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O jornalista que criou Pinóquio

Em 26 de outubro de 1890, morre em Florença o jornalista e escritor Carlo Collodi, um desconhecido diante do personagem infantil que criou: Pinóquio, o famoso boneco de pau com nariz que crescia quando contava mentira. O filósofo italiano Benedetto Croce ressaltou que “a madeira com a qual Pinóquio foi esculpido é a própria humanidade”.

Por Christiane Marcondes*

Carlo Collodi nasceu Carlo Lorenzini em Florença em novembro de 1826. Quando o movimento pela unificação nacional da Itália ganhou força, Collodi mergulhou na política. Aos 22 anos, tornou-se jornalista, lutando pela independência italiana.

Em 1848 fundou o jornal satírico Il Lampione (O Lampião), que acabou em 1849, fechado pela censura. O periódico seguinte, La Scaramuccia (A Escaramuça), teve mais sorte e em 1860 ele ressuscitou Il Lampione. Collodi escreveu também comédias e editou jornais e revistas.

O escritor abandona então o jornalismo, voltando-se para a fantasia infantil. Depois de traduzir para o italiano os contos de fadas do escritor francês Charles Perrault, passou a escrever suas próprias histórias infantis, inclusive uma série sobre o personagem Giannettino.

O primeiro capítulo de As Aventuras de Pinóquio apareceu em 1881 no Jornal das Crianças, um novo semanário infantil. Tornou-se um sucesso imediato, embora os padres temessem que Pinóquio pudesse encorajar a rebelião. A história descreve um boneco de madeira talhado por um velho marceneiro, Geppetto.

O fato é que Pinóquio é, sem dúvida, a criatura que engoliu o criador: o mais famoso personagem da literatura infantil, conhecido em todo o planeta, poucos são os que efetivamente apontam reconhecer em Collodi o seu criador…

Mais importante: Pinóquio introduz uma teia complexa de questões morais. O personagem deixa de ser boneco quando passa a compreender os sentimentos do outro. E, principalmente, passa a ter senso crítico distinguindo o que é certo do errado, o que é ético do que não é ético.

*Com agências