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Quirguistão lança campanha de combate ao rapto de noivas

O rapto de noivas, um hábito cultural que foi sanado durante os anos em que o Quirguistão fazia parte da União Soviética, voltou a ser praticado após a instalação do capitalismo no país, há 20 anos.

Além das mazelas tradicionais ligadas ao capitalismo, como a morte por doenças que haviam sido praticamente extintas durante os anos de socialismo – tifo e tuberculose, entre outras –, a sociedade quirguiz tem de viver hoje com a intolerância religiosa, que levou as mulheres de volta à idade média.

Esta semana teve início no país uma campanha contra o rapto ilícito de noivas. Note-se que nesta antiga república soviética, cada ano, são raptadas cerca de 15 a 16 mulheres a fim de forçá-las a casar-se, alegando à necessidade de seguir as tradições e os costumes nacionais.

O sequestro de noivas é uma prática comum no Quirguistão e Turcomenistão. Quando um homem decide que é hora de casar, escolhe uma mulher, que será sequestrada. O noivo, seus parentes e amigos a levam para a casa da família, onde as mulheres mais velhas tentam convencer a mulher sequestrada a aceitar o casamento. Algumas famílias mantém a mulher refém durante vários dias para fazê-la ceder.

Perante o triste cenário e o número crescente dos casos de rapto de mulheres jovens, uma série de organizações da defesa de direitos humanos lançou apelo às autoridades quirguizes no sentido de tomarem medidas drásticas, para inverter a situação e proteger os direitos da mulher.

A instauração de um governo alinhado com o ocidente, depois de uma "revolução" colorida em 2005, fez com que hábitos culturais mais antigos voltassem a ocupar espaço nos jornais do país. Apesar do país destinar 30% dos assentos no parlamento às mulheres, elas têm perdido espaço graças ao fundamentalismo religioso, que faz com que as famílias não deixem suas filhas frequentar escolas.

O problema é visível na região rural e atinge sobretudo refugiados do Afeganistão, que fugiram para o país após a ocupação americana do vizinho em outubro de 2001.

Com agências