Israel e Palestina trocam prisioneiros
O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) transferiu para o Egito, nesta terça (18), o soldado israelense Gilad Shalit, depois que Israel começou a trasladar, nesta madrugada, 477 prisioneiros palestinos para as fronteiras com o Egito e a Cisjordânia. "Espero que este acordo seja um progresso para a paz e que não haja mais conflitos armados entre Israel e palestinos", afirmou Shalit, ao ser libertado.
Publicado 18/10/2011 11:44
Em entrevista ao canal egípcio Nile TV – a primeira que concedeu após ser solto nesta terça – o militar se pronunciou a favor de que os milhares de palestinos, presos sob severas condições em Israel, tenham a mesma sorte que ele. O acordo entre Israel e o Hamas, intermediado pelo Egito, prevê que 1.027 palestinos sejam libertados em troca de Shalit.
"Gostaria que os outros prisioneiros palestinos sejam libertados, mas que não voltem a combater Israel, que continuem o processo de paz, para que não existam mais guerras", afitmou Shalit, após destacar que as autoridades do Hamas o trataram bem.
Um comboio de ônibus com os prisioneiros palestinos liberados chegava à passagem de fronteira de Rafah, ao mesmo tempo que a televisão egípcia exibia as primeira imagens do soldado Shalit.
O israelense atestou estar bem de saúde, após cinco anos de cativeiro, e agradeceu a todos os que lutaram pela sua libertação, da qual teve conhecimento há cerca de uma semana.
"Peço que os prisioneiros palestinos não retornem à luta armada", disse o soldado de 25 anos ante as câmeras da televisão egípcia, em instalações na fronteira com a Faixa de Gaza.
Capturado em 25 de junho de 2006 por um comando dos Comitês de Resistência Popular, durante uma operação na fronteira entre Gaza e Israel, o soldado disse que sempre achou "que esse dia poderia chegar, mas que poderia demorar muito mais tempo".
Palestinos
Na Cisjordânia e em Gaza, milhares de palestinos se reuniram para receber os conterrâneos liberados, alguns deles após décadas detidos em penitenciárias israelenses.
Rojões, buzinas e jovens acenando bandeiras em cima de carros fizeram barulho na cidade de Gaza, enquanto milhares se reuniram na praça central para uma aglomeração massiva. Estavam programados discursos por líderes do Hamas e conhecidos militantes recém libertados na troca.
Em Ramallah, milhares lotaram a sede da Presidência palestina para cumprimentar os prisioneiros libertados para a Cisjordânia. O presidente Mahmoud Abbas e Hassan Yousseff, uma das lideranças do grupo Hamas, realizaram discursos em uma rara demonstração de unidade nacional.
Gaza declarou feriado nacional e as escolas foram fechadas. A rodovia ligada à fronteira com o Egito foi transformada em uma zona militar e interditada. Dezenas de homens aguardavam em comboio para acompanhar os ônibus que transportavam os homens libertados à cidade de Gaza.
"Acho que o acordo representa algo grande para o povo palestino. Aqueles que ainda estão presos estão alegres por aqueles que foram libertados", disse o vice-líder exilado do Hamas, Moussa Abu Marzouk, que cumprimentou os prisioneiros que chegavam de Israel ao Egito.
Na Cisjordânia, centenas de palestinos acenavam bandeiras de partidos palestinos, incluindo do Hamas e do Fatah, liderado por Abbas, se reuniram em um cruzamento onde esperavam que Israel libertaria os prisioneiros
Cerca de 100 dos 477 prisioneiros libertados na primeira fase da troca foram levados à Cisjordânia. O restante estava sendo transportado a Gaza, exceto os 41 que partiriam de avião do Cairo para o exílio na Turquia, Síria e Catar.
Os presos liberados tinham as mãos e os pés algemados. Ao invés dos uniformes de detentos, vestiam roupas civis. Mais de mil policiais foram mobilizados ao longo dos itinerários dos comboios.
O Supremo Tribunal de Israel rejeitou na noite de segunda-feira (17) vários recursos contra a libertação dos presos palestinos.
Representantes do consulado egípcio em Israel acompanharam a saída dos comboios para comprovar a identidade dos prisioneiros, que foram libertados em um acordo sem precedentes alcançado com a mediação do Egito entre Israel e os islamitas palestinos do Hamas.
Fim do cerco a Gaza
O líder do Hamas na Faixa de Gaza, Mahmoud al Zahar, afirmou em entrevista publicada nesta terça que o acordo para a troca de 1.027 prisioneiros palestinos pelo soldado israelense Gilad Shalit inclui o fim do cerco imposto por Israel à Faixa de Gaza.
O cerco, que impõe fortes restrições à vida dos 1,5 milhão de palestinos residentes no território, foi decretado há mais de dez anos, mas se tornou mais rígido após a captura do soldado israelense Gilad Shalit, em junho de 2006.
Na entrevista, concedida ao jornal israelense Haaretz, Al Zahar diz que, além de incluir o fim ao cerco, o acordo firmado entre Israel e o Hamas também prevê o cancelamento das medidas tomadas pelas autoridades israelenses há alguns meses para endurecer as condições dos prisioneiros palestinos em cadeias israelenses.
Com agências