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China promete US$ 100 bilhões à Europa, mas impõe condições

Segundo consultor do BC chinês, em troca, “não seria irracional solicitar ao menos um pouco mais de compreensão sobre os interesses chineses”

A China pode oferecer ajuda à zona do euro no valor de US$ 100 bilhões, afirmou Li Daokui, consultor do Banco do Povo da China (PBOC, banco central do país) e diretor do Centro para a China na Economia Mundial (CCWE, na sigla em inglês), segundo o jornal francês Le Figaro. "A China está pronta para ajudar a Europa", disse Li, mas o dinheiro não vai sair de graça. Ele acrescentou que duas condições precisam ser atendidas.

Série de garantias

"A primeira é ter certeza de que a Linha de Estabilidade Financeira Europeia (EFSF, na sigla em inglês) será efetiva em ajudar a estabilizar a situação", explicou. A segunda seria a União Europeia oferecer uma série de garantias, afirmou Li ao jornal.

Se essas condições forem atendidas, "uma soma de cerca de US$ 100 bilhões não é inconcebível", disse Li. Perguntado sobre se a China pediu algo em troca de seu apoio, o consultor afirmou que "não seria irracional solicitar ao menos um pouco mais de compreensão sobre os interesses chineses". Entre esses (interesses) destaca-se o reconhecimento do país como economia de mercado, o que eliminaria uma série de restrições comerciais vigentes hoje.

Os líderes dos países do G-20, que inclui a China, estão reunidos em Cannes, na França, para discutir a crise de dívida da zona do euro, entre outros assuntos. Os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) realizaram pela manhã, às 6 horas (de Brasília), um encontro para discutir a ajuda dos emergentes à Europa. A reunião ocorreu antes do início do encontro do G-20.

Grécia

A China apoia os esforços da União Europeia para resolver a crise da dívida na região e está adotando uma ação prática para sustentar os países da UE, incluindo a Grécia, afirmou vice-ministro do Comércio da China, Zhong Shan, num comunicado publicado no site do Ministério do Comércio.

A China aumentará a cooperação marítima com a Grécia, o apoio a companhias chinesas que estão participando em projetos gregos de infraestrutura de construção e de privatização. O governo chinês também elevará as importações da Grécia e planeja atingir um comércio bilateral com o país de US$ 8 bilhões até 2015, disse Zhong.

Segundo o ministro, o funcionário do Partido Comunista Jia Qinglin reiterou, durante uma viagem à Europa, que a China confia que a União Europeia poderá resolver a crise. A viagem de Jia incluiu paradas na Grécia, Holanda e Alemanha.

A possibilidade de ajuda da China despertou o temor de uma “colonização às avessas” da Europa. Vale recordar que foi só no final do século 20 que a Europa levantou os últimos vestígios da sua presença colonial na China, com a saída de Hong Kong e de Macau. A mudança na geografia econômica e na geopolítica mundial é o resultado histórico do desenvolvimento desigual das nações e do crescente parasitismo no interior das potências capitalistas.

Da Redação, com agências