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Protesto em embaixada mostra insatisfação de egípcios com Israel 

"Nossa dignidade foi restaurada. Não precisamos do dinheiro dos norte-americanos", disse Mohi Alaa, que participou dos protestos diante da embaixada israelense no Cairo, na madrugada de sábado (10). A indignação do jovem de 24 anos reflete a crescente frustração dos egípcios com Israel por conta da má relação com os palestinos.

Manifestantes tentam derrubar o muro no Cairo - Reuters

Nesta sexta-feira (9), manifestantes entraram em confronto com o Exército egípcio. Foram registradas quatro mortes no tumulto, e 1.049 pessoas ficaram feridas. Com a ajuda de martelos e pedaços de ferro, manifestantes subiram no muro e começaram a destruí-lo, cantando: "Levante sua cabeça, você é egípcio".

Israel já está envolvido em uma disputa com a Turquia, até então o mais próximo de seus poucos aliados muçulmanos, por conta do trato com os palestinos. "Esta ação mostra o estado de ira e frustração que o jovens revolucionários egípcios sentem em relação a Israel", disse um analista à agência Reuters.

Esse é o segundo grande ato contra a embaixada de Israel desde que cinco guardas da fronteira foram mortos por soldados isarelenses durante uma operação com homens armados. Na ocasião, o Egito chegou a ameaçar retirar seu embaixador.

Confronto

Para tentar dispersar os manifestantes, a polícia disparou para o ar e lançou bombas de gás lacrimogêneo. Pelo menos dois veículos policiais foram incendiados próximo à embaixada, localizada em um condomínio com vista para o Rio Nilo.

Na manhã de sábado (10), cerca de 500 manifestantes ainda permaneciam no local, alguns ainda jogavam pedras na polícia, que conseguiu dispersá-los.

O embaixador israelense Yitzhak Levanon e outros cerca de 80 israelenses tiveram que evacuar o local às pressas, mas um diplomata permaneceu no Egito para manter a embaixada.

O primeiro-ministro egípcio, Essam Sharaf, convocou uma reunião do gabinete para discutir a crise. O Egito colocou suas forças em alerta. Segundo a TV estatal do Egito, o ministro do Interior suspendeu as folgas dos oficiais e cancelou férias.

Após reunião do gabinete egípcio, o ministro da Informação, Osama Hassan Heikal, disse que todos todos os que incitaram ou participaram dos atos contra a embaixada de Israel no Cairo serão julgados por uma corte de segurança nacional de emergência.

"O Egito vai adotar medidas legais para transferir sob custódia os que se envolveram ou incitaram os eventos de sexta-feira para uma corte de segurança nacional de emergência", disse após reunião ministerial sobre a crise.

Retorno

Israel pretende enviar seu embaixador de volta para o Egito o mais rápido possível, informou neste sábado (10) o porta-voz do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Segundo Roni Sofer, assim que houver garantias de segurança, o embaixador deve retornar a Cairo.

A decisão foi tomada após manifestantes ocuparem o prédio da embaixada no Cairo , jogarem documentos pela janela e queimarem uma bandeira do Estado Judeu. 

Ameaça estadunidense

Durante os protestos, os Estados Unidos advertiram a junta militar egípcia da necessidade de atuar com rapidez para evitar um linchamento de israelenses na embaixada, que teria "muito graves consequências" para Cairo, informa neste domingo (11) o jornal Haaretz.

"Não há tempo a perder", disse o secretário de Defesa dos EUA, Leon Panetta, ao presidente do Conselho Supremo das Forças Armadas, Hussein Tantawi, durante uma conversa por telefone que aconteceu entre a madrugada de sexta-feira (9) para sábado (10) – antes da evacuação da sede diplomática.

Com informações da Reuters e agência EFE