Gadini: PCdoB apresentará propostas concretas e viáveis

Entrevista com o pré-candidato a prefeito pelo PCdoB de Ponta Grossa, Sérgio Luiz Gadini, publicada no Jornal da Manhã deste domingo, 02 de outubro de 2011.

Sérgio Gadini

O professor Sérgio Luiz Gadini é pré-candidato do PCdoB a prefeito de Ponta Grossa e quer discutir durante o processo eleitoral ações que resolvam as demandas do Município

Na série de entrevistas do Jornal da Manhã com ‘prefeituráveis’ ouvimos hoje o professor e integrante de movimentos sociais Sérgio Luiz Gadini, que é o pré-candidato do PCdoB à Prefeitura de Ponta Grossa. Ele destaca que a proposta do partido é discutir a cidade e as políticas públicas que ela necessita durante o processo eleitoral, com a apresentação de ações concretas e viáveis para serem implantadas.

Confira os principais trechos da entrevista:

JORNAL DA MANHÃ: O que levou o senhor a lançar a pré-candidatura a prefeito de Ponta Grossa pelo PCdoB?

SÉRGIO GADINI: Ao longo dos últimos anos eu participo de movimentos sociais em Ponta Grossa, me envolvi por opção, por um modo de entender a cidade mesmo, em um conceito de cidadania, e acredito que é fundamental a gente se envolver no debate sobre políticas públicas, nas mais diversas áreas, seja em cultura, seja em saúde, seja no transporte, seja na estratégia para melhoria do saneamento básico. Não há como pensar a cidade hoje sem o conceito de políticas públicas. Nesses diversos anos em que eu acompanhei os movimentos sociais, no momento da disputa eleitoral setores da população ficam de fora. Não são diretamente envolvidos. Nas últimas eleições eu me vi de certo modo desafiado a elaborar uma carta em defesa da cultura com alguns compromissos para que todos os candidatos assinassem. E aí nesse momento nós estamos cobrando. Mas a partir de agora, entendemos que é possível intervir mais diretamente nesse debate, e daí surgiu a nossa pré-candidatura. A cidade tem condição de melhorar em vários aspectos e aí, depois de uma avaliação entre alguns partidos, eu optei pelo PCdoB, que é um partido nacional que tem uma posição ideológica bem definida, que tem um projeto socialista para o Brasil. Trata-se de um partido que tem condição de dialogar com diversos setores da sociedade.

JM: A proposta é de dar voz a esses movimentos sociais?

Gadini: A proposta do PCdoB é entrar nesse debate e dizer que é possível uma outra cidade. Uma cidade mais participativa, uma outra cidade mais democrática, uma outra cidade de fato que observe e foque os problemas que nós temos. Não dá para pensar apenas em ações que supostamente resolveriam os problemas, como infelizmente as últimas eleições em Ponta Grossa foram marcadas, mas discutir e fazer um debate público de modo muito honesto. E dentro dessa proposta do PCdoB, naturalmente, quem são nossos aliados são os movimentos sociais e as entidades. Nós vamos procurar todos esses setores para convidae a entrar nesse debate. Essa é a nossa proposta.

JM: O senhor fala em pensar a cidade e discutir políticas públicas, mas como levar isso para a população durante a campanha?

Gadini: Naturalmente, nós vamos usar o espaço do horário político eleitoral, através do rádio e da televisão, e vamos visitar os mais diversos setores da sociedade apresentando as propostas do PCdoB. Nós queremos fomentar esse debate, e queremos também fundamentalmente convidar todos os candidatos a pensar a cidade com indicadores, com propostas mais concretas. Esse é o nosso desafio. Nós queremos que o debate para a sucessão municipal em Ponta Grossa em 2012 seja de fato marcado por propostas concretas e viáveis. E é aí que as coisas se tornam mais simples. Qual é a nossa tarefa nesse momento? Nós estamos dialogando com intelectuais, com colegas, com amigos, com os filiados do partido, para elaborar um retrato político e cultural da cidade. Nós vamos fazer um diagnóstico da cidade para apresentar à população o que nós podemos de fato atender. O PCdoB não vai apresentar nenhuma proposta mirabolante, não vai prometer algo que não vai poder cumprir. Nós queremos, fundamentalmente, qualificar esse debate. Nós também estamos abertos ao diálogo com outros partidos nesse momento para elaborar um plano viável para Ponta Grossa. O conceito de sociedade civil para nós é fundamental para reconhecer grupos que muitas vezes não se articulam pelo Estado, não se articulam pelos espaços oficiais de gestão, se articulam a seu modo nas mais diversas áreas.

