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Europeus indignados com demonstração de racismo feita por Blatter

Declarações dadas na última quarta-feira (16) pelo presidente da Fifa, Josepp Blatter, desprezando a importância do racismo no futebol, provocaram uma avalanche de críticas na Europa, fazendo até com que o governo do Reino Unido pedisse a queda do dirigente suíço.

Em entrevistas a redes de televisão como a Al-Jazira e CNN, Blatter afirmou que os insultos racistas proferidos dentro de campo "são solucionados com um apertão de mãos". Os comentários do suíço indignaram atletas e políticos do Reino Unido, um país especialmente sensível ao racismo no esporte.

Atualmente, a Football Association, a federação Inglesa de futebol, investiga por insultos racistas o capitão da seleção nacional e zagueiro do Chelsea, John Terry, e o atacante Luis Suárez, do Liverpool, dois casos que tiveram um grande impacto no mundo esportivo britânico, com tolerância zero para esse tipo de atitude.

O secretário de Estado de Esportes do Reino Unido, Hugh Robertson, considerou que o assunto "é incrivelmente sério" e "faz parte de um padrão de comportamento dele (Blatter)".

Por sua vez, o líder da oposição britânica, o trabalhista Ed Miliband, chamou de "vergonha" os comentários, afirmando que o mundo do futebol precisa de um novo líder.

A indignação dos jogadores foi expressada também pelo presidente da Associação Profissional de Jogadores, Gordon Taylor, que pediu a renúncia do presidente da Fifa, no cargo desde 1998. Em declarações à emissora pública britânica BBC, Taylor disse que, após ver a corrupção do organismo internacional, sente que essa última polêmica "é a gota d'água".

Rio Ferdinand, do Manchester United, tem um irmão, o também defensor Anton Ferdinand, que foi ofendido de forma racista pelo futebolista John Terry no mês passado. Rio usou sua conta no Twitter para criticar Blatter. "Seus comentários sobre racismo são condescendentes e quase irrisórios. Se os torcedores nos insultam das arquibancadas e lhes damos a mão, está tudo bem?", ironizou Ferdinand.

O defensor do United ironizou a atitude da Fifa, que tentou colocar panos quentes na polêmica publicando uma foto em seu site na qual Blatter aparece com o ministro sul-africano Tokyo Sexwale. "A Fifa soluciona os comentários de Blatter com uma foto dele posando com um homem negro", escreveu o zagueiro de 33 anos, indignado.

Outro jogador, o também zagueiro Clarke Carlisle, do Preston North End, da terceira divisão inglesa, advertiu que "as declarações de Blatter têm o perigo de minar anos de trabalho a fim de erradicar o racismo do esporte".

Carlisle, que é embaixador da associação contra o racismo no esporte "Kick it Out" ("Chute isso fora", em livre tradução do inglês), lembrou que foram necessários de 20 a 30 anos para conseguir que houvesse a conscientização que o problema do racismo tem atualmente.

Não é a primeira vez que Blatter faz comentários controversos. Antes, ele gerou polêmica ao brincar sobre a homossexualidade, ilegal no Catar, que será sede da Copa do Mundo de 2022.

O dirigente também foi criticado em 2004 quando, de forma machista, afirmou que as mulheres futebolistas deveriam usar uniformes "mais femininos" que os homens para competir com a atenção gerada pelo futebol masculino, como "calções mais justos".

Com agências