Artigo desmascara denúncias da Veja contra Orlando Silva

O Vermelho reproduz a seguir o artigo publicado no jornal ATarde deste domingo (23/10), no qual o chefe de Gabinete do Ministério do Esporte e militante do PCdoB, Vicente Neto, mostra como são fracas as denúncias apresentadas pela revista Veja, e repercutida pela grande mídia, contra o ministro do Esporte, Orlando Silva.

“Sobre o dinheiro na garagem

A edição da revista Veja desta semana me faz refletir sobre dois julgamentos morais sumários ocorridos em nosso país: Escola Base e Ibsen Pinheiro (ambos em 1994). Na Escola Base seis pessoas foram acusadas de abuso sexual contra crianças. A escola foi depredada e seus donos submetidos ao linchamento da opinião pública. Nada foi provado e a Justiça inocentou os seis acusados. O deputado federal Ibsen Pinheiro foi acusado pela revista Veja de ter montado um esquema para roubar dinheiro público a partir de emendas ao Orçamento da União. Ele teve seus direitos políticos cassados por oito anos pelos colegas de instituição, pressionados pelos "fatos". Foi inocentado pelo Supremo Tribunal Federal. Reiniciou sua vida pública como vereador em Porto Alegre.

Fico nestas duas lembranças para justificar porque a revista Veja merece estas minhas palavras publicadas aqui em A Tarde. Porque a edição da semana passada sustenta uma tese que repercute ainda hoje na sociedade: “O Ministro recebia dinheiro na garagem”. Um Ministro de estado é execrado, por uma “denúncia” sem provas de um policial, à época dirigente de entidade esportiva reconhecida, mas que responde hoje a inúmeros processos. E o que motiva a “denúncia”, todos sabem, é a cobrança que o Ministro do Esporte lhe dirigiu, através dos órgãos responsáveis, para a devolução do que o “denunciante” desviou de dinheiro público, através de um convênio que propôs ao Ministério, para atender jovens carentes do entorno de Brasília.

A acusação de capa da semana passada, “O Ministro recebia dinheiro na garagem” sumiu. Na edição de hoje, já é outra a tese, porque a da semana passada carece de provas. A partir de supostas gravações, a revista admite agora que, “ameaçados”, servidores do Ministério teriam orientado o policial/convenente sobre como “remediar” supostas irregularidades praticadas na execução do objeto pactuado. A reportagem, para dar veracidade ao seu novo argumento, aponta para o governador do DF, ex-Ministro do Esporte, como o que pediu pelo infrator, chamando os servidores do Ministério de “moleques”, com o intuito de pressioná-los a atender de forma diferenciada o interessado. O governador do DF, agora, seria o mentor do conluio, e não mais o atual Ministro do Esporte, Orlando Silva.

Ao admitir que os servidores foram ameaçados, mas suprimindo do texto quais foram as ameaças, em que contexto, omitindo a presença de arma sobre a mesa, VEJA segue em seu propósito de mal informar. Pois a revista recebeu, do Ministério, cópia dos ofícios encaminhados à PM, em 2008 e 2009, que mostram a decisão de reaver o dinheiro mal aplicado pela entidade dirigida pelo policial, o direito de defesa e, por último, a decisão de cobrar definitivamente o que foi desviado. E foi o próprio servidor, agora acusado de favorecer o policial, que assinou o expediente que originou a cobrança do que foi malversado.

A revista sabe, também, que foi feita Tomada de Contas Especial, procedimento administrativo extremo, para dizer ao Tribunal de Contas da União que o convenente aplicou mal (neste caso desviou) recursos de convênios. E foi o Ministro Orlando Silva que assinou, em 2010, este documento enviado ao TCU, denunciando o malfeito, fruto de um processo iniciado em 2005.

E a acusação do "dinheiro na garagem", sumiu? Mas não foi capa da edição passada e norteou uma execração pública? E agora, o que fazer diante da calúnia publicada semana passada e agora negada envergonhadamente, sem qualquer linha tratando do assunto? O Ministro merece uma capa na próxima edição com um pedido de desculpas. Pois é um homem público sério, militante desde cedo por um Brasil mais justo, um baiano que dignifica esta terra. O Brasil é uma democracia e não admite tribunal de exceção.

São sete dias da suposta denúncia e nenhuma prova do dinheiro na garagem. O acusador terá que se explicar na Justiça e na Polícia Federal. Agora, os golpistas "investigam" a vida pessoal do Ministro, esquadrinham convênios e contratos do Ministério, tentam vincular a ação institucional a suposto favorecimento partidário, para desonrar, macular a honra e o trabalho de quem consolidou a política pública de esporte no Brasil. A conquista da Copa FIFA 2014 e dos Jogos Olímpicos Rio 2016 têm a impressão digital deste aguerrido Ministro.

É luta política o que acontece neste momento. Mas o apoio firme da presidenta Dilma Roussef, a unidade do PCdoB (um partido de 90 anos, ao qual pertencemos eu e o Ministro, por opção de vida), a unidade da base do governo, a reação da militância, em especial nas redes sociais, a costura política com amplos setores, já se constituem num legado político para este início de governo. Há uma nítida mudança de atitude dos vários atores desta cena política. E o sinal é positivo.

Vicente neto
Chefe de Gabinete
Ministério do Esporte”