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Crise na Europa e desaceleração mundial atingem siderurgia

O esfriamento da economia mundial a partir do segundo semestre atingiu em cheio o resultado a ArcelorMittal, maior fabricante mundial de aço que é comandada pelo bilionário indiano Lakshmi Mittal. O balanço do terceiro trimestre, divulgado hoje pela companhia que tem sede em Luxemburgo, mostrou queda na receita, no desempenho operacional (medido pelo critério do Ebitda) e no lucro líquido.

Na comparação com o período de abril a junho, a companhia, com forte dependência dos mercados europeu e americano, vendeu menos aço e viu o lucro líquido desabar 57%, para US$ 659 milhões, e o Ebitda quase 30%, para US$ 2,4 bilhões. A receita resisitiu mais: queda de apenas 3,5%.

Diante desse cenário, desde outubro a empresa anunciou fechamento de altos-fornos em Liège, na Bélgica, e paralisou unidades de laminação na Alemanha e Espanha. Não parou por aí: no Brasil, decidiu desacelerar as obras de duplicação da usina de aço longo de João Monelvade (MG) e congelar o projeto de instalação da terceira linha de aço galvanizado da unidade Vega, em São Francisco do Sul (SC). Juntos, têm investimentos de US$ 1,5 bilhão.

Na sua avaliação, a direção da companhia apontou que as incertezas na economia aceleraram nas últimas semanas, impactando os níveis de confiança de seus clientes. Por conta disso, observou, passou a enfrentar neste trimestre pressões sobre vendas e sobre os preços do aço. As cotações do aço no mercado internacional vêm em queda contínua desde o meio do ano. As projeções indicam mais retração até janeiro.

O grupo reforçou seu plano de corte de custos para US$ 4,8 bilhões, anualizado, em 2012, como forma de melhorar seus desempenhos e suportar os efeitos da retração de demanda, da queda de preços e das margens.

O impacto, como indicou, só não foi pior devido aos melhores ganhos na atividade de mineração de ferro e carvão, os dois principais ingredientes do aço. No congelamento de projetos em andamento e em estudos, a direção da ArcelorMittal só poupou aqueles voltados para a área de mineração. O grupo busca ter pelo menos 75% de autossuficiência no minério de ferro.

No mercado europeu, a empresa sofreu 11% de queda nas vendas do terceiro trimestre em comparação ao segundo em aços planos (usados em fabricação de bens duráveis, como automóveis, eletrodomésticos e máquinas e equipamentos).

Já nos aços longos, usado principalmente na construção civil e em obras pesadas, a retração ficou em 3%. na Europa e Américas. O fraco desempenho do mercado das Américas é atribuído à manutenção em níveis elevados dos estoques de aço no Brasil e ao enfraquecimento da demanda.

Com o acirramento da crise soberana na zona do Euro, a previsão de queda no PIB das economias europeia e americana neste ano e em 2012, a desaceleração da China, bem como da atividade industrial no Brasil, tudo indica que o desempenho financeiro do último trimestre, da ArcelorMittal e outras siderúrgicas, virá com números nada interessantes.

No Brasil, o mercado aguarda com expectativas negativas os balanços de Gerdau (um pouco menos) e de Usiminas, previstos para os próximos dias.

Fonte: Ivo Ribeiro, do Valor