A Otan não é bem-vinda em Portugal
Em novembro passado, por ocasião da Cúpula de Lisboa, a Otan procedeu à reforma da sua estrutura de comando estratégico e operacional, tendo anunciado a decisão de transferir para Portugal o “comando operacional” da Força Marítima de Reação Rápida, conhecida pela designação ‘Strikfornato’.
Por Rui Namorado Rosa, em odiario.info
Publicado 12/09/2011 11:44
Este ‘comando operacional’ abarca a Sexta Esquadra dos Estados Unidos da América e forças navais de outros estados membros, sob a autoridade do comandante da Sexta Esquadra e em direta coordenação com o “Comandante Supremo das Forças Aliadas’” em Bruxelas.
A Sexta Esquadra opera sobre a Europa e a África, em conjunto com outros membros da Otan e outras “cooperações estratégicas” dos EUA. Esta Sexta Esquadra é o braço naval dos comandos dos EUA para a Europa (EUCOM) e para a África (AFRICOM).
No breve período de tempo desde a atualização do seu Conceito Estratégico, aqui em Lisboa em 20 de novembro passado, até hoje, a Otan já revelou no Norte de África – e mais evidentemente na Líbia – qual a sua natureza e ao que vem.
O secretário-geral da Otan desloca-se agora a Lisboa para encontros com o presidente da República, presidente da Assembleia da República, e com o primeiro-ministro, ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa de Portugal.
Foi anunciado que serão objetivos desta visita a referida transferência da ‘Strikfornato’ para Portugal e a configuração da participação portuguesa nas missões da Otan (Kosovo, Afeganistão, Somália, Líbia… ).
No entretanto, foi nomeado pelo Pentágono o contra-almirante norte-americano que comandará a Sexta Esquadra dos EUA e a Força Marítima de Reação Rápida, que ficarão sediadas em Portugal de acordo com a reforma da estrutura militar adoptada na última Cúpula da Otan.
A Otan não é bem-vinda em Portugal. Os objetivos e os meios pelos quais se rege e opera ofendem o povo português e a soberania de Portugal.
O Conselho Português para a Paz e Cooperação afirma a sua firme oposição e profunda preocupação com estas diligências que pretendem concretizar os gravosos planos da Otan, e em particular visam aprofundar o envolvimento do nosso país nas suas politicas crescentemente mais agressivas e suas ações bélicas ilegítimas e cruéis, seguindo um rumo que contradiz os sentimentos e interesses do povo português e os preceitos constitucionais que nos regem, um rumo que é desastroso para o bem-estar e o futuro de todos os povos, num mundo em gravíssima crise social e econômica.
Estamos hoje aqui, cada qual em nome das suas convicções e organizações, unidos em mais um ato de rejeição e protesto contra a existência da Otan e o comprometimento de Portugal nessa organização político-militar, unidos na luta pela paz e cooperação entre os povos, em oposição à exploração e agressividade do imperialismo.
Paz Sim, Otan Não!
*Intervenção proferida na concentração de protesto realizada em Lisboa em 8.09.11 contra a presença em Portugal do Secretário-Geral da Otan