Comunistas cearenses homenageiam Gilse Cosenza

A mineira Gilse Cosenza recebeu a Comenda Bergson Gurjão, honraria concedida a “pessoas ou instituições que se empenharam em prol da dignidade humana, do bem estar do povo, da democracia, da liberdade e de um Brasil justo”. A homenagem foi concedida na manhã deste sábado (05/11), durante a abertura da 20ª Conferência Estadual do PCdoB no Ceará. Desde que foi instituída, em 2009, só mulheres receberam a comenda.

Diante do auditório lotado, Gilse Cosenza, comunista responsável pela reorganização do PCdoB no Ceará, recebeu a honraria das mãos de Tânia Gurjão, irmã do guerrilheiro cearense que dá nome à comenda; do advogado Benedito Bizerril, um dos primeiros contatos da mineira no Ceará; e ainda de Carlos Augusto Diógenes (Patinhas), presidente estadual do PCdoB/CE.

Destacando a importância do momento para os cearenses, Joan Edesson, membro do Comitê Estadual, ressaltou que a Comenda Bergson Gurjão é importante medalha comunista “em reconhecimento ao papel de coragem luta e compromisso diuturno com as causas do povo”. Em discurso proferido durante a solenidade, Joan destacou ainda que “a homenageada dirigiu o Partido no Ceará desde a sua chegada em 1975 até o início da década de 1990. Muito do que somos hoje devemos a sua determinação, a sua abnegação, a sua dedicação inconteste ao nosso povo”.

“Comenda é chamamento”

Após receber a homenagem, Gilse destacou que considera a Comenda Bergson Gurjão um “chamamento” para honrar a luta não só do cearense assassinado na Guerrilha do Araguaia, mas de todos aqueles que perderam a vida em defesa de um país mais digno e justo. “Sinto-me homenageada e, ao mesmo tempo, juntamente com vocês, homenageamos o Bergson, jovem lutador que acreditou que era possível e necessário mudar para construir um Brasil soberano. Homenageamos também todos aqueles que deram sua vida e cometeram o crime de acreditar no Brasil”, ressaltou Gilse.

Em seu discurso, a comunista destacou “pequenos passos” dados em nome da democracia do país citando a criação da Comissão Nacional de Anistia, o Memorial da Anistia, a luta pela abertura dos arquivos da Ditadura e recentemente a criação da Comissão da Verdade. “É preciso repor a história do país que tentaram apagar. Precisamos reescrever a trajetória daqueles que perderam a vida lutando por um Brasil melhor para que não sejam considerados terroristas nem assassinos. Precisamos reparar injustiças de forma que seja construída, de fato, a real democracia deste país e garantir que não haja retrocesso na garantia dos direitos humanos”.

Sobre as recentes calúnias sofridas pelo PCdoB, Gilse criticou a maneira como as forças
reacionárias têm tentado atacar o Partido. “As mesmas forças que usavam baionetas durante a Ditadura, continuam presentes tentando nos calar. A diferença é que hoje elas usam um instrumento poderosíssimo: ‘a mentira repetida muitas vezes se torna verdade’. Atualmente, eles não usam a máquina de choque e nem o pau de arara, mas a televisão, o rádio, as revistas e os jornais”, alertou.

“Receber esta homenagem que trás o nome de Bergson nos dá a certeza de que, se naquela época não baixamos a cabeça, não tivemos medo dos instrumentos de tortura nem das armas dos golpistas, agora a nossa luta ainda continua. A Ditadura acabou, mas a democracia deve ser construída e o caminho precisa ser aberto para um país socialista de homens e mulheres livres e iguais”, ratificou.

Gilse complementou afirmando que o PCdoB não deve que recuar na ideia de continuar defendendo a soberania do país e de seu povo. “Não teremos medo das páginas dos jornais nem das revistas que continuam jogando sórdido. Esta mesma imprensa que levou Getulio à morte, à deposição de João Goulart com o argumento que era preciso moralizar o Brasil é a mesma que apresentou Dilma como terrorista e que tentar interromper o avanço das forças progressistas e democráticas de seu Governo, que tenta pisar na honra do PCdoB, com 90 anos de história” alertou.

“A luta que foi de Bergson e de tantos outros continua. Hoje nenhum de nós arriará a bandeira da democracia, da soberania nem dos direitos dos homens. Esta Comenda não é algo do passado, mas é chamamento para que mantenhamos a cabeça erguida e digamos agora como dissemos aos torturadores: vocês podem nos matar, mas não irão nos vencer”, ratificou a mineira.

Gilse saudou os presentes e disse ainda que, mesmo tentando derrubarem o PCdoB, os comunistas seguirão firmes na luta por um país melhor. “Tenho certeza de que na próxima Conferência Estadual teremos ainda mais militantes, representantes da frente de partidos aliados e amigos do que estamos vendo aqui hoje. Acredito que o Brasil vencerá”, concluiu.

De Fortaleza,
Carolina Campos
 
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