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Abbas confima pedido à ONU: "Estado palestino é direito legítimo"

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, confirmou nesta sexta-feira (16) que vai pedir à Assembleia Geral da ONU o reconhecimento de um Estado palestino como membro pleno das Nações Unidas.

"Vamos à ONU pedir pelo direito legítimo de obter o status de membro pleno para o Estado da Palestina dentro da organização", disse Abbas, durante discurso em Ramalá, na Cisjordânia.

Em seu pronunciamento, transmitido pela televisão, o líder palestino afirmou que espera o reconhecimento do Estado palestino no território definido pelas fronteiras anteriores à guerra de 1967, tendo Jerusalém Oriental como capital, afirmando também que os palestinos não vão desistir de colocar um fim à ocupação israelense.

"Não vamos nos render, não vamos desistir, mas todos consideram que isso é um avanço na nossa luta. E Deus nos ajudará no estabelecimento de nosso Estado palestino", disse Abbas.

O presidente da Autoridade Palestina também afirmou que o possível reconhecimento na ONU não significará uma ameaça à Organização pela Libertação da Palestina (OLP) – que, atualmente, tem apenas status de observador na organização.

"A OLP continua e continuará a existir da mesma maneira, até a resolução de todos os assuntos pendentes que existem. Não só até se chegar a uma solução, mas também até ela ser implantada."

Abbas também demonstrou que a Autoridade Nacional Palestina tem a capacidade de organizar instituições que permitam a sua independência e que está comprometida com o diálogo pela paz com o ocupante israelense.

Além disso, o presidente denunciou as políticas dúbias e inflexíveis do governo de Israel, que causaram o fim das negociações diretas de paz.

Sobre os ocupantes, Abbas reconheceu que "ninguém pode tirar a legitimidade de Israel. É um Estado, é reconhecido. Mas podemos isolar a política de Israel. Queremos tirar a legitimidade da ocupação, e não do Estado de Israel."

Abbas chamou a ocupação israelense de um pesadelo nas vidas dos palestinos. "Nós somos o único povo no mundo que está sob ocupação permanente", afirmou.

"Não estamos indo à ONU para voltar com a independência, esta não é a questão aqui. Mas queremos voltar como membros da ONU com base nas fronteiras de 1967 para discutirmos outros assuntos como fronteiras, água e segurança".

Demonstrando que não agem de modo a propiciar a paz na região, os Estados Unidos já anteciparam que vetarão o pedido do Estado palestino, sob o pretexto que a decisão não pode ser apenas "unilateral" e que tal movimento deve ter o aval de Israel.

Israel já tomou medidas de retaliação após o anúncio dos palestinos de que recorrerão às Nações Unidas para a criação de seu estado. Recentemente, o Ministério das Finanças do país confiscou os impostos arrecadados que deveria repassar para a Autoridade Nacional Palestina.

Netanyahu bate pé

O premiê israelense, Binyamin Netanyahu, renovou nesta sexta as ameaças e vituperações contra o reconhecimento do Estado palestino na Assembleia Geral da ONU.

"A paz não será alcançada mediante um pedido unilateral", insistiu Netanyahu em um breve comunicado divulgado à imprensa. O premiê ainda usou o acordo de unidade entre os palestinos, realizado este ano na cidade do Cairo, como um pretexto para insistir na posição.

Para ele, não há acordo possível com "organização terrorista", referindo-se ao Movimento de Resistência Islâmica, que governa a Faixa de Gaza.

Reconhecendo que está à beira de uma derrota histórica nas Nações Unidas, Israel procura agora forçar a organização a não reconhecer a Palestina como Estado, mas um status "inferior".

Segundo o jornal israelense, Netanyahu está fazendo o possível para derrubar a iniciativa impulsionada por Espanha e França, defendem o voto da União Europeia pela criação do Estado da Palestina, para um resolução que aceite a ANP como um membro "inferior"

O status de membro tem de ser aprovado pelo Conselho de Segurança, o que já foi antecipadamente vetado pelos Estados Unidos. "Se o status for inferior ao de Estado, estou disposto a falar disso", teria dito Netanyahu, de acordo com o diário.

Obter o reconhecimento como Estado é importante para os palestinos porque faria com que o país participasse de organismos internacionais, como o Tribunal Penal Internacional de Haia, onde poderiam denunciar a ocupação criminosa de seus territórios e as violações de direitos humanos cometidas contra sua população.

Os palestinos também poderiam assinar tratados multilaterais que fortaleceriam sua posição para negociar com Israel. Em outro movimento de pressão contra os aliados europeus, o vice-diretor geral do Ministério das Relações Exteriores israelense, Ran Koriel, e o vice-diretor geral para a Europa, Naor Gilman, convocaram os embaixadores da Espanha, da França, da Alemanha, do Reino Unido e da Itália para pressioná-los contra a iniciativa palestina.

Com agências