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Processo de regulação de contratos do governo com ONG's é acelerado

Em meio às denúncias de uso indevido de repasses de recursos do governo para ONGs, o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, reconheceu, em entrevista, a aceleração do processo de construção do marco regulatório, que deve estar pronto em 90 dias.

"O governo precisa ter mecanismos de controle. Temos consciência de que nós precisamos ampliar as nossas formas de controle e precisamos também que a sociedade participe desse controle, não apenas o governo", afirmou.

Segundo Carvalho, a presidente Dilma Rousseff deixou muito claro em dois decretos que ela "visava separar o joio do trigo", "deixar clara a seriedade do governo" e que "as organizações sociais sérias não tinham o que temer".

Este marco regulatório, prosseguiu, dará estabilidade para a relação ONG-governo e permitirá que "as entidades que são sérias, evidentemente, trabalhem com tranquilidade". O importante, disse, é que esses mecanismos permitam que governo "tenha clareza e certeza de que o recurso público passado a essas entidades cumpre exatamente a sua finalidade".

Carvalho reconheceu que os decretos assinados por Dilma – que exige que o ministro assine o convênio e se responsabilize por ele e o segundo, que suspendeu por 30 dias os repasses às ONGs – criou um clima ruim com as ONGs sérias, problema que ele acredita que tenha sido superado, agora, com as discussões entre sociedade e governo.

Ele defendeu as boas instituições, ressaltando a importância do trabalho delas, sem o qual muitos projetos de inclusão social não poderiam ser realizados pelo governo.

"Nós estamos com uma postura positiva de valorizar as ONGs e, eu repito, sem elas, nós não cumpriremos a nossa meta de construir de fato uma nação digna, uma nação democrática."

A diretora executiva da Abongs (Associação Brasileira das Organizações Não Governamentais), Vera Masagão, que participou do seminário, voltou a se queixar do tratamento inicial dispensado a todas as ONGs, mas defendeu que se coíba o uso de nome de organizações para fins ilícitos, muitas vezes favorecendo grupos políticos.

"Isso prejudica a confiança da sociedade em si mesma […] Se tem alguém cometendo algum ilícito, este deve ser punido e, para isso, é preciso que existam regras claras e que elas sejam cumpridas."

Ela se queixou que o segundo decreto, que suspendeu os repasses, "considera todos culpados até que se prove ao contrário". Ela disse que a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffman, garantiu, na abertura do encontro, que os recursos serão liberados, a medida que se comprove que a ONG não tem problema, que será a maioria.

"O que nós tememos é a capacidade administrativa que os ministérios terão de avaliar e liberar os recursos. Ficamos extremamente preocupados e esperamos que os gestores tenham bom senso e passem a liberar os convênios para que as entidades não sofram."

Fonte: Agência Estado