governo. Programa de governo é a melhoria da vida do povo, é o desenvolvimento e isso os tucanos não querem e até lutaram contra isso. A oposição não quer as mudanças, pois afetam seus interesses”, afirmou ao comentar o “apoio” que a presidenta vem recebendo do PSDB após a demissão de quatro ministros acusados de corrupção.

Ele lembrou a situação do Brasil no governo FHC. “Se essa crise mundial ocorresse naquela época, o País não resistiria e nós teríamos afundado”, avaliou.

PCdoB e a Comunicação

José Carlos Ruy discorreu também sobre os princípios gerais que norteiam a Comunicação no partido e os veículos que o partido dispõe hoje. Ele falou também sobre as diferenças entre o jornalismo praticado pela grande mídia e o jornalismo do PCdoB. “A grande diferença é que o nosso jornalismo tem programa e tem lado. E isso nós assumimos claramente”, afirmou.

Segundo o jornalista, a grande imprensa tem programa político e lado, mas não são neutros e mentem. “O nosso jornalismo não precisa mentir”, destacou.

“Somos a favor da classe trabalhadora, nós precisamos dizer a verdade, não precisamos adjetivá-la e temos programa político claro. O PCdoB não pode tergiversar sobre isso, ao contrário da grande mídia. Nós integramos a luta de classe, a luta ideológica, que tem seu programa e seus porta-vozes. Temos um lado inequívoco na luta de classe”, reafirmou Ruy.

Ele ressaltou ainda os princípios básicos do programa comunista. “O nosso programa quer o desenvolvimento econômico e o fortalecimento das forças sociais visando à construção do caminho de transição para o socialismo. O nosso programa é o nosso norte”, ressaltou.

José Carlos afirmou ainda que os comunistas não podem ter dúvidas sobre em qual lado se encontram, “inclusive em nível internacional”, citando como exemplo a Argentina e a Venezuela, “que não são o lado da imprensa nacional”.

Esforço para comunicar

Ao discorrer sobre os atuais veículos de Comunicação do partido, o editor da Classe lembrou que durante o Estado Novo (1937-1945) o PCdoB possuía a segunda maior rede de comunicação do País, superada apenas pelo conglomerado de Assis Chateaubriand. “Nunca abrimos mão do nosso esforço de comunicação mesmo durante a ditadura militar”, disse.

Ele contou como os comunistas se organizaram para manter a Classe Operária em circulação, mesmo com o partido na clandestinidade. “As notícias do partido eram transmitidas via rádio. Em alguns Estados, elas eram organizadas e reproduzidas em mimeógrafo, que, por causa da repressão, era continuamente despachado de uma cidade para outra, de ônibus. Outros camaradas faziam cópias do jornal em máquinas de escrever manual. Isso é emocionante e revela a obstinação do partido com a comunicação”.

José Carlos Ruy comentou ainda a situação dos principais veículos de comunicação do partido hoje: o Portal Vermelho, o jornal Classe Operária e as revistas Princípios e Presença de Mulher.

As palestras foram sucedidas por debate que se estendeu até o final da tarde e teve intensa participação da plateia.

Do Recife,
Audicéia Rodrigues