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Para analistas esforço fiscal é insuficiente para baixar juros

O esforço fiscal, representado pelo aumento de R$ 10 bilhões no superávit primário (economia de recursos para pagar os juros da dívida pública), anunciado no último dia 29 pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, não será suficiente para baixar os juros.

A avaliação foi feita pelos economistas Cláudio Considera, da Universidade Federal Fluminense (UFF), e Edmar Bacha, consultor-sênior do banco de investimento BBA. Eles participaram do seminário promovido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no Rio de Janeiro, para comemorar os 40 anos da Revista Pesquisa e Planejamento Econômico.

Cláudio Considera, ex-secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda entre 1999 e 2002, disse que é preciso analisar com mais profundidade o que representam esses R$ 10 bilhões. Para ele, o corte na taxa de juros precisa vir acompanhado de outras medidas relacionadas, por exemplo, à questão da indexação da poupança.

“A indexação da poupança impede que a taxa de juros caia abaixo de um certo ponto, porque a taxa de juros dá 6% real. Você não vai conseguir baixar muito a taxa Selic com essa indexação. Mas ninguém quer falar disso. Esse assunto vira tabu”, disse Considera.

Outro especialista, Edmar Bacha, que é ex-presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), tido por alguns como o pai do Plano Real, também tem a mesma opinião em relação ao esforço fiscal versus taxa de juros.

Ele acredita que ainda não é possível reduzir os juros. “Eu acho que ainda estamos com pressões inflacionárias muito substantivas, porque o mercado de trabalho está muito apertado. Não esqueçamos que, no ano que vem, o salário mínimo vai subir 14%. Por isso, é bom que a gente tenha, dessa vez, o lado fiscal ajudando o lado monetário para não precisar subir os juros tanto. Mas, eu acho que não é hora de baixar, ainda não”.

Para Bacha, no entanto, não há necessidade de desindexar a poupança para que haja redução dos juros. “Quando chegarmos a 6%, vai precisar. Mas ainda falta muito caminho até lá”.

Fonte: Agência Brasil