Protesto contra privatização de aeroportos ganha apoio
Os funcionários da Infraero confirmaram a paralisação por 48 horas de três aeroportos – Guarulhos, o de maior tráfego aéreo do país, Brasília e Campinas – a partir da 0h desta quinta-feira (20), em protesto pelo modelo de concessões previsto pelo governo. A mobilização dos aeroportuários tem o apoio de outras entidades do movimento social, que farão uma vigília nos aeroportos na noite desta quarta (19).
Publicado 19/10/2011 16:11
Segundo porta-voz do Sindicato Nacional dos Aeroportuários (Sina) disse à Agência Efe, não há uma previsão do número de trabalhadores que participarão da mobilização, mas a Infraero conta com três mil funcionários nos três aeroportos.
"O que reivindicamos é que a Infraero seja a responsável pela manutenção das operações. Subcontratação é sinônimo de precarização", disse à Efe o porta-voz. Além da perda da soberania nacional, a privatização acarretaria precarização dos serviços e da segurança dos passageiros, afirma o presidente do Sindicato Nacional dos Aeroportuários, Francisco Lemos.
"Em outros países isso já foi passado para iniciativa privada. Nestes locais há uma precarização muito grande e isso coloca em risco o voo. Ou seja, a possibilidade de aumentar os acidentes aéreos é muito grande", disse.
Segundo Lemos, o interesse central de um aeroporto privatizado passa a ser o lucro de seus empresários, que entre outras coisas geraria a exclusão das classes populares deste tipo de serviço.
"O empresariado, para quem o governo quer entregar os aeroportos, tem um conceito chamado de ‘aeroshopping’. E o ‘aeroshopping’ tem um tipo de atividade comercial nos aeroportos que não é voltado para as classes C e D, e sim para as classes A e B. Evidentemente, o que vai acontecer é a segregação social dentro dos terminais aéreos do Brasil", previu.
A greve foi convocada como protesto contra o modelo de concessões que prevê a transferência para empresas privadas tarefas de operação, carga, navegação aérea, controle de tarifas, manutenção e engenharia especializada.
Em comunicado, a Sina detalhou que o modelo defendido pelo governo amplia a vunerabilidade da segurança operacional e de voo. Segundo o sindidicato, esse é o motivo pelo qual 85% dos aeroportos mundiais pertencem ao poder público.
"As autoridades responsáveis pelo processo da concessão insistem em entregar atividades aeroportuárias que exigem precisão a quem não tem experiência no assunto. Decidiram que os 38 anos de experiência da Infraero na área podem ser terceirizados e, portanto, precarizados a partir do leilão dos aeroportos", diz o site da Sina.
Além disso, o sindicato afirma que "os interessados na concessão estão de olho no poder aquisitivo dos passageiros das classes A e B que circulam nos aeroportos, restando para os das classes C e D – que abandonaram as cansativas viagens de ônibus – a discriminação e até mesmo o retorno às estações rodoviárias".
Apoio dos movimentos sociais
No mesmo dia e locais da paralisação dos aeroportuários, ocorre uma vigília de movimentos sociais, sindicatos e organizações políticas contra a privatização. Os atos políticos acontecem a partir desta quarta-feira (19), às 21h, nos mesmos aeroportos que aderiram à paralisação.
“Não podemos deixar que um setor com tal magnitude estratégica seja entregue à iniciativa privada, ameaçando a soberania do país. Sabemos os males que acompanham os processos de privatização, que vão desde a elevação dos custos aos consumidores até a precarização do trabalho e a diminuição da segurança nos voos. Além do mais, não podemos deixar que o governo volte às eras das privatizações, como foi nos anos 1990”, afirma João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do MST, em nota da entidade.
No texto, o MST diz ainda que apoia a paralisação dos aeroportuários.
Com agências