Prefeita de Ribeirão Preto troca o DEM pelo PSD

A prefeita de Ribeirão Preto – SP, Dárcy Vera, justificou a sua decisão de se filiar ao PSD
pela “falta de coragem do DEM” diante do que chamou de violência doméstica praticada pelo
parceiro agressor, o PSDB.

“Vejo o DEM como uma mulher vítima de violência doméstica que ainda não teve coragem
de agir contra seu agressor” escreveu a prefeita em seu blog. Ex-presidente nacional do DEM
Mulher, Dárcy não tem poupado críticas ao PSDB e ao governo tucano de Geraldo Alckmin.

“Alguns que cercam o governador usam da velha tática dos antigos coronéis privando a cidade
de soluções com o objetivo único e claro de me prejudicar, pensando nas eleições municipais e não na nossa cidade. Tanto é que as minhas reivindicações, quando são atendidas, a solução é divulgada pelos seus aliados, tentando tirar todo o mérito do meu trabalho” escreveu em seu blog, o qual já recebeu mais de 136 mil visitas. Por lá, alfinetou: “Quem sabe agora, no PSD, o governo Alckmin me trate melhor.”

“Os problemas de ACM Neto serão seus aliados e não seus opositores”

A decisão de Dárcy Vera de abandonar o DEM nos últimos dias do prazo eleitoral, pegou
de surpresa a direção nacional daquele partido, onde ela havia sido alçada a membro da
executiva nacional. Amiga e aliada do prefeito paulistano Gilberto Kassab, Dárcy Vera
rebateu as críticas do deputado ACM Neto, que a acusou de trair o DEM. E fez previsões de
muitas dificuldades nas pretensões futuras do neto de Antonio Carlos Magalhães “Admiro a
experiência política e o comprometimento dele com a Bahia. Será candidato a prefeitura de
Salvador e enfrentará mais problemas com os aliados do que com a oposição” disse em carta
pública.

A certeza de Heráclito confirmada no iPhone

Há milhares de anos, o filósofo grego Heráclito conferiu-nos a certeza que "ninguém entrará
no mesmo rio duas vezes". Flagrada quase sempre chacoalhando seu iPhone, na operação
que muda o formato da tela de vertical para horizontal, Dárcy tem operado bem o twitter e
seu blog e não deve dar muita atenção para aquilo que pensava o grego do Heráclito. Mas,
comprovando o profetizado pelo filósofo, a prefeita de Ribeirão Preto repete com insistência
que não quer nem ouvir falar em aproximação com os tucanos. “Ninguém entra no mesmo
rio duas vezes”, afirmou um dos principais articulares políticos da prefeita, mostrando a
disposição de travar um grande embate com tucanos de alta plumagem. Nesta toada, Ribeirão
Preto será o palco do maior enfrentamento entre o PSD e o PSDB.

Pré-candidato a contragosto, líder tucano não se anima a entrar na briga

O PSDB escalou o deputado federal Duarte Nogueira, líder da oposição na Câmara e homem
de confiança do governador paulista, como principal alternativa para a disputa contra o PSD.
Sinceramente grato, mas também humilde ou escaldado, Nogueira não se mostra muito
animado a entrar pela terceira vez na disputa pela prefeitura de Ribeirão Preto. Em duas
eleições, perdeu para Antonio Palocci, hoje um inesperado e bem-vindo de padrinho para
atual prefeita.

Enquanto alguns membros da cúpula do PSD avaliam como “natural” a existência de
tratativas em torno de uma eventual aliança com o PSDB e procuram estabelecer pontos
de convergência e de convivência menos atritada, a prefeita de Ribeirão Preto não dá o
menor sinal de trégua. Na linha do “guerra é guerra” usa sem cerimônia uma metralhadora
de acusações ao governo do Estado de São Paulo e enaltece os avanços e a capacidade do
governo Dilma.

Os ataques de Dárcy ao governo começaram pelo Daesp (Departamento Aeroviário do Estado
de São Paulo). "Se o Daesp não consegue ou não quer olhar para o aeroporto como Riberão
merece, que passe [a administração] à Infraero [órgão federal responsável pelos principais
aeroportos]", disse. Dárcy abriu guerra também contra a Secretaria de Estado da Saúde.
Acusou o governo estadual de intransigente e responsável direto pela greve dos médicos do
Hospital das Clínicas.

No PSD, a prefeita não tem feito questão de disfarçar: gosta do governo Dilma, é grata ao
governo Lula. Como a saúde é um dos problemas mais sentidos pela população, Dárcy ataca

o DRS (Departamento Regional de Saúde) e o Hospital das Clínicas pela falta de vagas nos
hospitais da cidade. "Se alguém aqui tem de falar porque não há vagas, esse alguém é a
regional e o HC. O município solicita a vaga, mas eles não disponibilizam".

A extinção eleitoral do DEM

Com a desfiliação do DEM e a ida para o PSD, a prefeita levou junto toda a cúpula do antigo
partido e os quatro vereadores da legenda.. Junto com a prefeita foram para o PSD os
vereadores Coraucci Netto, Bebé, Marcelo Palinkas e Waldyr Villela. É a primeira vez, desde
que o PFL surgiu, que a legenda (rebatizada de DEM) fica sem representação no legislativo.

Além dos parlamentares, também acompanham a prefeita os secretários Eliezer Guedes
(Comunicação), Marco Antonio dos Santos (Administração), Jamil Albuquerque (Governo),
Maria Sodré (Ação Social), Edmilson Desordo (Esportes), Luchesi Junior (Casa Civil) e Luiz Carlos
de Souza (Sassom) e o presidente da Fundet , Genivaldo Gomes.

Além dos parlamentares, dos secretários municipais, quatro assistentes e toda a cúpula do
DEM na cidade, sobrou perdas até para o PPS na cidade. Tão logo soube da movimentação da
prefeita, o presidente do diretório municipal do PPS também abandonou o barco oposicionista
e buscou um lugar no PSD.

Em entrevista a um jornal local, a prefeita afirmou "Eu deixo de ter a marca de oposição que o
DEM carrega”. Parece que por lá poucos querem essa marca.

Com a debandada de última hora, eleitoralmente, o DEM é hoje uma legenda inviável,
praticamente extinta na cidade, ficando sem chapa para disputar as eleições de 2012.

A executiva nacional do DEM procurou o deputado Duarte Nogueira em busca socorro e
a indicação de nomes para reconstruir provisoriamente o partido na cidade. O tucano até
tentou, mas o estrago já estava feito. O prazo para filiação de possíveis candidatos já havia
passado quando o socorro tucano chegou. Mutilado, eleitoralmente esvaziado, o DEM deixou
de ser a “mulher vítima de violência doméstica que ainda não teve coragem de agir contra seu
agressor” para se tornar um eunuco na disputa eleitoral de 2012.

Djalma Batigalhia, com agências