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Polícia ainda procura assassinos de Toninho, após 10 anos

Dez anos depois e Campinas ainda não sabe quem matou o prefeito Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT, assassinado com um tiro na noite de 10 de setembro de 2001, véspera dos atentados de 11 de setembro nos Estados Unidos. Desde então, quatro investigações foram abertas, uma delas ainda em andamento, mas sem previsão de conclusão.

sua morte é cercada por teorias, questionamentos, saudades e lembranças. A EPTV conversou com a família e os responsáveis pelas investigações da morte do prefeito.

Em entrevista, Marina Garcia Costa Santos, filha de Toninho, fala sobre a morte do pai, a saudade, política, a espera por uma resposta, a pipa símbolo da campanha, os planos para Campinas, o sonho de ser prefeito e o último recado deixado pelo pai no seu celular.

A morte

Toninho foi encontrado morto dentro do carro que dirigia, um Pálio Prata, na Avenida Mackenzie, em Campinas. O prefeito tinha saído do Shopping Iguatemi e seguia para a casa, no bairro Notre Dame.

Segundo relato de Marina Garcia, ela e a mãe souberam da morte de Toninho por intermédio de um policial militar, que atendeu seu celular: "Quer falar com o prefeito?", disse o policial. "Desconfiamos, ficamos preocupadas, eu e minha mãe. Por isso, ligamos para a Polícia Militar e perguntamos se tinha acontecido alguma coisa com o prefeito, uma vez que, com a ligação, pensávamos que ele tinha sido sequestrado. Mas o policial da central de emergência disse que o prefeito tinha morrido", relembra Marina.

Em 2001, a Polícia Militar não explicou porque um policial atendeu o telefone do prefeito e apenas informou que eles foram os primeiros a chegar ao local, após receberem ligações de motoristas que passaram pela avenida e estranharam ver um carro batido, com os faróis apontando para uma placa de propaganda. A batida foi registrada pelo circuito de segurança de uma concessionária, que fica do outro lado da via.

Medo

Toninho não andava com seguranças por não acreditar que corria risco. "Ninguém nunca imaginou isso. Ele pensava que poderiam atacá-lo de outras formas, nunca matando", conta a filha.

"Meu pai andava com o vidro aberto e dizia que, se fossem abordá-lo, tinham que ver que era o prefeito que estavam assaltando. Era assim que ele pensava: que combateria o crime de forma direta", conta Marina.

"Antônio não gostava de andar com o carro da prefeitura, pois achava que era um funcionário público qualquer… A única que andava com segurança era Marina [filha]. Ele temia que pudesse acontecer alguma coisa com ela, mas nunca pensou que ele seria o alvo", relembra a viúva de Toninho, Roseana Garcia.

Investigações

A Polícia Civil de Campinas assumiu o caso que, após três meses, foi transferido para a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Capital. O resultado das investigações foi encaminhado à Justiça de Campinas. Os promotores da cidade buscaram novas provas e mais depoimentos.

Os documentos apontavam que o grupo do sequestrador Wanderson Nilton de Paula Lima, conhecido como Andinho, tinha matado o prefeito. Os motivos, no entanto, nunca foram esclarecidos. A conclusão é de que integrantes desse grupo estavam no Vectra prata de onde partiu o tiro que matou Toninho.

Em novembro de 2010, o juiz José Henrique Torres determinou a reabertura das investigações, após rejeitar os documentos apresentados, sob argumento de que a Polícia Civil não encontrou provas concretas do crime.

A família de Toninho comemorou a decisão da Justiça. "A única vitória nesses 10 anos foi a reabertura do caso. Ficamos felizes porque concordamos que a Polícia Civil não juntou provas nem encontrou a arma do crime. A própria polícia de Campinas diz não ter estrutura para seguir com as investigações", defende Marina.

As investigações mudaram de mãos por duas vezes e agora estão sob responsabilidade do delegado seccional de Campinas, José Carneiro Rolim Neto, e do delegado do Setor de Homicídios e de Proteção à Pessoa (SHPP) da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Campinas, Ruy Pegolo.

Segundo o delegado seccional, Pegolo é quem poderia responder sobre o andamento do caso, mas neste mês de setembro ele está em férias e, quem falou sobre as novas investigações foi o delegado substituto, Luís Augusto Mita.

"O que posso dizer é que as investigações retornaram com base no inquérito anterior e os nomes e informações passadas pela viúva para a Polícia Civil", disse Mita, que informou que não se inteirou por completo do caso, mas pode dizer que algumas dessas pessoas já foram ouvidas.

Sem resposta

Um levantamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) mostra que pelo menos 52 mil crimes ficaram sem solução no País neste período de 10 anos em que a morte de Toninho é investigada.

"Não ter sequer uma resposta é muito doloroso, porque meu pai sempre lutou pela justiça. Tanto lutou que dedicou sua vida a isso. É duro ver que, mesmo assim, nada mudou, e que quem cometeu o crime está solto e ainda deve ter lucrado muito com isso", diz Marina.

A Polícia Civil informou que faz as investigações com tranquilidade, porque esse é um caso trabalhoso, e que não há previsão de conclusão dos trabalhos. O Código Penal prevê que o crime de homicídio prescreve em 20 anos. Em outras palavras, deixa de existir e, portanto, não é mais investigado.

A viúva diz que prefere que o crime prescreva a ver uma resposta errada, sendo tratada como final. "Se for para concluírem que Antonio morreu porque estava atrapalhando o trânsito ou que foi morto em um crime banal, prefiro que não concluam até que o crime prescreva", defende Roseana.

A filha de Toninho diz que ainda tem esperança de que o crime seja solucionado. "É triste falar isso, mas do jeito que passaram 10 anos, não desacredito que outros 10 passem sem sabermos a resposta", lamenta Marina.

Fonte: EPTV Campinas