Economista afirma que desaceleração não é motivo para pânico

De acordo com pesquisa divulgada terça-feira, dia 4, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção industrial caiu 0,2% no País em agosto ante julho, na série com ajuste sazonal.

No entanto, na comparação com agosto de 2010, a produção de bens de capital subiu 8,6%; a de bens intermediários teve expansão de 0,6%; a de bens de consumo duráveis aumentou 1,5%; e a de bens de consumo semi e não duráveis teve alta de 2,1%. Diante destes dados, o economista do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul e Região, David Fialkow, adverte que não há motivos para o mercado entrar em pânico.

O argumento do economista é baseado no fato de que a economia de hoje tem como base de comparação um elevadíssimo patamar, registrado em 2010, superior a 7,5%, o que se aproximou do ritmo chinês. Em outras palavras, se numa hipótese extrema a economia brasileira crescesse zero em 2011, repetiria o nível de 2010, o que foi excelente, ainda mais para o setor metalúrgico, que cresceu acima de 30%. Como a economia deve crescer cerca de 3 a 3,5%, isso significa que haverá margem à atividade produtiva, com o benefício de agora contar com a desvalorização do real (valorização do dólar), aliviando a pressão da importação.

Conforme Fialkow, percebe-se certa diminuição no ritmo de crescimento no Brasil e que tal deve ser pensado em pelo menos duas dimensões.  Uma que reflete o cenário internacional de instabilidade e de semi-estagnação dos países ricos (EUA, Europa e Japão), que pode persistir e se agravar, com consequências negativas ao conjunto da economia mundial. Outra dimensão, que mostra que a crise também abre uma janela de oportunidades, especialmente do Brasil e outros emergentes, fortalecerem seus mercado internos, assumirem posições econômicas e políticas de maior porte, ocuparem as posições até agora nas mãos da potências tradicionais e, com isso, levarem seus povos a condições melhores. O centro dinâmico da economia mundial está se deslocando do centro para a periferia.

Embora os países ditos centrais ainda detenham os maiores PIBs, representando 70% do PIB do mundo, suas economias estão andando a passos de tartaruga, enquanto as economias dos países emergentes estão crescendo com força, analisa.

Em função desse cenário, observa o economista, o Banco Central na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) promoveu redução de 0,5% na taxa de juros e sinaliza com novos cortes. O Brasil precisa se preparar para a crise internacional em curso, que é o desdobramento da crise financeira de 2008 oriunda dos EUA. É hora de lançar nossa economia e empresas (estatais e privadas) a outro patamar, de tamanho, tecnologia, competitividade e abrangência.

Medidas preconizadas pelo setor financeiro, como subir o juro e dólar fraco, sob o pretexto de combater a inflação, tendem a enfraquecer a economia nacional, contê-la justamente quando ela precisa de impulso, argumenta.

O mesmo raciocínio vale para os empregos. A experiência do Brasil já mostrou que um arrocho muito forte comprime a economia e não ajuda a tirar da crise, ao contrário, a mantém e agrava. Diante deste cenário, o Sindicato dos Metalúrgicos sustenta uma posição avançada e a favor da coletividade, com posição a favor da redução dos juros, dólar compatível com as necessidades nacionais e valorização do trabalho, para formar e fortalecer o mercado interno e não depender tanto de fora.