Renato Rabelo: “O PCdoB é um Partido em expansão”

A crise financeira mundial, o governo Dilma, a necessidade de se estabelecer um novo pacto político com o respaldo e a participação dos movimentos sociais e o projeto político-eleitoral do Partido para 2012, foram os principais temas abordados pelo presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, na abertura da 17ª Conferência Estadual da legenda em Pernambuco realizada na manhã de sábado (24), no Recife.

O dirigente iniciou seu pronunciamento traçando o perfil do Partido, destacando a capacidade dos comunistas de ampliar sua militância e de atrair lideranças importantes para seus quadros.

"Nosso partido, o PCdoB, é um Partido em expansão, em crescimento. É um Partido que tem nesses últimos três meses filiado muitas lideranças populares, gente de origem da academia, do meio operário, do meio sindical, da juventude, que é uma área em que o nosso Partido tem uma grande influência, e é um orgulho para nós que o PCdoB, que é um partido dos trabalhadores, tenha essa marca da juventude e das mulheres", afirmou.

Renato Rabelo destacou também a contribuição de Pernambuco para a expansão do Partido. "Aqui, o PCdoB tem tido também essa capacidade de filiar lideranças importantes, representativas da sociedade do Estado e do Recife".

Segundo ele, o número de filiações ainda pode aumentar. "Vejo a possibilidade de até o início de outubro o partido filiar ainda muitas lideranças importantes e essa possibilidade existe pelo Brasil afora".

Renato citou também os resultados do atual ciclo de conferências. "Nós temos mobilizado nessas conferencias, militantes que sempre compõem uma organização partidária que a essa altura já chegou a 132 mil militantes", comemorou.

Leia abaixo resumo dos principais temas abordados por Renato Rabelo no Recife.

Resolução do CC

"Na última reunião do Comitê Central, o nosso partido tirou uma resolução, que eu considero da mais alta importância porque essa resolução define nesses quase nove meses de governo da presidenta Dilma a primeira posição oficial do Partido Comunista do Brasil acerca do governo da presidenta Dilma. É uma resolução que compreende toda a realidade do mundo atual e do Brasil. É um esforço de sintetizar questões importantes que se relacionam".

Crise mundial

"A grande crise do capitalismo iniciada em 2007/2008 continua regendo e, de certa forma, definindo a dinâmica econômica, financeira, social e política do mundo. É uma crise que perpassa todo o mundo e o Brasil evidentemente sofre o impacto dessa crise. É, portanto, uma crise que influi na dinâmica desde a política, a economia, passando pelos aspectos sociais.

Então, nós não podemos compreender a realidade política de hoje abstraindo a dimensão, as particularidades e o conteúdo próprio dessa crise iniciada em 2008, a terceira grande crise desde o século 19. Essa é uma categoria em que o PCdoB trabalha.

Só que essa terceira grande crise do capitalismo, surge, desponta, evolui, em um mundo em transição, que é uma outra categoria em que o PCdoB já vinha trabalhando antes desta crise. Por isso mesmo que nós temos acentuado que a primeira grande questão como foco da nossa análise, da nossa compreensão é que a terceira grande crise do capitalismo ela se dá em um mundo em transição.

O mundo em transição era um mundo que, por um lado, já apresentava um declínio progressivo, gradativo, relativo da maior potência do mundo de hoje, que são os EUA, e de outro lado a ascensão de outros países, de outros focos de dinâmica crescente de desenvolvimento, que é o chamado Brics, sobretudo, a República Popular da China, que hoje é a segunda maior potência do mundo, rivalizando com os Estados Unidos e ultrapassando inclusive o Japão, o que evidentemente repercute no plano político, tendo portanto um papel importante na geopolítica mundial.

A terceira grande crise apressa esse processo de transição, pois atinge em cheio o centro do capitalismo, os EUA, a Europa e o Japão. Por outro lado, vem favorecendo, isso é o paradoxo da atual situação, o desenvolvimento de países como a China, a Índia, a Rússia, o Brasil e a África do Sul, que compõem o chamado Brics. Esse é o paradoxo da atual situação.

