Brasil e Venezuela vão ampliar relações, diz Chávez
As relações do Brasil com a Venezuela deverão ser ampliadas do setor comercial para o de indústrias e o econômico em geral. A decisão foi anunciada nesta segunda (7) à noite pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, depois de se reunir com o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota. "Começamos a trabalhar para aumentar a troca. Temos a necessidade de equilibrar a balança comercial. Vamos revisar o conjunto do mapa estratégico", disse Chávez.
Publicado 08/11/2011 11:14

O chanceler brasileiro foi a Caracas para participar da reunião comandada pelo Órgão Superior de Residências, organismo interministerial responsável pelo programa habitacional Gran Misión Vivienda (Grande Missão Casa) – que se baseia na experiência do programa Minha Casa, Minha Vida. Um dos desafios de Chávez é ampliar as oportunidades de moradia na Venezuela.
O Itamaraty informou que o intercâmbio comercial entre Brasil e Venezuela registrou crescimento nos últimos dez anos. No período de 2002 a 2010, o comércio entre os dois países sul-americanos cresceu mais de 227%, elevando de US$ 1,43 bilhão, em 2002, para US$ 4,68 bilhões em 2010.
Nesse mesmo período, as exportações brasileiras passaram de US$ 798,9 milhões para US$ 3,85 bilhões, e as venezuelanas, de US$ 633 milhões para US$ 832,6 milhões. Chávez quer buscar meios de aproximar os dois números, sem prejuízos acentuados para a Venezuela.
O presidente venezuelano deu por encerrada a polêmica em torno do projeto para a construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e destacou "o amor" entre ambos países, que concordaram em avançar em projetos de habitação, agricultura e energia.
Entre Brasil e Venezuela existe amor", declarou Chávez a jornalistas. O presidente venezuelano qualificou de "extraordinária" a reunião com Patriota, e a descreveu como de "irmãos, de companheiros, de amigos".
Consultado sobre a construção da refinaria Abreu e Lima, Chávez disse que acredita no projeto com o Brasil e negou que seu governo deseje construir outro complexo sozinho no país. O líder venezuelano destacou que a refinaria foi "o último" tema abordado durante a reunião com Patriota, e entoou um pequeno verso de uma "velha canção" para ratificar sua confiança.
"Eu tenho fé que tudo mudará (…) eu tenho fé na refinaria de Pernambuco. Eu tenho fé em que resolveremos esses problemas", cantou animado.
Chávez deu assim por concluído o que assinalou no último dia 29 de setembro como o único problema nas relações bilaterais, quando afirmou que havia setores dentro da Petrobras que não estão interessados em cumprir o acordo com a PDVSA sobre a refinaria.
O presidente venezuelano frisou que seu ministro da Energia e Petróleo lhe informou que "os problemas ainda pendentes" devem ser resolvidos antes do dia 30 de novembro. "A refinaria está adiantada. Acho que será inaugurada em breve. A obra não se deteve, está em plena construção", destacou Chávez.
Os Governos de Brasil e Venezuela decidiram construir a refinaria conjunta em 2005, mas, em 2007, a Petrobras decidiu iniciar a construção sozinha porque a PDVSA havia adiado os pagamentos comprometidos.
O projeto prevê um investimento de US$ 15,294 bilhões em uma refinaria com capacidade para processar 230 mil barris diários de petróleo a partir de 2013 e na qual a Petrobras terá 60% e a PDVSA 40%.
Chávez enviou saudações à "companheira" Dilma Rousseff e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, diagnosticado com câncer na laringe, com os quais planeja fazer uma cúpula de líderes que superaram essa doença.
Por sua vez, Patriota também se reuniu com o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, e o ministro da Energia e Petróleo e presidente da estatal PDVSA, Rafael Ramírez.
O líder da Venezuela ressaltou que, durante suas reuniões, Patriota revisou junto aos seus ministros "o mapa estratégico bilateral", assim como projetos conjuntos nas áreas de energia, indústria, agricultura e habitação, nas quais, segundo Chávez, há um conjunto de empresas brasileiras "prontas" para se instalar no país.
"A mensagem que trago da presidente Dilma Rousseff, além de suas saudações ao presidente Chávez para que se recupere o mais breve possível, é de um compromisso do Governo, da nação brasileira, com o desenvolvimento, o progresso e a prosperidade da Venezuela", afirmou Patriota a jornalistas.
O ministro frisou, depois de se reunir com os venezuelanos, que puderam identificar "novos temas" nos quais podem trabalhar para aperfeiçoar a colaboração em matéria de habitação, em alusão a um programa do Governo venezuelano para responder ao déficit de dois milhões de casas que afeta o país.
Patriota acrescentou que o Brasil pode "contribuir para um maior conteúdo industrial" na produção de casas na Venezuela, onde já há várias empresas brasileiras envolvidas no programa governamental.
A presidenta Dilma Rousseff deve ir à Ilha Margarita, na Venezuela, nos dias 3 e 4 de dezembro. Ela vai participar da Cúpula América Latina e Caribe (Celac), que estava prevista para o primeiro semestre deste ano, mas foi adiada por causa do tratamento de combate ao câncer de Chávez.
Com agências