20 meses após terremoto, Haiti enfrenta tremores políticos
Às 16h53 (hora local) do dia 12 de janeiro de 2010 um terremoto sacudiu a terra e a história do Haiti, mas 20 meses depois daquela tragédia, outros tremores estremecem o país caribenho.
Publicado 12/09/2011 20:15
Percorrer a capital Porto Príncipe é encontrar-se ainda com os vestígios do abalo sísmico: as ruas seguem cheias de lixo e escombros, as casas e os edifícios estão destruídos, as covas, transbordadas, a gente sem esperança.
Cerca de 300 mil pessoas morreram como consequência do tremor e dois milhões ficaram sem teto. Destes, mais de 580 mil residem em acampamentos onde a situação é cada vez mais crítica.
Segundo a Organização Internacional para as Migrações, um quarto das vítimas foram pressionadas a abandonar as tendas nos últimos seis meses e organismos de ajuda asseguram que não têm condições de conseguir casas para tanta gente.
Passam-se os dias e cresce o número de atingidos por cólera, uma epidemia que já deixou mais de 6,2 mil mortos. A Organização Panamericana de Saúde estima que a cifra pode ser triplicada devido à temporada de chuva e às condições de insalubridade.
Menos de 2% dos nove milhões de habitantes deste país têm acesso a água potável e quase a totalidade da infra-estrutura foi destruída.
Em reuniões ocorridas em abril deste ano, o Conselho de Segurança das Nações Unidas reconheceu a necesidade de alcançar progressos rápidos e tangíveis no apoio internacional como requisito para a estabilidade da nação caribenha.
Mas a ajuda não se materializa nas condições de vida da população e a economia haitiana é cada vez mais insuficiente.
Contudo, não são só econômicos ou sociais os terremotos que seguem estremecendo o Haiti.
O presidente Michel Martelly enfrenta há pelo menos dois meses uma crise política com o Parlamento, dominado pela oposição, que se nega a aceitar as propostas para o cargo de primeiro ministro feitas pelo presidente.
Os congressistas rechaçaram em junho passado a candidatura do empresário Daniel Rouzier, em seguida a do jurista Bernard Gousse, e agora se analisa a nomeação do médico Garry Conille, para mais informação, assessor do ex-mandatário estadounidense Bill Clinton.
Assim, Martelly afirma que não pode fazer com que seu governo funcione sem Gabinete.
Um abalo sísmico de sete graus na escala Richter estremeceu o Haiti há 20 meses.
Mas nessa medição não entraram a desesperança do povo, a torpeza dos políticos ou a imobilidade de um mundo tão interessado nos primeiros dias, mas que depois esqueceu o assunto.
Se esses fatores tivessem sido levados em conta, seguramente a escala haveria marcado alguns graus mais.
Fonte: Prensa Latina
Tradução: Luana Bonone