Governo Dilma

A nossa presidenta assume o governo no bojo de uma crise que já vinha de 2008, da qual de certa forma o governo Lula se saiu bem. É um governo novo, que procura conquistar autoridade, liderança, e ao mesmo tempo sofre o impacto de uma recidiva da crise mundial. Portanto, é um governo que nós temos de considerar essas condições. É um governo que tem o desafio de ir além do governo Lula porque é um governo de continuidade. Mas, não pode ser apenas um governo de continuidade porque vai paralisar. Todo na vida requer avanço e o grande desafio deste governo é avançar.

E nós compreendemos que o governo Dilma vem firmando ao longo desses quase nove meses a sua autoridade e a sua liderança. Nós podemos dizer que a presidenta Dilma comanda todo o governo. Ela é respeitada por todos os ministros e pouco a pouco ela vai se impondo na base político de apoio, que é muito ampla e heterogênea.

E, sobretudo, ela não se envolveu com essa tentativa da oposição – que tem a parte institucional, que são os partidos, e a parte midiática, que age sempre no sentido de oposição – de, num primeiro momento, colocar uma clivagem entre o governo Dilma e o governo Lula, explorar contradições entre um governo e outro justamente para incompatibilizar o governo da presidenta Dilma com o presidente Lula. Em um segundo momento, a oposição institucional-midiática procurou incompatibilizá-la com a base de apoio do governo, colocando com centro da agenda do governo a chamada "faxina". Mas, Dilma não se deixou envolver por isso.

Novo pacto político

É necessário um novo acordo em cujo centro esteja o governo, os trabalhadores e os empresários da produção, os empresários nacionais. Esse é o novo acordo, esse é o acordo político para nós mudarmos a política macroeconômica, abrir de fato o caminho do desenvolvimento econômico sustentável no Brasil. É também o caminho para conseguirmos maiores êxitos e avanços reais do governo.

Por isso, que o centro do embate político atual é exatamente a formação desse novo pacto político que leve em conta a soberania do País, o desenvolvimento do País e que alcancemos de fato uma economia moderna, uma indústria moderna com alto valor agregado para que o Brasil não seja um simples exportador de matéria prima e de commodities.

Esse é o caminho e isso passa por essa compreensão política. Não é simplesmente a gente compreender que é só caminho econômico. O caminho econômico para o desenvolvimento passa por um novo acordo, por um novo arranjo político em que esteja no centro não mais os círculos financeiros mais dominantes e sim os empresários da produção, os empresários nacionais, os trabalhadores. Esse é o caminho político para que a gente abra esse novo caminho.

Num quadro como esse, portanto, se abre a possibilidade de construirmos esse novo pacto político e o apoio dos movimentos sociais para isso é muito importante. O apoio do movimento sindical, da juventude, das mulheres, de todos os movimentos populares, nesse momento, é muito importante. A formação de novo pacto político tem de ter o respaldo dos movimentos sociais. Esse novo pacto tem nos movimentos sua força motriz, sua sustentação política e social.

Eleições 2012

O PCdoB tem como projeto político mais importante e imediato o projeto 2012. 2012 para nós é muito importante porque são eleições de base, são eleições municipais feitas pela base. É exatamente nessa fase que o Partido pode acumular forças e o nosso Partido vem nesse processo de acumulação de forças.

De 2004/2006 para cá o Partido passou a investir de forma crescente nas eleições majoritárias. Portanto, o partido não pode participar dos embates político-eleitorais parcialmente. Nós tínhamos de participar de forma plena. E isso nós começamos, sobretudo, de 2004/2006 para cá.

Agora, nós vamos fazer um investimento muito maior do que os que foram feitos em 2008 e 2010. A possibilidade agora é de nós elegermos prefeitos em cidades médias e capitais importantes. Portanto, nós vamos dar um passo além do que demos em 2008. Hoje nós temos candidaturas fortes, com grandes possibilidades em capitais importantes, como Porto Alegre e São Luís. Nós temos candidatos fortes a prefeito também em São Paulo (SP), Salvador (BA) e Rio Branco (AC). Todos com grandes possibilidades de êxito. Em Pernambuco, nós vamos ter candidaturas a prefeito de municípios importantes.

E o Partido surpreende, cresce, e desempenha um papel crescente, acumulando forças. Por isso, para nós as eleições de 2012 tem uma grande importância nesse processo de acumulação de forças e nós vamos participar em cerca de 32 cidades médias com possibilidades de viabilidade dessas candidaturas.

Fonte: Site de Luciano Siqueira