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Conferência recomenda que países pobres invistam na Internet

Num momento em que as empresas digitais cada vez mais alimentam o crescimento econômico, os países em desenvolvimento deveriam priorizar a instalação da infraestrutura necessária para que os seus cidadãos se conectem à Internet, disseram nesta semana participantes de uma conferência no Quênia.

O potencial da Internet para melhorar as condições de vida da população está sendo menosprezado nos países em desenvolvimento, onde apenas 21 por cento da população tem acesso à rede – bem menos que os 69 por cento no mundo desenvolvido.

Em um estudo publicado neste ano, a consultoria McKinsey concluiu que a Internet respondia por 21 por cento do crescimento econômico nas economias maduras, e que quase 8 trilhões de dólares mudam de mãos a cada ano por meio do comércio eletrônico.

Mas regiões como a África, carentes da infraestrutura de banda larga existente em países ricos, terão muitas dificuldades para estimular as operadoras de telecomunicações a investirem nas redes de telefonia celular que são necessárias para levar a Internet às massas — especialmente quando as massas têm pouca renda disponível para remunerar esse investimento.

"Os países em desenvolvimento não têm como sentar e esperar, porque as atividades online estão guiando as atividades offline", disse Joe Mucheru, diretor do Google para a África Subsaariana.

Os participantes do Fórum da Governança da Internet, patrocinado pela ONU, disseram que é preciso ampliar infraestruturas como cabos submarinos e redes sem fio para mercados onde a principal forma de conexão à Internet é por celulares.

Um aumento na capacidade de tráfego de dados e uma maior concorrência entre as empresas permitirá que os preços caiam e que mais gente se conecte, segundo funcionários de governos e empresas presentes na conferência.

Algumas operadoras de países ricos, enfrentando uma estagnação em seus lugares de origem, preparam grandes apostas nos países em desenvolvimento. A France Telecom, por exemplo, tenta dobrar seu faturamento no Oriente Médio e África nos próximos anos, chegando a 7 bilhões de euros (9,5 bilhões de dólares).

Sob a marca Orange, a empresa já está presente em diversos países africanos, incluindo Egito, Tunísia, Senegal e Quênia. Um dos seus projetos atuais é instalar um cabo submarino que melhore a conectividade da África Ocidental.

Hoje em dia, grande parte do tráfego africano da Internet é feito por satélites, com capacidade e conectividade inferior ao dos cabos – que no entanto demoram mais para serem instalados.

Na Nigéria, a compra da capacidade por megabyte na ligação Lagos-Abuja custa 1.100 dólares – quase o dobro dos 600 dólares para a mesma capacidade na ligação Lagos-Londres.

Fonte: Terra com reportagem adicional de Leila Abboud em Paris