JM: O PCdoB sempre foi um aliado histórico do PT. Dessa forma, qual é a avaliação que o senhor faz do PT e se existe a possibilidade do PCdoB e o PT caminharem juntos nas eleições municipais?

Gadini: O PT deu uma grande contribuição para o país. Principalmente na década de 90, com a implantação de uma gestão participativa. Em várias cidades o PT desenvolveu um modelo de orçamento participativo em que a população escolhia diretamente aonde deveria ser aplicado o dinheiro. Abriu espaço para a sociedade civil e não apenas entender a democracia como um artifício ou algo performático. O que aconteceu é que o PT foi registrando algumas transformações ao crescer e hoje enfrenta alguns problemas de identidade (…). Mas o PCdoB ainda tem uma afinidade política e ideológica com o PT, mas em Ponta Grossa o fortalecimento do PCdoB é buscar um diferencial.

JM: Neste momento pré-eleitoral, existe uma série de pré-candidatos, com ex-prefeitos, deputados, enfim, como encarar uma campanha diante desses fortes candidatos?

Gadini: Não há condição de falar que nós vamos concorrer de igual para igual diante desse cenário. Pra começar, se você tem um pré-candidato que é deputado, ele sai na disputa com toda sua assessoria, com toda a máquina administrativa da Assembleia Legislativa. Carros, telefone, assessores, enfim, uma série de estrutura. Nós temos presente essa limitação, mas o que a gente quer fazer, com toda a humildade, é entrar nesse debate e dizer pra cidade que essa disputa pode ser diferente, ciente das nossas limitações econômicas e políticas do ponto de vista das relações. No horário eleitoral vamos buscar mostrar as nossas propostas.

JM: O senhor frisou que o momento é de buscar indicadores sobre a realidade de Ponta Grossa, mas qual setor que deve precisar de maior atenção do Poder Público?

Gadini: É inegável que em qualquer consulta feita junto à população o principal problema levantado será a saúde pública. Nós temos noções das limitações orçamentárias, que existem no país todo, mas sabemos que pode existir um diferencial. Quando a gente compara com outras cidades do mesmo porte de Ponta Grossa, a esse estudo nós estamos realizando para apresentar à população, a gente verifica que a gestão de alguns serviços públicos em Ponta Grossa é mais complicada do que em algumas cidades do mesmo porte. O que significa isso? Tem alguns problemas de administração, de percepção, do modo como se administra. E nem sempre é só recurso o problema (…). Outro problema é a área do transporte. Não é possível comparar o modelo com ele mesmo, que agora é melhor do que há de anos. É preciso comprar o valor da tarifa média, a média de usuários, e aí por que é que a gente tem problema de trânsito em Ponta Grossa? Aumenta o poder aquisitivo da população sem que o sistema de transporte facilite o delocamento do morador do bairro ao centro e também no caminho inverso. Dessa forma. É óbvio que a pessoa vai buscar uma moto ou um automóvel para se deslocar. Se tivéssemos um transporte que resolvesse esse problema de deslocamento com eficácia, é bem razoável que nós teremos menores problemas no trânsito. O projeto do PCdoB é discutir a cidade de modo integrado. (…) Se compararmos o modelo de gestão de Ponta Grossa com outras cidades do mesmo porte vamos ver que é um modelo saturado.

Quem?

Sérgio Luiz Gadini é doutor em ciências da comunicação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos e pela Universidade Nova de Lisboa, em Portugal. Ele atua como professor adjunto da Universidade Estadual de Ponta Grossa, no curso de jornalismo e na especialização em ‘mídia política & atores sociais’ e é o presidente do Fórum Nacional dos Professores de Jornalismo.

Fonte: Eduardo Farias – Jornal da Manhã