Sem categoria

Maiores bancos privados lucram um milhão todos os dias

Apesar dos resultados do terceiro trimestre serem os piores da última década ao refletirem as perdas com a crise grega, os quatro maiores bancos privados no mercado português – BES, BCP, BPI e Santander – tiveram lucros diários de 1,31 milhões, em média, desde o início do ano. Ao mesmo tempo, cortaram 8,6 mil milhões no financiamento às empresas, ajudando a estrangular a economia.

O ano tem sido de crise na banca, mas não têm faltado os lucros. Embora se contabilize menos 68%, quando comparados aos dos primeiros nove meses de 2010, ainda somam 358,9 milhões. É o Banco Espírito Santo que mais lucrou este ano (137,8 milhões, uma queda de 66%), aproveitando a menor exposição à dívida grega. Segue-se o BPI (101,5 milhões, menos 29,8% que em igual período de 2010), o Santander Totta (60,2 milhões, menos 83%) e o BCP (59,4 milhões, uma queda de 72,7%).

Segundo o Diário Económico, só a crise grega e o crédito de risco tiraram 600 milhões aos lucros da banca este ano. Pela primeira vez em onze anos, três dos maiores bancos – BCP, BES Santander Totta – fecharam o mesmo trimestre com resultados negativos. Segundo os dados compilados pela Bloomberg, o BCP registou prejuízos de 29 milhões de euros, o BES sofreu perdas de 18 milhões de euros e o Santander Totta de 10 milhões.

As contas apresentadas pelos quatro maiores bancos também revelam que este ano eles fizeram um corte no crédito à economia no valor de 9,5 mil milhões de euros, dos quais a esmagadora maioria – 8,6 mil milhões – foi cortada no crédito às empresas, na prática estrangulando a economia nacional. Aqui destacam-se BCP e Santander Totta, com menos 4 mil e 3,56 mil milhões de euros de empréstimos concedidos, respectivamente. Já no crédito à habitação, a diferença é muito menor. BES, BPI e Santander Totta emprestaram menos 535 milhões e o BCP, pelo contrário, emprestou mais 578 milhões para a compra de casa nos nove primeiros meses do ano.

A banca portuguesa está desvalorizada na bolsa e Carlos Santos Ferreira, presidente do BCP, admitiu recorrer à linha de capitalização da troika, passando a integrar o Estado no capital do banco. "Não me incomoda ter o Estado como acionista. Não seria na minha vida a primeira vez que passaria por essa situação, pois tive o Estado na minha vida durante dez anos quando fui administrador da ANA (aeroportos de Portugal)", afirmou Santos Ferreira na apresentação de resultados dos primeiros nove meses do ano, em Lisboa.

Já sobre a atuação da Europa face à crise dos últimos meses, Santos Ferreira não foi tão brando: "Poucas vezes assisti na minha vida a um festival de incompetência tão grande como ao que assisti nós últimos meses dos líderes europeus", disse o banqueiro que dirige o BCP.

Os resultados da Caixa Geral de Depósitos serão conhecidos na apresentação de contas prevista para os próximos dias. No primeiro semestre, o banco público lucrou 83,5 milhões de euros, menos 16,6% do que no mesmo período de 2010.

Fonte: Esquerda.Net