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Símbolo de luta, D. Paulo Evaristo Arns completa 90 anos

Aos 90 anos, dom Paulo Evaristo Arns, cardeal e arcebispo emérito de São Paulo, é símbolo de luta pelos mais humildes e resistência contra a ditadura no Brasil. Ontem, quando comemorou seu aniversário, recebeu amigos e companheiros de militância em sua casa, em Taboão da Serra, Grande São Paulo, onde vive recluso.

dom paulo 90 anos

Aos 90 anos, dom Paulo Evaristo Arns, cardeal e arcebispo emérito de São Paulo, é símbolo de luta pelos mais humildes e resistência contra a ditadura no Brasil. Ontem, quando comemorou seu aniversário, recebeu amigos e companheiros de militância em sua casa, em Taboão da Serra, Grande São Paulo, onde vive recluso.

Entre os convidados a socióloga Margarida Genevois, ex-presidente da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo; Ivo Herzog, filho de Vladimir Herzog, jornalista assassinado pela repressão, em 1975, cuja morte Dom Paulo protestou veemente, bem como a morte do operário Manoel Fiel Filho, em 1976.

No local, foi celebrada uma missa pelo atual arcebispo de São Paulo, cardeal dom Odilo Scherer. O cardeal d. Cláudio Hummes, sucessor de d. Paulo Evaristo na arquidiocese, também estava presente. Todos os que participaram contaram que ele estava animado e com boa disposição. Neste ano, permaneceu 14 dias internado para tratar uma infecção na vesícula biliar.

"Tive três famílias na minha vida: a primeira foi aquela na qual nasci, a segunda foi a ordem franciscana e a outra é a arquidiocese", afirmou d. Evaristo Arns, ao agradecer a presença dos amigos em sua casa.

Seus 90 anos serão comemorados em público, no dia 1º de outubro, com uma cerimônia na igreja de São Francisco de Assis. Na ocasião, o arcebisto emérito plantará uma árvore por conta da proximidade do dia de São Francisco de Assis (4 de outubro).

Biografia

D. Paulo Evaristo Arns é de Forquilhinha, interior de Santa Catarina, mas foi nomeado arcebispo de São Paulo, em 1970. Três anos depois, foi proclamado cardeal pelo papa Paulo 6º. Durante os anos de chumbo, o cardeal combateu a ditadura e as desigualdades sociais. Já recebeu mais de 30 prêmios e certamente figura entre os que mais contribuíram por um mundo melhor. Criou a Comissão Brasileira de Justiça e Paz, que denuncia até hoje casos de tortura e assassinatos cometidos pelo regime militar, dando apoio às vítimas.



Dom Paulo Evaristo no velório do jornalista Vladimir Herzog / banco de dados OESP

O cardeal intercedeu no episódio que ficou conhecido como Chacina da Lapa, em 1976, quando parte da direção central do PCdoB foi atingida pela repressão matando três integrantes: Pedro Pomar, Ângelo Arroyo e João Batista Drummond.

O objetivo da ditadura era dar fim ao núcleo dirigente do partido, que conseguia sobreviver minimamente e comandou a maior resistência armada ao regime: a Guerrilha do Araguaia. Por conta de um delator, Jover Telles, membro do PCB, localizaram o grupo que se reunia na Rua Pio XI, na Lapa. A atuação de Dom Paulo pela defesa dos direitos dos presos políticos e a pressão que exercia no regime militar evitou que outros militantes fossem mortos.

da Redação, com agências