Movimentos reunem-se na Colômbia para discutir soberania e terra
Procedentes de diferentes regiões da Colômbia cerca de 15 mil indígenas, camponeses, afro-descendentes, estudantes, organizações sindicais e sociais reuniram-se durante quatro dias em Cali, capital do departamento do Valle del Cauca, para debater sobre a terra.
Publicado 21/10/2011 14:06
Ali, reunidos na Universidade del Valle, teve lugar o primeiro Congresso Nacional de Terras, Territórios e Soberanias, cujas deliberações versaram, principalmente, sobre a propriedade da terra num país onde 52% são controlados por 1,5% da população.
Por outra parte, deve-se recordar que nos últimos 13 anos cerca de 6,5 milhões de hectares foram desapropriados por meio da violência, com o deslocamento forçado de mais de quatro milhões de pessoas, o que disparou o índice de pobreza, que abrange quase a metade da população na Colômbia, isto é, mais de 20 milhões de pessoas dos cerca de 46 milhões que habitam o país.
Durante o fórum, os debates giraram em torno de vários eixos temáticos como a economia extrativa, águas, identidade e culturas; economia camponesa, territórios urbanos, e guerra e conflito armado.
Todos estes temas foram analisados e abordados durante o transcurso do evento, na perspectiva de construir uma nova Colômbia e resolver um dos temas mais urgentes na nação sul-americana: a terra.
Dessa maneira, os diversos setores da sociedade colombiana representados no fórum concordaram com a necessidade de defende-la e conservá-la, sobre a base de uma construção coletiva e diante das políticas neoliberais impulsionadas pelo Governo.
Uma das conclusões do encontro é que as soluções para superar a problemática da terra e do território não competem somente aos camponeses e indígenas.
As soluções devem partir de um consenso no qual se envolvam todos os outros setores sociais afetados e interessados em resolver tal problemática, segundo a opinião deles.
Daí a importância de um evento deste tipo, pela diversidade de pontos de vista, e de formas e ações que confluíram num mesmo espaço.
Por sua vez, durante o evento escutaram-se graves denúncias sobre violações dos direitos humanos, invasões territoriais e o assassinato seletivo de líderes e comuneros, motivos mais que suficientes para abordar um congresso desta magnitude, de acordo com seus promotores.
Na opinião deles é em tais espaços onde se demonstra a importância de que os povos decidam como viver, se organizar e atuar sobre seu próprio território.
Talvez um dos frutos mais significativos deste encontro foi o chamado a consolidar a unidade do movimento e as organizações populares para cuidar da Mãe Terra, defender os territórios e consolidar a soberania popular.
Assim, as organizações participantes no Congresso afirmaram que realizarão as ações que lhes correspondam para atingir estes objetivos, ao mesmo tempo em que se constrói um caminho para a solução política e negociada do conflito social e armado que vive o país.
Com informações da Prensa Latina